Capítulo
14 – Não me toque!
Mais ou menos na metade do ano de
2003, Dezones e Ralph, meus amigos de cursinho, resolveram mudar de classe.
Achavam que a classe estava muito indisciplinada e queriam conhecer novos ares.
Eu relutei um pouco em mudar, visto que eu gostava muito do pessoal que, por
incrível que pareça, eram meus antigos Bullies (conforme expliquei no capítulo
anterior). Por fim, acabei mudando de classe também, onde conheci uma outra
turma de amigos muito especial, amizade que dura até os dias de hoje.
Logo nos primeiros dias, uma garota
chamada Jenny, a qual Dezones começou a fazer amizade, chamou a minha atenção.
Era hora do término das aulas, Jenny deu um beijo de despedida em Dezones e me
perguntou se eu queria um beijo também. Claro que eu aceitei! Dezones,
posteriormente, comentou que Jenny disse a ele que ela havia me achado muito
simpático. Assim, com todas essas vantagens ao meu favor, comecei a me
aproximar de Jenny e acabei me apaixonando por ela. Achei que estaria nascendo,
ali, um grande amor. Infelizmente, as coisas não ocorreram da maneira que eu
estava imaginando.
O beijo que Jenny me deu, que acabei
de relatar, me deu uma falsa ilusão de que ela era uma pessoa muito carinhosa,
assim como Pam. Mas ela não era, nem um pouco! Nem mesmo algumas “cantadas” um
pouco mais ousadas, sem faltar com o respeito (o que eu acho algo muito
saudável e imprescindível para o desenrolar de um relacionamento), Jenny não
gostava. Aliás, era muito difícil achar algo que Jenny realmente gostasse. A
impressão que eu tinha era que ela não gostava de nada. Nada mesmo! Até que um
dia Jenny me disse que gostava da música “Soldier of love”, gravada pela banda
Pearl Jam. Eu nunca gostei muito da banda, mas eu conhecia a música, pois os
Beatles também chegaram a tocar a mesma (ao vivo na rádio BBC). Então, naquela
mesma noite, tive uma ideia: vou tirar “Soldier of love”, levar o violão na
escola e tocar a canção para Jenny. Seria algo muito romântico, sem dúvida
nenhuma. Assim, chegando em casa tarde como sempre (após 23h00), resolvi tirar
a música no violão. Deu trabalho, fui dormir tarde por causa disso. Algo muito
ruim, pois eu teria que acordar cedo no dia seguinte, para trabalhar.
No dia seguinte (ou melhor, na noite
seguinte), cheguei todo “animadão” na escola, com o meu violão, achando que
iria arrasar e, finalmente, conquistar Jenny de uma vez por todas. E nada de
Jenny aparecer. Procura daqui, procura dali e finalmente resolvi perguntar para
uma amiga minha o paradeiro da minha amada. “Jenny não vai vir hoje”, foi a
terrível resposta! Meu Deus! Me senti a pessoa mais desgraçada da face da
Terra! Confesso que, o que mais me incomodou, mais do que a falta de Jenny, foi
o fato de eu ter ficado até tarde da noite, ensaiando a música! Todo o meu
esforço foi em vão! Aquilo era inacreditável!
Devo confessar que, de todas as
minhas paixões, Jenny foi a que menos me deixou saudade. Foi a que me causou
maior sofrimento, ansiedade e até mesmo um pequeno início de depressão. Porém,
preciso deixar muito claro que estou me referindo ao campo dos relacionamentos,
pois Jenny jamais falhou comigo como amiga. Uma garota maravilhosa, que tinha
muita consideração por mim e que, muitas vezes, escrevia nos meus cadernos, às
escondidas, coisas muito bonitas em minha homenagem. Talvez Jenny até mesmo
sentisse alguma atração por mim, porém não conseguia se exprimir, por causa da
sua forte personalidade. E, não posso deixar de admitir que, por mais que eu
tentasse, eu deveria realmente ser um pouco mais ousado na minha aproximação
com Jenny. Lutar verdadeiramente pelo meu amor! Luta que não teve necessidade
com Pam, onde tudo aconteceu de maneira muito fácil, sem um esforço
considerável de minha parte. Talvez Pam, de maneira inocente, tenha me deixado um
pouco mal acostumado...
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