sábado, 9 de novembro de 2019

Capítulo 13 - Destruindo o Bullying com apenas um violão - Livro: O livro do amor para os corações solitários


Livro: O livro do amor para os corações solitários

Capítulo 13 - Destruindo o Bullying com apenas um violão



            Por volta de 2003, eu já estava no meu terceiro ano de cursinho pré-vestibular. Sim, retornei aos estudos no Colégio Objetivo na intenção de passar na Unesp, no curso de Desenho Industrial (mais tarde chamado de Design). Por incrível que pareça, pelo fato de eu já ser um pouco mais velho e mais experiente na época, fui vítima do Bullying mais uma vez. Vou explicar melhor.
            Minha banda com Micky, infelizmente, depois de tantas idas e vindas, acabou mais uma vez, pelo fato do meu amigo se mudar para Curitiba. Micky era uma peça fundamental dentro da banda, pelo fato de compormos juntos. Não consegui manter a banda com os membros restantes. Confesso que foi, para a minha pessoa, um duro golpe o fim de uma banda tão boa (que se chamava Soma). Fiquei perdido por algum tempo. Para piorar as coisas, o meu visual de rockeiro (camisa preta, jaqueta, calça rasgada, brinco) não agradou nenhum pouco os alunos da minha nova classe de cursinho. Nos corredores, quando eu passava perto daquele bando de garotos hostis, não faltavam risadinhas e, às vezes, até algumas ofensas um pouco mais veladas. Mas a coisa iria piorar mais um pouco.
            Naquele ano, saiu um cd com as melhores canções do Elvis Presley, as “número 1 nas paradas”, que eu gostei muito. Comentei o fato com meu amigo Rog, que trabalhava comigo. Ele sabia que a minha banda “Soma” já havia acabado. Rog, então, teve uma ideia. Me informou que tinha um amigo que era muita fã do Elvis. Inclusive, o mesmo cantava muito bem, com um timbre de voz bem próximo do cantor. A ideia de Rog: por que não montamos uma banda? De início, achei a proposta um pouco estranha, pois as minhas bandas de rock sempre foram baseadas no estilo punk rock. Porém, posteriormente, achei a ideia interessante e, numa tarde qualquer, fui com Rog conhecer Aaron, o fã de Elvis. Aaron tinha um vasto material sobre o cantor e, realmente, cantava muito bem (acredito que naquele mesmo dia eu levei o violão e tocamos algumas canções). Alguns dias depois, nasceria a banda Máfia de Memphis. Depois de uma certa demora, a primeira formação ficou finalmente definida: eu na guitarra, Aaron no vocal, Rog no baixo e Andrew na bateria. Ainda não tínhamos uma guitarra solo, por enquanto. Então, resolvi ousar mais um pouco no meu visual, já que agora eu era membro de uma banda de rock dos anos 50: eu aumentei drasticamente a altura do meu topete. Vocês se lembram daquele lance na sétima série, em 1989, que comentei em um dos capítulos anteriores, quando mudei meu cabelo e sofri Bullying? E, na sétima série, era um topete um pouco mais discreto. Imagine, em 2003, quando eu decidi, simplesmente, pedir ao cabeleireiro que passasse a máquina dos lados do cabelo e mantivesse uma enorme franja na parte da frente! Se eu já sofria Bullying por causa de meu visual, imagine agora com esse cabelo tão chamativo. E assim aconteceu, mais uma vez.
            No entanto, Ene, uma de minhas amigas do cursinho, começou a fazer amizade com um dos caras pertencentes ao grupo de Bullies que “zoavam comigo”. E eu aproveitei a oportunidade, juntamente com meu amigo Dezones (que também estava na minha classe), para me aproximar desse cara também, chamado Gt. Ele era um cara bem difícil, que ainda me tratava com desdém, mesmo eu tratando o mesmo com respeito. Consequentemente, a partir daí, comecei a ter um contato um pouco maior com o restante da “gangue de Bullies” de Gt, que ainda me tratavam muito mal, antes que eu me esqueça. Porém, um pouco antes dessa aproximação, eu comecei a conversar com um outro cara, também pertencente ao grupo de Bullies, chamado Ty. Apesar dele ser amigo dessa turma que me “zoava”, Ty era mais sossegado, ponderado, educado e, o principal: era baixista e gostava de punk rock. Nossa amizade foi inevitável, por causa desse fato. Em uma certa noite, inclusive, armamos algo que mudaria todo o rumo da minha história, naquele ano. Tudo mudaria drasticamente! Combinei com Ty que eu levaria o violão na escola, para tocarmos algumas canções!
