sábado, 2 de novembro de 2019

Capítulo 12 – E ela foi embora... E a depressão chegou... - Livro: O livro do amor para os corações solitários



Livro: O livro do amor para os corações solitários

Capítulo 12 – E ela foi embora... E a depressão chegou...


            Quando 1996 finalmente chegou, os meus laços de amizade com Cindy estavam ainda mais fortes e, praticamente, não conseguíamos viver um sem o outro. Todos os dias, na parte da noite, nos encontrávamos na esquina de casa, para conversar. Sim, todos os dias, sem exceção. Infelizmente, Pam já havia se mudado naquela época e, assim, perdi o contato com minha grande paixão. Mas eu ainda tinha Cindy, até que a mesma teve que se mudar também. Eu era muito dependente dela e ela de mim. Então, para ambos, foi uma situação muito triste. Nessa época, eu havia começado a ouvir a banda Black Sabbath e aquelas suas músicas sombrias estavam de total acordo com meu estado de espírito. Parecia até que eles estavam querendo dizer: “Billy, nós sabemos o que você está sentindo”.
            A falta que Cindy me fazia, juntamente com alguns desentendimentos com velhos amigos e posterior rompimento de laços de amizade com eles (a maioria desses amigos, inclusive, fez parte minha banda) culminaram, por volta de 1998, em uma grande depressão. Comecei a tomar remédios muito fortes, que muitas vezes não faziam o resultado esperado. Pudera, não era só de remédios que eu precisava, e sim de amigos! E também, quem sabe, de um grande amor! Infelizmente, tanto o paradeiro de Ingvill como de Pam, minhas duas grandes paixões, era praticamente desconhecido, naquela época. A depressão é algo muito estranho, com sensações e efeitos colaterais diversos, porém o aspecto mais estranho dessa enfermidade, na minha opinião, é aquela sensação de medo de algo que você nem ao certo sabe o que é. Apesar de toda a dificuldade, eu sabia que eu precisava dar um primeiro passo. Sim, a depressão só pode ser vencida quando decidimos dar o primeiro passo. E assim procedi: decidi sair do meu isolamento e reatar a amizade com os amigos que perdi. E, o mais legal de tudo: conheci Micky, meu vizinho, que se tornou um dos meus melhores amigos e com quem eu montaria uma nova banda, no futuro. Vejam bem: o primeiro passo para sair da depressão, o qual me referi, não é fácil e também não acontece de uma hora para outra. Como procedi? Primeiramente, comecei a pensar na possibilidade de reatar a minha amizade com os amigos e voltar a sair. Sim, comecei a pensar nessa possibilidade e fui amadurecendo a ideia em minha mente. Até que surgiu a oportunidade de realizar o referido procedimento.
            Muitas pessoas dizem, nos dias de hoje, que eu tenho uma grande paz de espírito e uma tolerância que, às vezes, beira a uma espécie de santidade. Porém, confesso que nem sempre fui assim. As coisas realmente mudaram depois da minha depressão, onde comecei a perceber que todas as pessoas são interessantes e tem o seu valor. Valorizar as amizades e procurar ser, também um bom amigo: esse era o segredo da felicidade, sem dúvida. Respeitar as pessoas ao meu redor! É claro que não foi uma mudança da noite para o dia, e sim algo gradativo, que foi acontecendo ao longo dos anos, a partir da época em que saí da depressão. Eu ainda cometeria alguns deslizes como, por exemplo, na noite em que eu e Micky fomos “pegar” Leny (o então baterista da nossa nova banda). Vou explicar melhor a situação.
            Estávamos descontentes com nosso amigo Leny já fazia algum tempo, visto que ele estava faltando muito aos ensaios. Porém, no que se refere ao lance da amizade, ainda saíamos juntos e tínhamos um bom relacionamento. Então, o que aconteceu? Em uma determinada ocasião, Micky e Leny combinaram de sair com duas lindas garotas. O encontro foi muito legal, eles ficaram com as meninas e Micky acabou se apaixonando pela sua nova garota (a qual não me recordo o nome agora). Leny então disse para Micky que, como ele havia gostado do encontro, eles poderiam combinar outras oportunidades de saírem com as duas meninas. Porém, isso não aconteceu. E, pior: Micky descobriu que Leny estava saindo com a sua garota, justamente a garota que ele amava. Micky era um cara sensato, apesar de rebelde. E a rebeldia acabou superando a sua sensatez, naquele difícil momento. Assim, certa noite, Micky me chamou no portão de casa e explicou toda a situação, aquela grande “mancada” que Leny havia aprontado com ele. E desconfiava de que, naquele exato momento, Leny estivesse ficando com a menina, no final da avenida Jânio Quadros, que ainda estava em construção (a referida avenida acabou se chamando avenida Moussa Tobias, anos mais tarde). Como eu também estava “fulo da vida” com Leny por causa de sua falta de comprometimento como baterista da banda, aceitei sem hesitar o convite que Micky me fez: pegar Leny no flagra com a sua garota. Então, nos dirigimos para a avenida Jânio Quadros. No caminho, perguntei