domingo, 11 de dezembro de 2011

Capítulo 12 – A personagem que deveria estar no inferno (e não no meu livro) - Livro: "A Era do 'Make in Touch' - Os anos Unesp sem censura"


Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"
 
Capítulo 12 – A personagem que deveria estar no inferno (e não no meu livro)



          Publicar ou não publicar? Eis a questão, que surge quando eu penso no primeiro livro que escrevi, chamado “Cicatrizar e Recomeçar”. É um livro que eu adoro, mas a ideia de divulgá-lo (seja no blog, seja para os amigos) me causa calafrios. “Cicatrizar e Recomeçar” contém um relato que abrange a época entre 1982 e 2005 (ou seja, os fatos apresentados no presente livro, “A era do Make In Touch”, podem ser encaixados logo após “Cicatrizar e Recomeçar”; resumindo, um é continuação do outro). Mas, qual o motivo de todo esse receio? O que o livro apresenta “de errado”? Na verdade, não apresenta “nada de errado” (e é justamente esse o motivo do referido receio). Vou explicar melhor...

          Certa vez, no segundo ano de faculdade (cujo relato está próximo, levando em consideração a cronologia do presente livro), o nosso professor de semiótica (Joe Vincent) disse algo muito interessante, “mais ou menos” com essas palavras: “Eu não reprovo nenhum aluno. Na verdade, o aluno que se reprova. Se ele falta à aula, eu apenas marco a falta dele em meu relatório. Se eu peço algum trabalho, eu apenas registro, em meu relatório, se ele entregou ou não o que eu pedi. No final do semestre, eu analiso todas essas informações e verifico se o aluno passou ou não”. Pois bem: aí está explicado todo o processo que eu utilizei para escrever “Cicatrizar e Recomeçar”. Ou seja, eu apenas relatei o que aconteceu: se alguém se portou mal (ou me prejudicou de alguma maneira, me deixando magoado), eu apenas relatei o que essa pessoa fez. Se alguém me dissesse “Ah, mas veja bem, você não poderia ter registrado isso publicamente, você expôs o que eu fiz para você no passado”, eu poderia responder “E você não deveria ter feito o que fez, me prejudicando; foi você quem escreveu a sua própria história; eu sou um escritor, e toda a “matéria prima” do que eu escrevo estão nos acontecimentos do meu passado; assim, todas as coisas (boas ou ruins) que você me fez agora me pertencem”. Dessa maneira, eu não deveria ter o menor receio de escrever sobre os referidos assuntos, já que todos eles formam a história da minha vida. Mas, confesso, como disse anteriormente, que eu realmente tenho o referido receio, justamente pelo fato das pessoas acharem que eu relatei tudo apenas por vingança ou para denegrir a imagem das mesmas. E o pior: boa parte dos meus personagens (até os que me fizeram mal no passado), hoje são meus amigos (mesmo os que sejam amigos apenas “via facebook” ou “orkut”). Ou seja, não restou nenhuma mágoa de minha parte em relação aos mesmos: os meus relatos em “Cicatrizar e Recomeçar” estão presentes apenas por ter sido interessantes, e não possuem a intenção de prejudicar ninguém (e nem poderia, já que o nome dos personagens estão todos ocultos, por meio de pseudônimos).

        No processo de escrita do meu livro “Diários de Billy Winston” (e, agora, que escrevo “A era do Make in Touch”) percebi que os meus relatos pareciam estar mais amenos e maleáveis em relação aos personagens, e atribuí esse fato à minha maturidade, à minha visão de mundo (mais realista) e à minha crescente admiração pelo ser humano (e pelo seu criador, Deus). Depois de um tempo, pensando melhor, concluí que não apenas eu me tornei uma pessoa mais amena, mas os meus amigos também: todos, da mesma maneira que aconteceu comigo, tiveram um crescimento espiritual e intelectual muito grande. Então, consequentemente, os relatos dos acontecimentos também ficaram bem mais leves e agradáveis, diferentes de todo o drama psicológico presente em “Cicatrizar e Recomeçar”. Mas existem algumas exceções... Pois bem, o amigo leitor, agora, tem em mãos (ou melhor, na tela de seu computador) o capítulo que está mais próximo do estilo de “Cicatrizar e Recomeçar”, fato que pôde ser confirmado a partir da leitura do próprio título (“Ai, que medo, quem será a personagem que deveria estar no inferno?”).
        Estávamos no final do segundo semestre, tudo estava correndo muito bem, nossa classe estava cada vez mais unida (os grupos existiam apenas por afinidade entre as pessoas, mas “todos eram amigos de todos”). No entanto, essa “personagem” se “adentrou” justamente ao meu grupo de amigos mais queridos, e causou uma divisão, uma espécie de ruptura, que jamais pôde ser “restaurada”. “Quem é essa personagem, meu Deus, fale logo, estou morrendo de curiosidade”. Então lá vai: é uma personagem velha, que também fez parte dos meus outros livros citados, que atende pelo nome de “panelinha” (“Ufaaaaaaaaaaaaaaaaa, que alívio!”). Se assustaram, achando que era alguém em especial, que estava estudando em nossa classe? Na verdade, eu não poderia culpar ninguém pelo que aconteceu, então culpei esse “processo de isolar certas pessoas” e formar grupinhos, cujo nome popular é “panelinha”. Esse “processo” é muito popular, e parece surgir de tempos em tempos, como uma espécie de “estraga prazeres”, pronto para destruir amizades lindas e significativas. Pode ser que tenha existido algum “personagem” que tenha sido o “pioneiro” em “disseminar” o movimento da “panelinha” em meu grupo de amigos de classe, mas até hoje eu tenho as minhas dúvidas quando penso em responsabilizar alguém pelo acontecido. Prefiro acreditar (ao invés de acusar alguém) que a “panelinha”, como referi anteriormente, é esse procedimento horrível que atinge os grupos de amigos, de tempos em tempos. Para entender melhor, vocês terão a chance de ler um trechinho de “Cicatrizar e Recomeçar”, onde eu relato o que eu acho das “panelinhas”. Aqui está ele:


       “Como eu disse, Jordy tinha alguns amigos que eram prioridade para ele: Bad Landon, Walter, John Paul e agora o Ferdinand também (irmão mais novo de Turky). Quando ele marcava algum esquema, sair para algum lugar, coisa e tal, ‘tinham’ que ir somente essas pessoas e mais ninguém. Nunca entendi a razão disso. Por volta de 1993 e 1994, quando eu, Lang, Adam Ball e o resto do pessoal íamos para o Shopping, quanto mais amigos a gente conseguisse reunir para o evento, melhor. Maior seria a diversão. Não fazíamos nenhuma maldita exclusão, como Jordy fazia. E, como eu disse anteriormente, com o tempo ele foi excluindo até o seu irmão, o Mick. Mick me contou de uma ocasião em que eles iriam para algum lugar, uma cidadezinha por perto e o carro já estava cheio. Na última hora, Bad Landon resolveu ir. Jordy simplesmente chegou para Mick e disse: ‘Olha, você não vai poder ir mais. O Bad Landon vai no seu lugar’.”



     Que coisa, não? Pois é, algo semelhante ao desprezo de Jordy pelo seu irmão Mick aconteceu comigo, nesse período da faculdade (quando o movimento “panelinha” já estava disseminado). John havia combinado algum evento com o pessoal (não me lembro ao certo o que foi, mas com certeza deve ter sido algo muito divertido (sempre era)) e eu, ainda sem saber do movimento “panelinha”, fui todo “animadão” convidar justamente as pessoas que haviam se afastado do nosso grupo. Fui recebido da maneira mais fria que se pode imaginar: ninguém ao menos respondeu se aceitaria o convite ou não, todos me olharam seriamente e apenas resmungaram alguma coisa. Se fosse qualquer pessoa, talvez eu não ficaria tão arrasado. Mas ali estavam as pessoas que eu considerava, que eu adorava, que para mim eram “modelos perfeitos de amizade”. Maldita “panelinha”! A última reunião da “turma completa e realmente unida” (ainda sem as “panelinhas”) ocorreu em fevereiro de 2006, onde foram registradas lindas fotos. Foi um churrasco na república onde Líria morava, na época. Na capinha do “Cd”, onde tenho as fotos gravadas, escrevi o título “Churrasco ‘Nós éramos uma turma linda’”. E éramos mesmo, podem ter certeza. Depois disso, até o final do curso, aconteceram algumas reuniões com a referida turma, mas já não era a mesma coisa. Uma pena!

