Livro: O livro do
amor para os corações solitários
Capítulo
13 - Destruindo o Bullying com apenas um violão
Por volta de 2003, eu já estava no
meu terceiro ano de cursinho pré-vestibular. Sim, retornei aos estudos no
Colégio Objetivo na intenção de passar na Unesp, no curso de Desenho Industrial
(mais tarde chamado de Design). Por incrível que pareça, pelo fato de eu já ser
um pouco mais velho e mais experiente na época, fui vítima do Bullying mais uma
vez. Vou explicar melhor.
Minha banda com Micky, infelizmente,
depois de tantas idas e vindas, acabou mais uma vez, pelo fato do meu amigo se
mudar para Curitiba. Micky era uma peça fundamental dentro da banda, pelo fato
de compormos juntos. Não consegui manter a banda com os membros restantes. Confesso
que foi, para a minha pessoa, um duro golpe o fim de uma banda tão boa (que se
chamava Soma). Fiquei perdido por algum tempo. Para piorar as coisas, o meu
visual de rockeiro (camisa preta, jaqueta, calça rasgada, brinco) não agradou
nenhum pouco os alunos da minha nova classe de cursinho. Nos corredores, quando
eu passava perto daquele bando de garotos hostis, não faltavam risadinhas e, às
vezes, até algumas ofensas um pouco mais veladas. Mas a coisa iria piorar mais
um pouco.
Naquele ano, saiu um cd com as
melhores canções do Elvis Presley, as “número 1 nas paradas”, que eu gostei
muito. Comentei o fato com meu amigo Rog, que trabalhava comigo. Ele sabia que
a minha banda “Soma” já havia acabado. Rog, então, teve uma ideia. Me informou
que tinha um amigo que era muita fã do Elvis. Inclusive, o mesmo cantava muito
bem, com um timbre de voz bem próximo do cantor. A ideia de Rog: por que não
montamos uma banda? De início, achei a proposta um pouco estranha, pois as
minhas bandas de rock sempre foram baseadas no estilo punk rock. Porém,
posteriormente, achei a ideia interessante e, numa tarde qualquer, fui com Rog
conhecer Aaron, o fã de Elvis. Aaron tinha um vasto material sobre o cantor e,
realmente, cantava muito bem (acredito que naquele mesmo dia eu levei o violão
e tocamos algumas canções). Alguns dias depois, nasceria a banda Máfia de
Memphis. Depois de uma certa demora, a primeira formação ficou finalmente definida:
eu na guitarra, Aaron no vocal, Rog no baixo e Andrew na bateria. Ainda não
tínhamos uma guitarra solo, por enquanto. Então, resolvi ousar mais um pouco no
meu visual, já que agora eu era membro de uma banda de rock dos anos 50: eu
aumentei drasticamente a altura do meu topete. Vocês se lembram daquele lance
na sétima série, em 1989, que comentei em um dos capítulos anteriores, quando
mudei meu cabelo e sofri Bullying? E, na sétima série, era um topete um pouco
mais discreto. Imagine, em 2003, quando eu decidi, simplesmente, pedir ao
cabeleireiro que passasse a máquina dos lados do cabelo e mantivesse uma enorme
franja na parte da frente! Se eu já sofria Bullying por causa de meu visual,
imagine agora com esse cabelo tão chamativo. E assim aconteceu, mais uma vez.
No entanto, Ene, uma de minhas
amigas do cursinho, começou a fazer amizade com um dos caras pertencentes ao
grupo de Bullies que “zoavam comigo”. E eu aproveitei a oportunidade,
juntamente com meu amigo Dezones (que também estava na minha classe), para me
aproximar desse cara também, chamado Gt. Ele era um cara bem difícil, que ainda
me tratava com desdém, mesmo eu tratando o mesmo com respeito. Consequentemente,
a partir daí, comecei a ter um contato um pouco maior com o restante da “gangue
de Bullies” de Gt, que ainda me tratavam muito mal, antes que eu me esqueça. Porém,
um pouco antes dessa aproximação, eu comecei a conversar com um outro cara,
também pertencente ao grupo de Bullies, chamado Ty. Apesar dele ser amigo dessa
turma que me “zoava”, Ty era mais sossegado, ponderado, educado e, o principal:
era baixista e gostava de punk rock. Nossa amizade foi inevitável, por causa
desse fato. Em uma certa noite, inclusive, armamos algo que mudaria todo o rumo
da minha história, naquele ano. Tudo mudaria drasticamente! Combinei com Ty que
eu levaria o violão na escola, para tocarmos algumas canções!
