quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Capítulo 23 - O azar domina... Digo, Di Domina (ou Zi Zomina)! - Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"

Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"

Capítulo 23 - O azar domina... Digo, Di Domina (ou Zi Zomina)!



            Vou falar de festa novamente... Para falar a verdade, a única festa de Design (“oficial”) que eu realmente gostei foi a primeira (na Vinoma, contrariando as minhas expectativas). Sei lá, achei as outras “mais ou menos”, pois, nas referidas festas, eu me limitava a ficar andando sem rumo, de um lado para o outro, tentando conversar com algum amigo (sem sucesso, por causa do barulho ensurdecedor). Enfim, ficava apenas perdendo o meu tempo nas festividades, para ser mais franco. E estava sempre de “saco cheio” de tudo! “Então, por que você comparecia?”: sei lá, talvez para não dar uma de “chato” ou de “anti social”. Eu realmente nunca soube explicar o que eu estava fazendo por ali.
            A terceira festa “oficial”, de 2007, foi um verdadeiro caos para mim. Foi em uma república localizada próximo à esquina da avenida Duque de Caxias com a rua Araújo Leite. De início, pensei que o “desenrolar” da festa seria exatamente igual à festa ocorrida em 2006: eu andando sem rumo, pessoas embriagadas caindo pelo chão, som ensurdecedor... A única diferença foi que o “azar” estava presente para me fazer companhia. Achei que ficaria interessante eu enumerar os acontecimentos, um por um, utilizando um parágrafo para cada (“eita”, isso é muito “metalingüístico”, hein?).
            Como todos devem saber, os banheiros das festas, geralmente, ficam reservados às meninas. Não que os homens não possam usar: na verdade, é tão lotado que nem vale a pena ficar esperando na fila. Então, o que nós homens fazemos? Exato: improvisamos um banheiro em algum lugar isolado e “não frequentado”. Assim, encontrei um “beco” em uma rua próxima e ali “inaugurei” um banheiro. No entanto, na primeira fez em que fui usar o mesmo, não me perguntem como, consegui fazer “xixi” e meus próprios sapatos”. Fiquei abismado! Não acreditei naquilo! Sorte que eu tinha uns lenços de papel no bolso e consegui “enxugar” os sapatos (que, por sorte, eram impermeáveis). Meu alívio era que existia uma torneira no quintal da república (ou seja, eu poderia umedecer os lenços e limpar os sapatos de maneira mais “profunda”). E assim procedi, mas como uma parte do quintal era de terra e pedriscos, meus sapatos ficaram um pouco “enlameados”.
            Dando prosseguimento, algum tempo depois, fui verificar as “condições” do meu carro (ou, melhor dizendo, se ainda estava no local onde eu havia estacionado). Tudo em ordem! O único problema foi que, ao retornar à festa, passei em frente à uma lanchonete onde vários jovens estavam bebendo e uma garotinha, dizendo que não queria mais beber a sua cerveja (consegui ouvir a mesma dizer algo do tipo), resolveu se livrar da bebida, justamente na hora em que eu passava ao seu lado. E minha jaqueta de motoqueiro foi a vítima! A menina tentou se desculpar, mas eu deixei ela falando sozinha, de tão irritado que eu fiquei. Chegando mais uma vez à festa, fiz uso da torneira. O que mais faltava acontecer?
            Andando por aqui, trombando com alguém por ali, saltando uma poça de vômito acolá, acabei encontrando meu amigo John Vic passando mal. Carolyn, Gi  e David estavam tentando ajudá-lo e eu me ofereci para dar uma carona para eles, até o apartamento onde John Vic residia. Quando chegamos ao meu carro, o que eu temia aconteceu: haviam tentado arrombar a porta! Acredito que o pessoal nem percebeu (e eu não falei nada), já que estávamos preocupados com o John Vic! Assim que todos entraram no carro, fui desentortar a porta com o joelho (uma técnica que um amigo me ensinou), mas acabei dando uma joelhada na porta ao invés disso. Cai na beira da calçada gemendo e meus amigos (Carolyn, Gi, David e acho que até mesmo John Vic) ficaram me olhando sem entender nada, como estivessem querendo me dizer: “Pô Billy, o que você ta fazendo aí, rolando no chão?” Depois que a dor passou, entrei no carro e finalmente levamos John Vic até o seu apartamento. O legal no John Vic é que, mesmo “quase morrendo”, ele é uma pessoa que ainda consegue manter o senso de humor. Ele disse algumas coisas engraçadas que, apesar de não me lembrar (e apesar de toda a minha desgraça), me fizeram dar muita risada na ocasião.
            De volta à festa (já estava amanhecendo), de joelho dolorido, jaqueta cheirando à cerveja e sapatos enlameados, encontrei o óculos de alguém jogado no chão, no meio da poeira. Fui falar com Hughes e alguém que estava com ele (não me lembro quem) disse que era o proprietário do óculos. Por fim, Hughes (naquele papo de bêbado de sempre, do tipo “você é o melhor amigo que eu tenho”) resolveu dar uma “melhorada” no meu topete e “despenteou” todo o meu cabelo (ele disse “seu cabelo assim é que fica bonito, Billy”).  Joelho, jaqueta, sapatos, vidro do carro: agora, eu havia “perdido” meu penteado também.
            Quando a festa acabou, dei uma carona à minha amiga Samantha e outro amigo dela. Eles me ajudaram a desentortar a porta do carro (até que o serviço ficou bom). Cheguei em casa, tomei um “fumo” de minha mãe (preocupada pela minha demora, quase chamou a polícia para me procurar) e em seguida parti para Avaré (era aniversário de algum parente meu). Terminei meu fim de semana de maneira melancólica, na beira da represa, tocando “Boêmia”, do Nelson Gonçalves (na verdade, improvisando qualquer coisa enquanto o pessoal cantava).  E que sono! E que azar! Eu acho que eu toquei umas quatro vezes seguidas a referida canção, até que fiquei de “saco cheio” e decidi que não iria mais “brincar” de tocar violão. É praticamente impossível explicar para as pessoas que a minha “formação em violão” é completamente voltada para o Rock. Porém, as pessoas possuem aquela ideia: “quem sabe tocar violão toca qualquer coisa”! Não, meus amigos, eu toco somente o que eu gosto! É a grande realidade!