       E qual o motivo da “personagem” (ou melhor, do “sentimento” chamado “panelinha”), “dever estar no inferno” (conforme diz o título do capítulo)? Escolhi o referido título ao me lembrar do último disco do Raul Seixas (juntamente com o Marcelo Nova), cujo nome é “A Panela do Diabo”. Devia ser essa “panelinha” que o Raul e o Marcelo estavam se referindo, não é mesmo?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Capítulo 11 – Branca de Neve e os sete anões canibais - Livro: "A Era do 'Make in Touch' - Os anos Unesp sem censura"

Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"

Capítulo 11 – Branca de Neve e os sete anões canibais


            “Que título mais estranho!”: tenho certeza que muitos devem ter pensado. Na verdade, esse título nem foi criado por mim. Ele pertence a um livro do gênero “terror infantil”, segundo as palavras de um dos seus autores, ou melhor, segundo as palavras do meu velho amigo Landon. Os outros amigos, que também são autores da obra: Maggie (personagem do meu livro “Diários de Billy Winston”, “Jimball Bilangs” e “Cicatrizar e Recomeçar”), Ann Call e Skat (também personagem dos livros citados). A estória, até onde eu sei, narra as aventuras (na verdade, as desventuras) de uma “Branca de Neve” diferente, que só se dá mal (por exemplo, em determinado ponto da narrativa, a coitada tem um dos seus braços comidos por um dos anões e, no final da estória, se não me engano, ela termina tetraplégica). “Credo! Que horror! De onde vocês tiram essas idéias?”: foi o que a professora escreveu quando deu o seu visto, no final do trabalho (era um trabalho de língua portuguesa, da oitava série, realizado em 1990, onde cada grupo deveria escrever o seu livro; ah, e naquele tempo, a palavra “ideia” tinha acento, por isso eu mantive o mesmo no parecer da professora). Na verdade, boa parte das ideias saíram da mente de Skat (um gênio na arte da morbidez, diga-se de passagem). O livro, realmente, era muito superior se comparado aos outros livros escritos naquele período (inclusive ao do meu grupo (composto por mim, Adrian e Rod), que contava uma inocente “estórinha” de alguns irmãos que se perderam em uma caverna). Os outros grupos (também composto por personagens dos meus livros já citados) escreveram alguma estórias interessantes: o de Casey, pelo que me lembro, escreveu uma estória de guerra; o grupo de Robert escreveu “O menino que queria ir à lua” (mas o foguete explodiu no final); o grupo de Flower escreveu uma estória romântica, e por aí vai. Infelizmente, não tive a chance de ler algum desses livros mencionados. Mas, pelo menos, o da “Branca de Neve e os sete anões canibais” eu consegui ler algumas páginas iniciais e pude reparar como era bom (Maggie não deixou eu ler o resto, queria fazer uma espécie de surpresa para classe ou alguma coisa do tipo). Mas, por que estou mencionando esse fato, que parece não ter nada a ver com a nossa narrativa habitual? Na verdade, até que tem um pouco a ver: tudo o que conquistamos nesse mundo quase nunca acontece de maneira fácil. Ou seja, é a custa de muito sofrimento (por isso me lembrei dessa “Branca de Neve”, citada anteriormente; no entanto, como não li a estória até o fim, não sei se ela conquistou alguma coisa significativa no final). E passar no vestibular, em uma Universidade Pública (no caso, a Unesp), não foi tarefa fácil para mim, que passei três anos estudando como um louco (nos finais de semana e nas horas de almoço no trabalho), sacrificando praticamente todos os meus raros momentos de lazer. Quer prova maior de responsabilidade? Existe mais alguma coisa a ser provada?
            Retornando: conforme eu havia dito no capítulo anterior, já estávamos no segundo semestre do primeiro ano. Uma mudança aconteceu nesse período: eu deixei de ser o “rei das caronas”, pelo fato da gasolina estar “pesando” muito em meu orçamento e, assim, percebi que o ônibus (ou melhor, o vale transporte) era muito mais econômico. Apesar de ter conhecido muitas pessoas interessantes durante as caronas (inclusive, o oriental Armand, que foi quem me falou, pela primeira vez, do livro “On the Road” e de seu autor, “Jack Keroauc”), a experiência de andar de ônibus aumentou ainda mais esse número de novos conhecidos (eu não tinha ideia de como eu era comunicativo (tirando o lance dos seminários, que eu ainda morria de medo)). Mas, ainda assim, eu tinha saudade das caronas: era muito divertido, quando o carro já estava lotado, ver Marky segurando uma enorme faixa com os dizeres “lotado”; ou as meninas (de jornalismo, eu acho) que, ao avistarem meu carro vindo de longe, já começavam a vibrar (pois sabiam que eu pararia para apanhá-las); ou David que (próximo aos radares de trânsito, à noite) colocava uma máquina fotográfica para fora da janela do carro e disparava o flash (“Hãm, veja bem Billy, é para assustar os outros motoristas, para eles acharem que o radar pegou eles fora da velocidade permitida, enfim...”). Para não “perder tantos pontos” no quesito “rei das caronas”, comecei a “dar caronas de ônibus” para meus amigos, quando sobravam alguns passes que eu recebia de vale transporte (uma vez ou outra eu ainda utilizava meu carro e, por causa desse fato, ainda era possível economizar os referidos passes).
            Mas, e “Branca de Neve e os sete anões canibais”? Será que eu ainda terei a chance de ler esse livro na íntegra? Skat e seu grupo mostrou que a criatividade pode até mesmo vir de coisas “mórbidas” (confesso que não é o meu gênero preferido, mas admito que, ainda assim, é possível produzir coisas boas a partir do mesmo; a prova está no próprio livro de Skat). No entanto, no presente capítulo, citei o livro apenas para enfatizar as adversidades que enfrentamos na vida: quanto a parte referente a criatividade, falarei em breve.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Capítulo 10 – Só vou te beijar depois... - Livro: "A Era do 'Make in Touch' - Os anos Unesp sem censura"

Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"

Capítulo 10 – Só vou te beijar depois...




            O segundo semestre voltou e, pela primeira (e única) vez, tivemos várias greves e paralisações na faculdade. Assim, aproveitávamos para adiantar os trabalhos (principalmente os de Desenho de Observação) e estudar nossa matéria preferida, que era matemática (até parece).

            Várias cenas engraçadas aconteceram nessa época, durante as aulas (quando não estávamos em greve, é claro). Considerada, por muitos, como um dos momentos mais engraçados de todo o curso, foi uma das vezes que Caleb contestou o professor de Geometria Descritiva, deixando o mesmo bastante irritado:

            _ Tá errado! – berrava o professor.

            _ Mas professor, como tá errado se...

            _ Tá errado!

            _ Errado como, se eu...

            _ Tá errado, cacete!

            Aí o professor finalmente “perdeu a estribeira”, riscando o desenho “errado” na lousa (com tanta força, que o giz chegou a quebrar em suas mãos), enquanto John cantarolava, baixinho, aquela “musiquinha” de festa junina (Turururu, Tutu, Tutuuu, Turururu, Tutu, Tutuuu). “Porque você tá cantando essa “musiquinha?”,  eu perguntei. John respondeu “Para dar uma animada no ambiente”.

            Marky também se destacou nesse período, ganhando fama de incendiário, nas aulas de Plástica: “botou” fogo em sua própria pintura (inspirada em Stuart Stucliffe), incendiou uma cabeça feita de gesso (!?), queimou uma camisinha (e aquele “fedozão” de plástico queimado se espalhou por toda a classe)... Só faltou queimar a própria classe (o que não seria difícil; afinal, com aquelas salas feitas de papelão, não é?). E, por falar em aulas de Plástica, eu também me destaquei (negativamente) com uma proeza pra lá de inusitada. Meu amigo Phil me lembrou da mesma há alguns dias atrás; foi sorte, pois eu não me lembrava e, consequentemente, ela acabaria ficando fora do livro (e vocês não poderiam tirar uma na minha cara). Bom, vou começar do início (e isso não é um pleonasmo vicioso, pois escrevi alguns textos começando pelo fim; mas, na verdade, ninguém perguntou isso e, então, deixa eu começar a relatar a história de uma vez por todas, antes que eu seja xingado por “matar” todo mundo de curiosidade e...).