Naquela noite, eu estava sem meu
carro, então Dezones me apanhou, com o seu veículo, no refeitório da empresa a
qual trabalhávamos na época. Eu e meu violão! Partimos, então para o Objetivo.
Pois bem, lá por volta do horário de término das aulas (pelo que me lembro,
teríamos as últimas aulas vagas), Ty e seus amigos Bullies estavam todos
reunidos em frente à escola, quando, de repente, eu cheguei com meu violão. Eu
e Dezones! Os caras ficaram muito surpresos com aquele fato, nem imaginavam que
eu tocava. Então eu mostrei para Ty uma música que eu havia tirado há pouco
tempo: Havana Affair, dos Ramones. Apesar do punk rock não ser um estilo muito
complexo, aquelas mudanças repentinas feitas em “power acordes” são muito
agradáveis de se ver. Além do fato de eu ter decorado a letra da música em
inglês e estar cantando tudo perfeitamente no tom. Os Bullies ficaram
boquiabertos. “Nossa, você toca muito bem”, alguns até me elogiaram. Toquei
mais algumas canções e, por fim, nos despedimos. Para mim, nada de tão
espetacular havia acontecido naquela roda de violão. Porém, no carro, percebi
que Dezones estava maravilhado, em estado de êxtase enquanto dirigia. E me
explicou o porquê.
“Billy, você tem noção do que você
acabou de fazer?”, Dezones ria de satisfação. Eu disse que não sabia, que não
tinha menor ideia do que ele estava falando. Então Dezones prosseguiu: “Você
reparou na cara deles? Billy, esses caras passavam a maior parte do tempo,
desde o início do ano, ‘zoando’ com você e te tratando mal. Então, em apenas
uma ‘tocada’ de violão, você acabou com todos os caras de uma só vez.”. “Eu fiz
isso?”, perguntei, incrédulo. Para mim, tocar violão e cantar foi algo natural,
onde não tive a intenção de humilhar ninguém. Inclusive, fui educado e cordial
como sempre. “Vamos ver como vão ser as coisas daqui para frente, Billy! Tenho
certeza que tudo vai mudar a partir de agora”, Dezones completou. E mudaram
mesmo! A partir dali, todos os Bullies começaram a me tratar com respeito,
inclusive até mesmo me convidando para churrascos e outros eventos. Um violão
consertou toda a minha vida social! Concluí que eu deveria ter feito isso há
muito mais tempo, ou seja, começar a aprender a tocar muito mais novo. Imaginem
como isso me ajudaria nos tempos de ginásio e colegial? Seria maravilhoso!
É muito importante, para a nossa
satisfação pessoal, desenvolver algum tipo de arte. Não importa qual tipo: pode
ser música, pintura, artesanato, poesia, etc. Eu vivo incentivando meus amigos
a ingressarem nesse mundo tão fascinante. Muitas vezes ganhamos respeito com a
arte, conforme relatei anteriormente, no caso do violão. É muito estranho
imaginar que muitas pessoas irão passar por essa vida sem ter criado
absolutamente nada, do ponto de vista artístico. Não me interpretem mal: não
estou dizendo que o desenvolvimento de algum tipo de arte é algo imprescindível
para se ter uma vida digna. Claro que não! Entendo que muitas pessoas não tem
tempo para isso: algumas se dedicam exclusivamente à sua profissão e aos
estudos. Outras, ainda, participam ativamente de projetos sociais. É possível,
inclusive, ter uma vida feliz sem praticar qualquer tipo de arte, tanto no meio
dos amigos como da família. Entendo tudo isso perfeitamente, mas uma coisa eu
posso dizer, com certeza: se, além das atividades mencionadas, você conseguir
desenvolver, paralelamente, algum tipo de arte, será acrescida à sua vida um
prazer todo especial. Sua vida terá um tipo de satisfação diferente, difícil de
exprimir em palavras. Seria como aquela “pitadinha de sal”, que faz toda a
diferença no sabor do alimento. Pense nisso! Nunca é tarde para se dedicar à
alguma atividade que irá te fazer feliz! Nunca é tarde para se adquirir novos
conhecimentos! Nunca é tarde para se fazer a diferença nessa vida tão
conturbada!
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