para Micky se iríamos pegar o Leny de “porrada”. Micky disse que, primeiramente, deveríamos verificar toda a situação durante o flagrante e, só posteriormente, decidir a melhor atitude a ser tomada. Para sorte de Leny, naquela noite, ele não estava na avenida Jânio Quadros com a menina. No entanto, passado alguns dias, eu e Micky o expulsamos da banda. Leny ficou possesso e demorou um tempo para reatarmos a amizade novamente. Pegar Leny de porrada: uma atitude que eu jamais tomaria nos dias de hoje. Mas éramos muito “selvagens” naquela época, então essa hipótese, para nós, seria algo corriqueiro. Hoje, fico muito feliz de não encontrarmos Leny naquela noite e não agredir o mesmo. Como eu já disse, atualmente sou totalmente contra a violência.
            Aos poucos, para a minha felicidade, o meu contato com Cindy foi se tornando mais frequente. Além disso, ela começou a se enturmar com a minha nova “gangue” e, por causa de sua beleza, acabou chamando muito a atenção dos meus amigos. Confesso que eu sentia muito ciúmes de Cindy por causa disso e, em contrapartida, meus amigos também ficavam muito enciumados ao notarem que Cindy tinha um carinho todo especial por mim. Então, em determinada ocasião, Cindy e eu combinamos de fazer uma visita para Pam. Fiquei um pouco ansioso com essa visita pois, afinal, eu estaria reencontrando um dos grandes amores de minha vida mais uma vez. Mas tudo correu bem: Cindy e eu fomos buscar Pam em seu trabalho, com o meu carro e, depois, nos dirigimos até a sua residência, onde fomos muito bem recebidos pelos seus familiares. Algum tempo depois, já em 1999, organizamos uma festa de meu aniversário, onde pude reunir os velhos amigos novamente. E Pam também compareceu! Na ocasião, sempre muito carinhosa, Pam me disse que não conseguiu me comprar um presente, já que estava sem dinheiro. Porém, ela havia me comprado um cartão e escrito uma mensagem. Na minha opinião, um cartão com uma mensagem de Pam, meu grande amor, era muito melhor do que qualquer presente do mundo. No entanto, não consegui entender o que ela havia me escrito. Não por causa da caligrafia, mas sim pela maneira como ela expressou aquela mensagem com suas próprias palavras. Só fui compreender o que ela havia me escrito muitos anos depois. Mas isso vai ser explicado ao seu devido tempo.
            Percebam que o fato de Pam me escrever uma mensagem no cartão foi algo espontâneo, que partiu dela, ou seja, um procedimento totalmente correto. Por esse motivo que eu não participo de “correntes” na internet. Estou me referindo àquelas “correntes” de mensagem, do tipo: “Se você gostou, mande para 10 pessoas e, se você gosta de mim, me mande novamente a mensagem”. Muita gente já ficou chateada comigo, por eu não mandar a mensagem de volta. Mas, pensem bem: você vai mandar uma mensagem para seu amigo porque ele pediu para você? Qual o sentido desse procedimento? Se eu quero homenagear um amigo com uma mensagem, essa atitude deve partir de minha pessoa, em um ato espontâneo, e não porque o mesmo me solicitou. Eu fico até feliz quando alguém se lembra de mim e me manda uma mensagem desse tipo, porém eu não mando de volta e, tampouco, mando para 10 pessoas (afinal, tenho muitos amigos e escolher só 10 seria muito injusto). E outra coisa: vamos supor que eu resolva entrar na brincadeira e mande a mensagem para 10 amigos, sendo que os mesmos, por sua vez, também entrem na “jogada” (ou seja, mandem a mensagem de volta para mim e escolham mais 10 amigos para enviar também). Quer dizer, eu vou receber a mesmíssima mensagem 10 vezes! Isso é muito chato! E, na maioria das vezes, são aquelas mensagens de sempre, clichês, do tipo “Você tem que acreditar em você” ou “Você tem que ouvir o seu coração”. Mensagens prontas, com uma imagem bonita ao fundo e sem nenhum conteúdo relevante. Confesso que prefiro muito mais quando a pessoa me elabora uma mensagem pessoal, ao invés de pegar algo pronto e totalmente clichê para me enviar. É esse, inclusive, um dos grandes objetivos do presente livro: se eu for falar sobre depressão (como fiz no presente capítulo), que seja alguma coisa diferente e significativa, não apenas o básico, aquele tipo de coisa que todo mundo já sabe. Nada de clichês! E, o mais importante, tratar cada assunto com sinceridade. E sem essa de dizer que “eu não sou grosso, eu sou sincero”. Isso é desculpa, uma verdadeira conversa fiada! Sinceridade não tem nada a ver com grosseria: sim, é possível você ser sincero com educação. Como estou fazendo aqui, ao escrever essas palavras. Enfim, gostaria que vocês não ficassem tristes comigo por eu não reenviar as mensagens pertencentes às correntes. Como eu disse, eu fico muito honrado por ter sido lembrado no envio das referidas mensagens (e são pessoas muitos especiais que me mandam, pode ter certeza). Porém, a partir dos meus princípios, não me sinto a vontade em reenviar.

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