            O professor Claude, de Plástica, havia anunciado que o tema do trabalho, naquela semana, seria “Nave”. Pááá! Era como se eu ouvisse o “tiro de largada”, e isso acontecia toda vez que algum trabalho era anunciado. Digo isso pelo fato do meu tempo ser muito curto (lembrando: eu trabalhava 9 horas por dia na empresa de autopeças e, dessa forma, só me restava os finais de semana para executar os trabalhos). Então era isso, era como se iniciasse uma contagem regressiva, onde eu teria que pensar em uma ideia (no caso, como seria confeccionada a nave) e, posteriormente, colocar a mesma em prática. Na maioria das vezes, as minhas ideias até que eram boas, mas o resultado final não saía muito satisfatório, por causa do pouco tempo que eu tinha. No caso do trabalho da “Nave”, infelizmente, o melhor que consegui pensar foi em construir a mesma utilizando uma garrafa plástica de refrigerante (para o corpo) e um pratinho de papelão (para as asas). Dessa forma procedi, e o resultado ficou terrível. Para tentar dar uma pequena melhorada no visual da mesma, encapei cuidadosamente o corpo e asa da nave utilizando papel alumínio. No final  de todo o processo, coloquei um boneco (soldado inimigo da série “Star Wars”) como piloto.

            Chegou o dia da aula de Plástica daquela semana e, quando retirei a “nave” de dentro da minha mochila (para apresentar para a classe), a asa de papelão havia entortado e todo o papel alumínio (que eu havia colado com o maior cuidado) havia se desprendido. “Dou uma semana inteira para você construir uma nave, e você me traz uma bosta dessas”, o professor Claude disse (mas em “tom de brincadeira”, pois ele era muito bacana). E, realmente, estava uma “bosta” mesmo, eu tinha que admitir.

            A aula terminou e, juntamente com Phil, me dirigi até o ponto de ônibus. Apesar do meu fracasso durante a aula, eu gostaria, ainda assim, que o meu trabalho tivesse alguma coisa de interessante em sua “cerne” (afinal de contas, apesar de ruim, ele acabou me custando boa quantidade de horas do meu fim de semana). Pensando dessa maneira, primeiro guardei o bonequinho do Star Wars (o piloto) em minha mochila e, logo em seguida, lancei a “nave” em cima do teto do ponto de ônibus. Depois, disse, para Phil, algo do tipo:

            _ Não levarei essa “nave” para casa hoje... Depois que o curso terminar (ou seja, depois dos  4 anos de faculdade), eu venho pegar ela (é claro, se ela ainda estiver aqui).

            Phil ficou me olhando, tipo “Esse cara é louco!”. E o assunto acabou caindo no esquecimento. Isso até o Phil me lembrar, há alguns dias atrás.

            Então, decidi ir buscar a nave, como havia prometido (bem atrasado, pois o curso terminou há, aproximadamente, dois anos atrás). Coloquei a minha jaqueta de couro, amarrei o meu cabelo, arrumei algumas coisas em minha mochila (água e comida) e resolvi ir a pé até a Unesp. Seria uma longa caminhada, e o trajeto mais próximo, pelos meus cálculos, era seguir a rodovia Marechal Rondon, até ponto que ela cruza com a avenida Nações Unidas. Quando, finalmente, havia colocado o pé na rodovia, um carro parou no acostamento, distante alguns metros de onde eu estava, com a motorista me acenando. Corri até o veículo e, para a minha (grande) surpresa, era a garota dos meus sonhos quem estava “pilotando”:

            _ Billy, pra onde você vai, meu querido?

            _ Estou indo para a Unesp – respondi.

            _ Então sobe no meu carro...

            _ Que coincidência, você está indo para a Unesp também?

            _ Na verdade não, mas vai ser um prazer te dar uma carona até lá...

            _ Legal!

            Assim, entrei no carro e perguntei se ela não gostaria que eu ajudasse com a gasolina, pois ela estaria se deslocando do seu caminho só por minha causa. E ela respondeu, fazendo bico:

            _ Não vou cobrar a gasolina, mas eu gostaria que você me desse um beijo nos lábios, como pagamento...

            _ Tudo bem, mas só vou te beijar depois que a gente recuperar a minha “nave” – disse, com firmeza.

            _ Ah, claro! Fica combinado assim, então! – ela me disse, sorrindo e, logo em seguida, deu partida no veículo.

            Em poucos instantes, chegamos ao nosso destino, ou seja, o ponto de ônibus da Unesp.  Com certa dificuldade, escalei o mesmo e (que loucura), a “nave” ainda estava lá, intacta. Daí, me deu uma certa vertigem, algumas imagens psicodélicas apareceram e eu acordei.

É claro que só poderia ter sido um sonho: a “blasfêmia” dita por mim à garota dos meus sonhos já comprova todo o devaneio: “só vou te beijar depois que a gente recuperar a minha ‘nave’” (“Que cara mais burro!”, eu sei que muitos devem ter pensado; no entanto, antes disso, intitulei “garota dos meus sonhos” pelo fato da mesma estar presente no meu próprio sonho, mas quem poderia imaginar?). Mas, ainda assim, acho que o meu sonho poderia ter sido um belo desfecho para essa história... Agora (no mundo real), só me resta saber se a “nave” ainda se encontra em cima do ponto de ônibus. Quem sabe?

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Capítulo 09 – Que trata do final do primeiro semestre, com outros sucessos dignos de se saber e de se contar - Livro: "A Era do 'Make in Touch' - Os anos Unesp sem censura"


Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"

Capítulo 09 – Que trata do final do primeiro semestre, com outros sucessos dignos de se saber e de se contar





            Um leitor atento reconhecerá a semelhança do título do presente capítulo com um dos títulos contidos em outro livro muito famoso. Uma singela e justa homenagem a uma das melhores estórias que eu já li. Quem não descobriu, vá direto ao último parágrafo, onde revelo a publicação a qual estou me referindo (não, não, não, é brincadeira, leia o capítulo na íntegra, “o capítulo tá super legal, gente!”).

            Quando o primeiro semestre chegou ao fim, acredito que todos tiveram um “sentimento de missão cumprida” bem acentuado: foram tantos trabalhos, tantos seminários (eu ainda morria de medo de falar em público), tantos desenhos... E, para a maioria das pessoas, foi o fim dos primeiros créditos de uma das matérias mais odiadas: Matemática. David, na primeira prova da referida disciplina, ao invés de resolver os cálculos, preferiu escrever uma redação tentando mostrar a inutilidade da matemática em nosso curso (bom, até “surtiu efeito”, pois ele ganhou nota 1,0 ao invés de zero). Mas, o que ninguém previa, era que os próximos créditos de matemática (do semestre seguinte) seriam bem mais difíceis...

            Bom, o meu intuito de conquistar a amizade de todos, como relatei em um capítulo anterior, até que começou a dar os seus resultados, quando finalmente revelei a minha idade verdadeira. Percebi que o pessoal começou a me respeitar ainda mais, ou seja, pararam de me tratar “como um moleque” (um (ótimo) reflexo disso foi que o apelido “Megaman” foi caindo em desuso, com o passar do tempo). Até a menina que havia me chamado de “babaca”, próximo à biblioteca (vide capítulo 5) se tornou minha amiga (não foi uma amizade “tão próxima”, mas ela começou a me tratar com muito respeito e carinho a partir dessa época). Outro ponto que ajudou a fortalecer o meu bom relacionamento com a minha turma foi a diversidade de conhecimentos, ou melhor, a enorme quantidade de atividades que eu praticava nas horas de lazer (que eram do interesse deles também). Quando, em entrevistas de emprego, me perguntam qual é a minha melhor qualidade, eu sempre respondo que é justamente minha versatilidade, ou seja, a diversidade de atividades praticadas por mim (pena que os empregadores parecem não acreditar nessa verdade que me acompanhou por toda a vida). Observem os seguintes diálogos:

           

            _ Billy, eu gostaria de ouvir algumas gravações caseiras dos Beatles, antes deles ficarem famosos... Onde eu encontro?