            Naquela noite, eu estava sem meu carro, então Dezones me apanhou, com o seu veículo, no refeitório da empresa a qual trabalhávamos na época. Eu e meu violão! Partimos, então para o Objetivo. Pois bem, lá por volta do horário de término das aulas (pelo que me lembro, teríamos as últimas aulas vagas), Ty e seus amigos Bullies estavam todos reunidos em frente à escola, quando, de repente, eu cheguei com meu violão. Eu e Dezones! Os caras ficaram muito surpresos com aquele fato, nem imaginavam que eu tocava. Então eu mostrei para Ty uma música que eu havia tirado há pouco tempo: Havana Affair, dos Ramones. Apesar do punk rock não ser um estilo muito complexo, aquelas mudanças repentinas feitas em “power acordes” são muito agradáveis de se ver. Além do fato de eu ter decorado a letra da música em inglês e estar cantando tudo perfeitamente no tom. Os Bullies ficaram boquiabertos. “Nossa, você toca muito bem”, alguns até me elogiaram. Toquei mais algumas canções e, por fim, nos despedimos. Para mim, nada de tão espetacular havia acontecido naquela roda de violão. Porém, no carro, percebi que Dezones estava maravilhado, em estado de êxtase enquanto dirigia. E me explicou o porquê.
            “Billy, você tem noção do que você acabou de fazer?”, Dezones ria de satisfação. Eu disse que não sabia, que não tinha menor ideia do que ele estava falando. Então Dezones prosseguiu: “Você reparou na cara deles? Billy, esses caras passavam a maior parte do tempo, desde o início do ano, ‘zoando’ com você e te tratando mal. Então, em apenas uma ‘tocada’ de violão, você acabou com todos os caras de uma só vez.”. “Eu fiz isso?”, perguntei, incrédulo. Para mim, tocar violão e cantar foi algo natural, onde não tive a intenção de humilhar ninguém. Inclusive, fui educado e cordial como sempre. “Vamos ver como vão ser as coisas daqui para frente, Billy! Tenho certeza que tudo vai mudar a partir de agora”, Dezones completou. E mudaram mesmo! A partir dali, todos os Bullies começaram a me tratar com respeito, inclusive até mesmo me convidando para churrascos e outros eventos. Um violão consertou toda a minha vida social! Concluí que eu deveria ter feito isso há muito mais tempo, ou seja, começar a aprender a tocar muito mais novo. Imaginem como isso me ajudaria nos tempos de ginásio e colegial? Seria maravilhoso!
            É muito importante, para a nossa satisfação pessoal, desenvolver algum tipo de arte. Não importa qual tipo: pode ser música, pintura, artesanato, poesia, etc. Eu vivo incentivando meus amigos a ingressarem nesse mundo tão fascinante. Muitas vezes ganhamos respeito com a arte, conforme relatei anteriormente, no caso do violão. É muito estranho imaginar que muitas pessoas irão passar por essa vida sem ter criado absolutamente nada, do ponto de vista artístico. Não me interpretem mal: não estou dizendo que o desenvolvimento de algum tipo de arte é algo imprescindível para se ter uma vida digna. Claro que não! Entendo que muitas pessoas não tem tempo para isso: algumas se dedicam exclusivamente à sua profissão e aos estudos. Outras, ainda, participam ativamente de projetos sociais. É possível, inclusive, ter uma vida feliz sem praticar qualquer tipo de arte, tanto no meio dos amigos como da família. Entendo tudo isso perfeitamente, mas uma coisa eu posso dizer, com certeza: se, além das atividades mencionadas, você conseguir desenvolver, paralelamente, algum tipo de arte, será acrescida à sua vida um prazer todo especial. Sua vida terá um tipo de satisfação diferente, difícil de exprimir em palavras. Seria como aquela “pitadinha de sal”, que faz toda a diferença no sabor do alimento. Pense nisso! Nunca é tarde para se dedicar à alguma atividade que irá te fazer feliz! Nunca é tarde para se adquirir novos conhecimentos! Nunca é tarde para se fazer a diferença nessa vida tão conturbada!

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