            _ Simples, você encontra essas gravações no bootleg “Quarrymen at Home”...

           

            _ Billy, eu adorava a coleção de bonecos, aquela coleção dos “Thundercats”, cara! Que saudade!

            _ Vou trazer, na próxima aula, alguns bonecos dessa coleção que eu tenho guardado... Para você matar a saudade!

           

            _ Billy, estou interessado em ler os quadrinhos do “Cavaleiro das Trevas”, do Frank Miller... Você já leu?

            _ Sim é ótimo... Inclusive, eu tenho a versão original e o relançamento...



            _ Billy, quais os melhores pedais de distorção para a guitarra?

            _ Depende... Para distorção mais leve, eu uso o “Overdrive’... Para distorções mais pesadas, eu uso o “Heavy Metal”...



            _ Billy, qual foi a primeira versão do jogo “Metal Gear”? Foi para o nintendinho, não foi?

            _ Não, foi para Msx 2, lançada no final da década de 80... No Brasil, era considerado um “megarom de Msx 2”...



            _ Billy, quais os filmes que James Dean atuou?

            _ Longa metragens foram apenas três: “Vidas amargas”, “Juventude transviada” e “Assim caminha a humanidade”. Ah, uma curiosidade: a estréia de James Dean como ator (tirando as peças de teatro) foi em um comercial da Pepsi.



            _ Billy, estou afim de começar a praticar o hábito da leitura... Mas eu tenho muito sono quando começo a ler... O que eu faço? Quais livros você me indica, para eu “pegar” gosto na leitura?

            _ Nunca leia deitado na cama ou logo depois do almoço, pois dá muito sono... Vá lendo poucas páginas por dia, aumentando gradativamente o número das mesmas, a medida que você vai se acostumando... Livros interessantes para “pegar” o gosto na leitura, na minha opinião: “O pequeno príncipe” (Antoine de Saint-Exupéry), “Histórias Extraordinárias”, (Edgar Allan Poe), “On the Road” (Jack Kerouac)...

           

            _ Billy, quero iniciar uma coleção de selos... Como eu faço?

            _ Primeiramente, você deve escolher o tipo de coleção (por assunto ou por data). Depois, conseguir as “ferramentas”, como pinça própria para selos, classificadores e o catálogo de selos atual, pertencente ao país que você quer colecionar... Depois...



            Diálogos assim (tirando o da coleção de selos, que ninguém nunca me perguntou, pois ninguém sabia que eu colecionava) foram muito comuns durante a minha vida na Universidade... Diálogos muito prazerosos, diga-se de passagem, já que gosto muito de ajudar e ensinar os amigos. E, com eles, aprendi muitas coisas também, recebendo inúmeras (boas) influências: com David, me tornei fã de Bob Dylan (e, tempos depois, acabei incorporando o estilo “gaita e violão” em minhas músicas); Sal me deu inúmeras dicas a respeito de bons programas para a gravação de som; com Marky, aprendi vários macetes a respeito de desenho artístico no computador; John e Lydia me ajudaram muito na parte de desenho técnico (que, inicialmente, eu tinha muitas dúvidas)... Enfim, amizades que só enriqueceram o meu “repertório de vida”...

            Para terminar, prometi contar qual a minha inspiração para o título: foi o livro “Dom Quixote”, do Miguel de Cervantes Saavedra, que estou terminando de ler essa semana, com um enorme aperto no coração. Isso porque foram quase dois meses de leitura (o livro possuí 600 páginas), ou melhor, foram dois meses de maravilhosas aventuras com o “Cavaleiro da Triste Figura” (ou Dom Quixote) e seu fiel (e engraçado) escudeiro Sancho Pança. E agora que vou terminar a leitura do referido livro, tenho a certeza que vai ficar uma enorme saudade (estou até diminuindo o ritmo da leitura, para demorar mais o seu término). Querem uma dica? Se vocês ainda não adquiriram o hábito da leitura (até toquei no assunto anteriormente, nesse mesmo capítulo), não deixem de adquirir o referido hábito antes de morrerem... A leitura é uma das melhores coisas desse planeta, podem acreditar...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Capítulo 8 - Prazer! - Livro: "A Era do 'Make in Touch' - Os anos Unesp sem censura"

Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"


Capítulo 08 – Prazer!



    Quanta inspiração! Meu cérebro parece querer saltar para fora do meu crânio! Então, nada melhor do que começar o capítulo citando um poema que escrevi tempos atrás, em um momento muito inspirado (e apaixonado):

      “Cresce uma angústia delirante

       Que consome os faiscantes olhos meus...

       Aumentando o desejo desses meus lábios

    Que, a partir de agora, serão apenas seus...”



      Lindo, não? Eu sabia que, provavelmente, a maioria iria gostar... Mas não se iludam, pois o poema termina com os seguintes versos:



    “Mas o movimento das horas da madrugada

    Revela o caminho oculto pelo qual passeio...

   Acabo descobrindo que a presença da amada

     Era, somente, mais um intenso devaneio...”



            Xiiiiiiiiiiiii!!!! Ferrou, hein?

            Pois é, nunca fui muito amigo do amor... Há muito tempo atrás, mais precisamente na década de 80 (mais uma vez, não que eu seja um cara velho), eu lembro de uma “musiquinha” que tocava no programa do palhaço Bozo, que dizia assim que “quando a gente gosta de alguém, a nossa vida fica mais feliz”. E eu pensava “Que estranho! Quando eu estou apaixonado por alguma menina, parece que as coisas ficam tão mais tristes!”. Pois é, se com 7 ou 8 anos eu pensava assim, imagine agora... Por esse motivo, “há aproximadamente de uns nove anos pra cá”, eu decidi que não iria mais me apaixonar por ninguém (e consegui realizar a proeza até com uma certa facilidade, apesar de algumas recaídas nas inevitáveis “armadilhas do amor”). Esquentar a cabeça com pessoas que nem sabem que você existe? Bobagem! Quando não estou apaixonado, a minha vida fluí de uma maneira tão impressionante, que fica até mesmo difícil de explicar (na verdade, a felicidade que eu sinto acaba explicando tudo). O contrário, ou seja, quando estou apaixonado, a melancolia faz parte dos meus dias, me deixando desanimado, triste, acabado, “jogado às traças”, “pitimbado”... Enfim, vale a pena se apaixonar?

            “Ele está dizendo isso porque ainda não encontrou o grande amor da vida dele”, eu sei que muitos devem estar pensando. Mas esse é, justamente, o ponto principal da questão: como ainda não encontrei grande amor da minha vida, para que ficar desesperado no intuito de procurar alguém para me relacionar, só porque a sociedade (ou família ou amigos) fica cobrando? “Ah, mas veja bem, a sociedade sabe o que é melhor para nós e”... Ah, tá bom! Se a sociedade soubesse o que é bom para gente, ela nos arranjaria muito dinheiro ou, pelo menos, um emprego! Não sou materialista: estou citando o acúmulo de dinheiro (ou bens materiais) pelo fato do mesmo ser o objetivo principal de boa parcela da sociedade! Vai falar que não? Então, fica aqui o meu conselho, procurando (na medida do possível) fazer o que eu faço: curtam a vida e não se preocupem em conseguir uma pessoa só porque os outros ficam te criticando (“vai ficar para titia” ou “vai ficar solteirão”). O amor da sua vida vai aparecer quando você menos esperar: justamente o momento certo de deixar os seus sentimentos amorosos virem à tona, em relação à pessoa amada. Ah, e aproveitando o exemplo citado acima: ter dinheiro até que é bom (conseguido com o nosso suor), mas de nada vale se você não tiver felicidade (e amor verdadeiro; caso contrário, é preferível ficar sozinho).

            Mas ninguém segura o prazer, além da força de vontade!

            Pois é! Agora, finalmente, entraremos no assunto principal do presente capítulo, a partir da narrativa do fim da festa de Desenho Industrial, na República Vinoma. Como eu havia comentado no capítulo anterior, ao sair da República, encontrei uma menina passando mal na calçada e... Humm! Agora estou me lembrando: eu relatei boa parte do caso em um dos tópicos da comunidade “Bixos Desenho Industrial 2005”, do Orkut. Esperem um pouco...

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            (Vinte minutos depois).



             Legal, acabei de verificar no Orkut e o tópico ainda está lá, na referida comunidade. Não precisarei contar tudo de novo, apenas um “Copiar” e “Colar” (“Control+ C” e “Control+V”, respectivamente) irá facilitar a minha vida. Então, “Tuc, tuc” (ou seja, barulhinho do teclado ao pressionar as referidas teclas):

            “Bom, aconteceu um lance muito louco comigo. Quando eu estava saindo da Vinoma para ir embora, encontrei uma veterana de DI (5º ano)  passando mal no meio do caminho (não posso revelar seu nome, pois ela me pediu). Ela já estava há uma quadra da república quando a avistei e fui perguntar se ela precisava de ajuda. Perguntei onde ela morava e disse que, se fosse necessário, eu lhe daria uma carona. Ela me disse que morava perto da praça da paz e, por motivos óbvios (apesar da minha insistência) não aceitou a carona. Assim sendo, desencanei e, quando eu estava indo embora, vi que ela tropeçou e caiu na calçada (e não levantou mais). Aí vieram na minha mente aquelas frases do Homem-Aranha (Grandes Poderes trazem grandes responsabilidades, se acontecer alguma coisa à ela eu nunca vou me perdoar, etc). Dessa forma, fui aonde ela estava caída e comecei a conversar com ela. Ela estava muito mal, disse que ninguém gostava dela, coisa e tal. Tentei de todas as maneiras consolar a veterana, mas não adiantava. Eu já não sabia o que fazer, pois não podia largar ela sozinha naquele estado e ela ainda insistia que não queria carona. Mas, para a minha salvação, conheci uma garota que estava passando naquele momento por nós (a Juliana) e pedi a sua ajuda. Acho que isso foi fundamental para a veterana ganhar confiança em mim, com a Juliana ajudando também. A veterana nos disse em qual edifício morava e, assim, a colocamos no carro e nos dirigimos pra lá. Detalhe: o edifício ficava do outro lado da Nações, perto do Shopping. Eu a deixei no edifício, depois deixei a Juliana no dela e fui embora pra casa. Estava tão cansado que capotei na cama, nem pensei mais no assunto. No outro dia (sábado), a noite, quando fui dormir, fiquei pensando nas conseqüências que poderiam ocorrer, caso eu deixasse a menina na calçada e fosse embora. Será que ela teria conseguido atravessar a Nações e se safar dos carros? E se alguém mal intencionado a encontra-se estirada, sozinha na calçada? Essas indagações começaram a tomar a minha mente e, o resultado, foi que não consegui dormir mais. Foi com muito custo que consegui pegar no sono. Mas, sinceramente, não sei se irei ver a veterana novamente, mas espero que ela esteja bem e desejo-lhe toda a sorte do mundo. E muito obrigado, Juliana, por aparecer na hora certa e ter me ajudado. Abraços a todos...”.

            E, depois do barulhinho do teclado (“Tuc,tuc”), aqui está o texto prontinho! É claro que tive que formatá-lo após o processo, mas não vamos entrar em detalhes desnecessários... Ah, logo abaixo da minha postagem no Orkut, outra postagem (do “veterano” Caleb Car) execrava a minha historinha. É claro que não irei “colar” aqui a opinião do referido “veterano” e, assim, ferrar com o meu capítulo, né?

            A narrativa fala por si só (adoro essa expressão): então, vou apenas relatar aqui as coisas que deixei um pouco veladas (ou omiti) num certo ponto da mesma. A “veteranete” era bonita (sua aparência lembrava um pouco a Sandy, do meu livro “Jimball Bilangs”, quando a mesma tinha o cabelo liso e mais curto). Quando eu relatei “ela estava muito mal, disse que ninguém gostava dela, coisa e tal”, o motivo foi que o namorado havia largado dela, conforme ela mesmo me contou com muita clareza, apesar da embriaguez. Foi uma cena muito esquisita: a “veteranete” caída e eu ajoelhado diante dela, tentando consolar e, ao mesmo tempo, oferecendo ajuda. No entanto, em um certo momento, ela me diz, com uma voz sedutora: “E você? Você gosta de mim?”. Ai! Senti a paixão e o prazer fluir pelas minhas veias! Sou um ser humano, heterossexual e, obviamente, tive vontade de beijá-la. Muita vontade mesmo! Sabe, ela estava ali, tão disponível, tão fácil, deitada na calçada, me dando “bola” (efeito da embriaguez)... Mas, como eu mesmo disse:  “ninguém segura o prazer, além da força de vontade”. Então me contive (inclusive, usei a frase do homem-aranha, sobre a responsabilidade, para confirmar a ideia) e fiquei apenas tentando consolar a garota, até a outra “veteranete” (Juliana) aparecer. Fico feliz de ter tomado (ao meu ver) a atitude mais correta e não me deixar seduzir pela embriaguez daquela linda menina. Mas se fosse outro... Meu Deus, não quero nem pensar nisso...

            Bom, para finalizar e enaltecer o meu comentário “o amor da sua vida vai aparecer quando você menos esperar”, quero deixar registrado que, alguns dias após a festa, o meu amigo John e Líria (uma de nossas “veteranetes”) começaram a namorar, estão juntos até hoje e são noivos, fato que me deixa muito contente.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Capítulo 7 - De volta à Vinoma - Livro: "A Era do 'Make in Touch' - Os anos Unesp sem censura"


Capítulo 07 – De volta à Vinoma

Festa de Desenho Industrial - 2005 - República Vinoma
  
            Aqui vamos nós de novo: essa paixão louca mexe comigo bem quando eu pensava que isso iria acabar e...     Não, não é que eu esteja apaixonado (e essas palavras nem são minhas): só estava cantarolando e lembrando da letra (traduzida) de ”Going to Pasalacqua” (do Green Day), ao começar escrever o presente capítulo. Bela canção, mas não tem nada a ver com o que relatarei a seguir... Nadinha!
            Bom, eu havia decidido (como contei anteriormente) que não compareceria mais às festas de Desenho Industrial (pelos motivos desagradáveis já “enumerados”), mas acabei mudando de ideia no decorrer do primeiro semestre (“Vamos lá rapaz, seja mais tolerante, não fique guardando mágoa, e...”). As comemorações que eu mais gostei foram aquelas mais “particulares”, onde “juntava” somente o pessoal da minha classe (dava para conversar e tocar violão numa boa). Mas, em um determinado momento, tive minhas dúvidas se compareceria à festa “oficial” do meu curso (que acontece uma vez por ano; é a “maior festa de todas” e a que aglomera mais pessoas), pelo fato da mesma ter sido marcada na República Vinoma. Conforme já disse (usei um capítulo inteiro para isso), não havia tido uma boa impressão daquele lugar. Mas, no final das contas, “Primeira festa, né? Você vai perder? Olha que o arrependimento pode te matar depois, hein?”. Então fui...
            Na noite da festa, estacionei o carro próximo à Praça da Paz (localizada na Avenida Nações Unidas) e, juntamente com John (e mais alguns amigos que agora não me recordo), nos dirigimos para a República Vinoma (ela meio que “beirava” a rodovia Marechal Rondon). Havia tanta gente na entrada, que chegava a ser difícil achar um espaço vazio onde pudéssemos ficar “estacionados”.
            Achei que a noite estava bonita e agradável, mas dentro de mim havia aquele sentimento de “os velhos tempos se foram e jamais poderão ser repetidos”: não era a turma do São José, ou do Objetivo, ou do meu bairro (Grass Valley) que estavam ali reunidos. Era uma turma totalmente nova, uma atmosfera completamente desconhecida, enfim, o meu mundo já não possuía nada de familiar. E o rock, que me acompanhou durante toda a minha vida? Bom, a verdade é que grande parte gostava do referido estilo, mas não se aprofundava em conhecer o mesmo mais a fundo ou, até mesmo, adotar as suas vestimentas, enfim... Por falar em estilo, sabia que em poucos meses o meu cabelo voltaria ao aspecto natural (já tinha crescido uma boa porcentagem) e, assim, poderia “armar” o meu topete “estilo anos 50” novamente.
            Quando a festa começou e a multidão adentrou ao “recinto”, pude notar que a República era enorme. Um fato que comprova a sua grande dimensão eram dois estilos de som que não se atrapalhavam ou se confundiam: a música eletrônica imperava por todo o ambiente, mas, numa espécie de porão, o som que dominava era proveniente de uma banda de rock (pertencente à uma “veteranete”, vocalista, que eu conheceria tempos depois). Como eu havia comentado, a festa não me trouxe (como era de se esperar) os meus velhos tempos de volta... Mas, mesmo assim, foi a melhor festa “oficial” de Desenho Industrial que participei, fato que contrariou as minhas expectativas negativas referentes à “malfadada” República de onde, certa vez, fugi com meus amigos.
            Bom, a tradução de “Going to Pasalacqua”, realmente, não teve nada a ver com o presente capítulo. No entanto, terá muito a ver com o próximo onde, ao sair da citada festa, encontrei uma menina carente, simplesmente “largada” no meio do caminho.   

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Capítulo 06 - A primeira pérola - Livro: "A Era do 'Make in Touch' - Os anos Unesp sem censura"

Capítulo 06 – A primeira “pérola”



      O orgulho! Ah, o terrível orgulho! As vezes, é quase impossível “segurar” o orgulho! No entanto, o orgulho, por sua vez, não faz questão de “segurar” as minhas opiniões, enquanto escrevo os meus textos. Ou seja: quando o orgulho realmente me “pega” (por mais que eu evite e ache errado e tenha consciência de ter caminhado mais um “passinho” para os portais do inferno, com os diabinhos, os caldeirões de água quente, calor, fogo e ânsia de vômito (ah, esse sintoma com certeza foi criado no inferno)), enfim, quando o orgulho me “atinge”, sinto que as minhas palavras escritas fluem tão bem, da mesma maneira que fluem os meus passos para os portais do inferno quando me encontro orgulhoso. Mas por que estou tocando nesse assunto? E tipo: “Pô, o cara repetiu a palavra ‘orgulho’ umas seis vezes!” (sete vezes contando com essa). Explicarei em breve.

         Voltando ao curso de Desenho Industrial, a atividade mais praticada em seu primeiro ano é, com certeza, o Desenho de Observação (a partir de referências de revistas e objetos reais). Assim, meus fins de semana eram exclusivamente reservados aos desenhos (e, também, aos trabalhos das outras disciplinas). Era meu único tempo disponível, já que eu trabalhava nos outros dias da semana. Dessa forma, aos sábados, eu chegava da faculdade por volta do meio-dia, almoçava e, depois, sem perder tempo, me dirigia para a minha mesa de desenho. Só me levantava dela lá pelas 22:00h do domingo. Observação: é claro que eu parava, de vez em quando, para escovar os dentes, comer, tomar banho; só não devo ficar citando essas coisas óbvias para não cair no erro de “encompridar” muito o texto e deixá-lo cansativo para o leitor (apesar que deu no mesmo, já que citei o que não precisaria citar nessa última observação, “encompridando” o texto da mesma maneira; e já que escrevi mesmo, estou com dó de “deletar” tudo, então vou deixar como está). Voltando aos desenhos, sorte minha que eu gosto de desenhar e, assim, não foi tão ruim gastar meu tempo com eles. O único “desequilíbrio” em minha vida ocorria quando a empresa de autopeças, onde eu trabalhava, marcava horas extras no final de semana. Ah, como era difícil convencer os patrões que eu não queria faltar às horas extras para “vagabundear”, e sim para estudar!

          Quanto ao período das aulas, realmente estava muito difícil que os alunos (da classe de Programação Visual) estabelecessem um bom vínculo de amizade (o pessoal de Projeto de Produto teve mais sucesso nessa “empreitada”). Eram muitos grupinhos, muitas rivalidades, muitas dissidências (por exemplo, no início Marky e Caleb tinham um único grupo de trabalho que, posteriormente, acabou se dividindo em dois).

      Mas, apesar de tudo, tinham bons (e engraçados) momentos. Eu e Marky vivíamos trocando materiais a respeito de rock, de forma que conseguimos atingir um vasto conhecimento a respeito de bandas desconhecidas e estilos que ainda não éramos familiarizados. Certa vez, eu tinha gravado, em um Cd, uma coletânea de bandas para Marky poder curtir. Entreguei o Cd, para ele, durante a aula e ele ficou muito contente (e ansioso para poder escutar o material). A aula prosseguiu e, num determinado momento, o professor sugeriu um trabalho onde, para sua entrega, seria preciso gravá-lo em Cd (ou algo parecido; realmente não me lembro do que se tratava o trabalho, nem do professor que o sugeriu). Eis que Marky vira para mim e, humildemente, lança a pergunta: “Billy, por acaso você tem gravador de Cd?”. E eu respondi: “Não, meu filho, eu gravei a sua coletânea com o dedo”. Marky coçou a cabeça e ficou tipo “Ai, cara, é mesmo né? Se você gravou o Cd, é quase certeza que você tem um gravador”. Na verdade, o meu referido diálogo com Marky não foi o acontecimento mais engraçado do mundo, mas inaugurou as famosas “pérolas de Marky e agregados” que, mais tarde, teria a sua própria comunidade no Orkut. Inesquecível!

        Ao final de mais um capítulo, me resta esclarecer o porquê de ter falado sobre o “orgulho” no primeiro parágrafo. Na verdade, não estou nem um pouco “orgulhoso” (ou nervoso e desiludido, como pode ter parecido num primeiro momento) e os fatos comentados no presente capítulo não tiveram nada a ver com “orgulho” (com exceção das “picuinhas” existentes em minha classe; mas confesso que não tinha previsão de comentá-las, lembrei “de repente” e acabei incluindo as mesmas em última hora). O que aconteceu foi que, ao planejar o que eu escreveria para a presente narrativa, percebi que não teria nada de “filosófico” para apresentar, ou melhor, alguma opinião ou mensagem para transmitir... Ou seja, ficaria tudo limitado a um mero relato de fatos... E isso não é legal! Quando meu amigo Jim leu “Cicatrizar e recomeçar” pela primeira vez, ele sugeriu que eu não ficasse apenas me baseando em fatos (que muitas vezes poderiam ser interessantes apenas para quem vivenciou a história, como era o seu caso, sendo ele personagem do referido livro), mas também colocasse as minhas opiniões, mensagens e filosofias (pois isso acaba criando uma empatia com o leitor). Por isso, resolvi começar falando sobre o “orgulho”, no intuito de não deixar o capítulo tão pobre (apesar de imaginar que alguns leitores estão naquela “Pô meu, só por causa disso? Não gostei, nada ver!”). Então, amigo leitor, faça-me o favor: “larga a mão” de ser orgulhoso e respeite os meus textos!

 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Capítulo 05 - Reconquistar!!! - Livro: "A Era do 'Make in Touch' - Os anos Unesp sem censura"


Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"


Capítulo 05 – Reconquistar!

  

            Felizmente, a nossa fuga da Vinoma não teve uma repercussão tão negativa quanto eu esperava (pelo menos, para nós, os “fugitivos”). Os “veteranos” até mostraram um certo senso de humor em relação ao acontecido (“Vai, ‘bixo’ fujão!”). Só não entendi como o caso ficou tão conhecido e popular na época, ou melhor, não sei quem “espalhou” para “toda a faculdade” que tínhamos fugido da república (eu não fui). Agora, aqui vai uma pequena especulação ou teoria: Chan e Nathan, poucos dias depois do incidente da Vinoma, foram à classe a qual eu pertencia, ou seja, a de “Programação Visual” (uma das duas “vertentes” do nosso curso, a outra era “Projeto de Produto”). Ambos estavam bastante chateados, pelo fato da maioria dos “bixos” não estarem comparecendo às festas (diferente do passado, quando “DI dominava”) e, encarecidamente, pediram para que participássemos mais. A repercussão para os “fugitivos” da Vinoma, como eu disse, não foi lá tão negativa. Mas, e para o restante da classe? Será que a maioria ficou assustada com o acontecimento e, assim, resolveu não participar mais das festas? Não sei... Mas, quanto a mim, “Nunca mais boto o pé em alguma festa de faculdade”, foi o que decidi: “Por que esquentar a cabeça? Pra que me sujeitar à situações tão constrangedoras? Eu não sou mais moleque (apesar da cara), estou com 28 anos, não preciso me estressar por causa dessas coisas desagradáveis!”.

            “Eu não sou mais moleque”, diga-se de passagem, era uma opinião que pertencia apenas à minha mente, pois ninguém sabia a minha verdadeira idade. E, sendo assim, eu era tratado como um moleque; na verdade, tratado como um igual, já que eu aparentava a idade dos demais colegas. Apenas Lydia era mais velha que eu e foi para ela que revelei, primeiro, a minha idade (o que foi determinante para estabelecermos um laço de amizade). Na referida época, eu já havia escrito boa parte de “Cicatrizar e Recomeçar”, o meu primeiro livro e, assim que comentei com Lydia a respeito dos meus referidos escritos, a mesma me pediu para que eu os enviasse por e-mail, para que ela pudesse conhecer as minhas histórias. Foi algo muito importante e significativo para mim, visto que Lydia (que se identificou totalmente com a história), a medida que lia os capítulos, aproveitava para tecer as suas considerações sobre os mesmos, além de revelar algumas de suas experiências de vida muito parecidas com as relatadas por mim. Os e-mails que trocamos, referentes ao “Cicatrizar e Recomeçar”, acabaram formando um outro livro, que chamo de “Memórias de Lydia”, o qual tenho boa parte guardado nos meus arquivos (incluindo aquele triste e derradeiro e-mail, o qual comentarei mais tarde).

            A segunda semana de aula foi legal para poder conhecer melhor os novos amigos, formar grupos de trabalho e trocar novas ideias. Mas confesso que, durante os intervalos, eu preferia ficar isolado, sozinho “comigo mesmo”, tentando relaxar a minha mente, a fim de me adaptar à minha nova vida universitária. Àquela altura já não estava triste nem nada, apenas queria “dar um tempo”. Somente quando me encontrava com John, durante o intervalo, ele me convencia a ficar junto do nosso grupo de trabalho. Assim, depois de alguns dias, comecei a ficar junto do grupo o tempo inteiro, estreitando, dessa forma, os laços de amizade. E, numa dessas ocasiões, quando estávamos lanchando na entrada da Unesp, acomodados numa espécie de plataforma com mastros de bandeira (lembro que fazíamos “vaquinha” para comprar refrigerante), resolvi comprovar se haveria (ou não) algum tipo de animosidade (que eu não concordava) com os nossos futuros “bixos”, perguntando:

            _ Ei caras, e se, no ano que vem, a gente amarrasse os “bixos” nestes mastros e “içássemos” eles, como se fossem bandeiras?

            _ Não, não pode, Billy! Isso é trote violento! – Sal disse, me deixando contente com a sua opinião.

        Mas nem tudo andava às “mil maravilhas”, com relação à uma outra parcela dos meus colegas de classe. Certa vez, estava voltando da cantina (acredito que foi no intervalo de uma aula, no sábado de manhã) e essa parcela de colegas, a qual me referi, estava aglomerada próximo ao bosque (localizado em frente à biblioteca). Acenei para eles, e eles retribuíram o aceno, “meio de má vontade”. Em seguida, escuto uma das meninas do grupo dizer algo do tipo “Que babaca esse Megaman”. Na hora do acontecido, não dei lá muita atenção (“ela deve ter dito isso por causa das minhas palhaçadas, no dia do desfile com as fantasias”), mas depois de um tempo, ao refletir a atitude da garota (“Pôxa, ela parecia tão legal!”), me lembrei de uma cena, lá por volta dos meses finais do meu cursinho no Objetivo: eu no pátio, rodeado pelo pessoal da minha classe (que era bem numerosa), tocando no violão a música “Proudy Mary” (do Creedence) e, depois da execução da mesma, sendo aplaudido e elogiado por todos. Me lembrei, também, muitos meses antes da referida apresentação, logo quando o cursinho começou, do pessoal me olhando com cara feia e me ignorando (“Quem é esse babaca?”). Me recordo, ainda, do período intermediário entre o começo do curso (eu, o cara babaca) e o final do curso (eu, o cara sincero, simpático e amigo de todos), onde houve aquele exaustivo trabalho, da minha parte, em conquistar um por um dos meus desafetos e, consequentemente, formar uma das turmas mais especiais que eu já tive em toda a minha vida. “Pois bem, tive sucesso no Objetivo, mas os tempos mudaram: agora, na Unesp, terei que recomeçar o trabalho de conquista dos desafetos a partir da estaca zero”: eu sabia que não seria uma tarefa fácil, mas também tinha certeza que não iria fracassar.

sábado, 6 de agosto de 2011

Capítulo 04 - Terror na Vinoma - Livro: "A Era do 'Make in Touch' - Os anos Unesp sem censura"

Capítulo 04 – Terror na Vinoma

  
    No restante da primeira semana de aula, poucos fatos marcantes ocorreram e, por causa disso, tenho apenas algumas “raras” lembranças do que aconteceu: a simpática Carolyn me pedindo alguns lápis emprestados (para desenhar uma mão segurando uma escova dental, a pedido do professor Mitsu); David na aula de História da Arte, sentado em uma posição estranha (o verdadeiro homem-borracha, que conseguia colocar seu corpo em posturas impossíveis), dizendo que não se importava com nada (ou algo parecido); o “veterano” Chapolin, medalha de ouro em “nado na janela” (!?); Nathan avisando aos “bixos” que não precisariam mais ficar fugindo, pois estavam (finalmente) “abolidos” os banhos de tinta; eu com dificuldade em distinguir um “bixo” de outro (pois todos estavam carecas)... Enfim, o que acabo de relatar ocorreu no período compreendido entre terça e quinta-feira. E tudo estava muito tranquilo, diga-se de passagem...
     Mas, na sexta-feira, as coisas iriam mudar...
         Depois da Aula de Desenho Geométrico, decidi comparecer, pela primeira vez, em uma festa de Desenho Industrial. As “vibrações” estavam boas, pois, na referida sexta-feira (na hora do almoço) fui comprar um Cd dos Rolling Stones, duplo, que as lojas Americanas fizeram o favor de taxá-lo (por descuido) com o preço de um Cd simples (“porra Billy, como você consegue descobrir essas coisas?”, lembro de John perguntando, quando lhe contei o fato). Tá, tudo bem, eu exagerei quanto ao lance das “boas vibrações”, por causa de um mero Cd dos Stones... Mas a verdade é que eu estava “mó animadão”, na verdade “mó animadaço” ou, melhor, “mó animadaçadão” em relação às expectativas (referentes à festa). Cheguei a me lembrar das festas que organizei entre 1994 e 1995, com a mulherada para ficar, com o rock n´ roll “rolando Stones” (quer dizer, “rolando solto”) e com as bebidas abundantes que faziam com que eu (junto com Adam Ball e Lang) ficássemos mal depois da festa: bêbados, vomitando “excrementos” pra todo lado (principalmente macarrão com cerveja), passando vexame e... Bem, tirando a parte das bebidas (e dos vexames; mas, pensando bem, seria erguida uma estátua na Unesp em minha homenagem, caso todos conhecessem o meu passado de “beberrão”), eu imaginava que aquela minha primeira festa de DI traria à tona, novamente, esses sentimentos referentes aos primeiros anos da minha adolescência. Não posso deixar de citar, também, a boa impressão a respeito dos “veteranos”, depois do evento com as fantasias. Então foi tipo “E aí moçada, quem vai na festa hoje?”. Bom, eu não me lembro como foi organizado o lance das caronas (e não me lembro quem foi comigo, no meu carro). Apenas me recordo das pessoas* que acabaram se encontrando em frente à República Vinoma, onde a festa aconteceria: eu, John, Marky, Naty, Magye (do curso de química) e um aluno de engenharia (que não me lembro o nome). E Taylor prometeu comparecer mais tarde.
* Nota do Autor aos leitores do blog: me desculpem se, porventura, acabei me esquecendo de mais alguém que compareceu à festa; no entanto, caso alguém tenha comparecido (ou saiba de alguém que compareceu) e não foi citado, me avise para que eu atualize a narrativa.
   Foi Chan quem nos recebeu e, muito simpático (apesar do “ai do ‘bixo’ que deixar meu cachorro escapar”), pediu para que nós entrássemos na casa, na enorme casa que agora era uma república. Depois que todo mundo entrou, Chan fechou o portão com a chave (pensei “Normal, os tempos mudaram, a criminalidade está alta, segurança é tudo e...”). Já no interior da república, a primeira impressão que tive do ambiente foi a de um “caos organizado”: pilhas de livros de um lado, Cds de música em outro, algumas mesas, cadeiras... Em seguida, apareceu um “veterano” (acho que não era de DI) meio antipático, dizendo que todo mundo cairia na piscina depois que estivesse bêbado (“Ele deve estar brincando, mas... E se for verdade? Eu não bebo mais, porra!”, pensei comigo, sendo sincero e, agora, lamentando a derrubada da “virtual” estátua “unespiana” de “pinguço”, erguida em minha homenagem). Depois, os outros “veteranos” foram aparecendo, trataram todos bem (menos o coitado do engenheiro), conversaram, brincaram, muitas risadas ecoando pela sala... E de repente: “Segura aqui minha lente de contato” ou “ Perdi minha lente de contato” ou, ainda, “Que merda, pisaram na minha lente de contato”, ou algo assim, só sei que tinha “lente de contato” na frase dita pela “veteranete”. Em seguida, todo mundo desapareceu... Na verdade, os “veteranos” desapareceram e apenas os “bixos” (incluindo eu) ficaram ali, sozinhos, na sala: prostrados, cheio de dúvidas, tipo: “Mas que porra é essa?”. Quando percebemos que tinha algo de estranho no ar, todos (principalmente as meninas) começaram a entrar em pânico (menos o engenheiro). E começamos a gritar o nome de Chan... Mas ninguém respondeu!
      _ Um de nós vai ter que ir atrás de Chan e pedir pra ele abrir a porta! – alguém disse.
     “Boa ideia!”, pensei comigo.
       _ Mas quem vai então?
     _ Que tal o mais velho? – John sugeriu, rindo.
     “Putz! Que bosta de ideia, John!”, pensei, mudando de opinião na hora.
           Como ninguém decidia, Magye resolveu ir atrás de Chan. Para não ficar feio (eu era o mais velho), fui junto com ela. Enquanto isso, o restante dos “bixos” permaneceram na sala, tentando encontrar a chave da porta principal, que deveria estar em algum lugar (o que eu considerava uma missão quase impossível, pelo “caos organizado” em que o ambiente se encontrava). Mas eis que alguém, por algum milagre, encontra a chave, de modo que eu e Magye nem precisamos ir atrás de Chan. Marky preparou um bilhete, avisando os “veteranos” que iríamos comer alguma coisa, mas que, depois, voltaríamos (até parece!). Então começamos a pensar na melhor maneira de fugir da república.
    _ Primeiro, a gente abre a porta e o portão... Depois, fecha ambos e joga a chave no quintal! – alguém sugeriu.
     _Não! Os “veteranos” podem não encontrar a chave depois... Mas também não podemos largar a casa deles aberta: se não der para fechar a porta, pelo menos o portão deve ficar fechado! Vocês saem para a rua, eu fecho o portão, devolvo a chave no lugar que a gente encontrou e, depois, eu pulo a grade! – Sugeri, e todos concordaram.
   No entanto, logo que a porta foi aberta, percebi, de cara, que era quase impossível pular a grade (se não me engano, ela possuía até mesmo uma cerca elétrica). Então, infelizmente, além da porta, o portão também ficaria aberto. Por um momento, pensei em fechar a porta e jogar a chave pela janela, mas fiquei com receio dos “veteranos” não acharem a mesma, depois. No momento em que todos os “bixos” já estavam na rua, entrei sorrateiramente no interior da república (estava de “sangue frio”, algo surpreendente para alguém que sofria de ansiedade), deixei a chave perto do bilhete que Marky escreveu (pois havia me esquecido do lugar aonde a mesma havia sido encontrada) e, logo em seguida, partimos em direção ao Habib´s (pois estávamos com muita fome).
   Depois do susto, fiquei com muita raiva (juntamente com Marky, que estava no meu carro), desfilando todos os palavrões possíveis e impossíveis, enquanto dirigia. Aquele acontecimento na Vinoma foi uma grande decepção! “Logo agora que as coisas pareciam ter se acertado; logo agora que os ‘veteranos’ estavam se mostrando tão simpáticos (após o evento das fantasias); logo agora que...”, enfim, a minha boa impressão de tudo estava voltando à estaca zero: eu me sentia iludido, enganado... “Realmente, na Unesp, tudo é do ‘naipe’ daquele horrível banho de tinta da matrícula”: não tinha como pensar de outra forma. No entanto, num segundo momento, a mágoa e o ódio deram lugar a um sentimento de preocupação: “Como os ‘veteranos’ reagiriam à nossa fuga da Vinoma? Ficariam com raiva? Iriam querer ‘descontar’ de alguma forma?”. Quando chegamos ao Habib´s e nos acomodamos em uma mesa, o engenheiro ainda disse: “Não sei porque vocês entraram em pânico: isso que aconteceu é muito comum, em qualquer faculdade!”. “Muito comum? MUITO COMUM?”, minha alma remoía de aflição. “É, eu sabia que poderia acontecer, mas acontecer isso logo na primeira festa é ‘foda’!”, John disse, confirmando a minha opinião sobre tudo.
     De repente, avistei, em outra mesa, a minha turma do cursinho do Prevê: Cyrinda, Bibi, Carl, Diana Lee... Era a minha querida (e antiga) turma, que tantas alegrias me deu no passado, antes de eu “entrar” na Unesp (que, para mim, estava sendo o verdadeiro inferno na Terra). Que queda de nível havia sofrido a minha vida! “Quem tá bem não anda com largado!”: eu havia, simplesmente, jogado na lata de lixo o referido ditado (criado pelo meu patrão). Ao mesmo tempo em que eu pensava: “Porra, passar no vestibular não era o que eu queria? Não era o que todo mundo queria? Então, o que deu errado?”. Sentia que até mesmo a sociedade moralista (“Você deve fazer uma faculdade para ser alguém na vida!”) havia me enganado.
     Eu estaria cometendo uma grande injustiça se esse tipo de decepção tivesse acontecido apenas comigo... Mas não aconteceu! Conheci várias pessoas (“bixos” e “veteranos”) que tiveram algum tipo de “depressão” ou descontentamento (muito piores do que os que relatei) ao adentrar ao “maravilhoso mundo da Unesp”. Todos nós temos um lugar dentro da nossa mente, que contém uma espécie de mundo proveniente de lembranças de tempos mais felizes (que jamais esquecemos) e que, infelizmente, não conseguimos trazê-los à tona novamente. No entanto, ao adentramos em um ambiente novo (no caso, a universidade), sempre existe uma certa esperança de poder, pelo menos, tentar recriar esse mundo feliz (que tanto nos deixou saudade). O fracasso dessa tentativa é que nos torna tão tristes, tão desanimados e, por que não dizer, tão intolerantes. Demora um pouco para se acostumar com algum novo lugar, com as suas pessoas e com os seus preceitos... Alguns demoram mais para se adequar, outros menos... Um pouco de força de vontade é fundamental para vencer essa dificuldade inicial que, vencida, nos dá um novo tipo de ânimo para continuar... Mas não é fácil... Só Deus sabe como não é fácil...
      “Tentar recriar o nosso mundo, proveniente de lembranças de tempos mais felizes”: bom, o mais próximo que consegui disso, depois que voltei para casa naquela noite, foi ouvir o meu novo Cd dos Stones. O rock, para mim, sempre foi uma boa maneira de se esquecer dos problemas... Pelo menos, enquanto a música estivesse rolando no aparelho de som...