            Bom, e assim foi a terceira festa de DI! Mas, o que significa “Zi Zomina”? Realmente, eu mesmo não sei ao certo (cabe uma nota de rodapé aqui, caso alguém saiba). Reza a lenda que foi uma “veteranete” que estava embriagada e não conseguiu pronunciar direito a frase “DI Domina”.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Capítulo 22 - A festa do “trocado” - Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"

Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"


Capítulo 22 - A festa do “trocado”


            O presente capítulo teve um “parto” difícil. O desenvolvimento de novos livros de minha autoria, novos diários de viagem e uma gripe que me “quebrou as pernas” foram responsáveis pelo longo intervalo de produção entre o capítulo 21 e o capítulo que o leitor tem agora em mãos (ou na tela do seu computador, para ser mais específico). Além disso, a minha “meta” de leitura (incluindo uns seis ou sete livros de outros autores mais famosos, minha aquisição mais recente) impediu, de maneira considerável, o desenvolvimento de novas páginas do presente livro. Devo admitir que é muito mais “gostoso”, para mim, ler livros de outros autores do que escrever os meus próprios livros (que, talvez, nunca vejam a luz do dia, permanecendo no ostracismo). Mas, ainda assim, é muito bom escrever! Mesmo que meus livros não venham a ser publicados, é muito prazeroso produzir o meu próprio material, ao invés de, apenas, ficar apreciando o dos outros. O referido procedimento de produzir o próprio material não se limita apenas ao ato de escrever: também inclui a composição de músicas, a pintura, o aprendizado de novos instrumentos musicais e os esportes (que eu não pratico, mas admiro quem se dedica à atividade). “Pô, mas eu não faço nada disso, eu apenas trabalho, vou às ‘baladas’ nos fins de semana e fico atrás da mulherada!”. Meu amigo, não deixa de ser uma diversão (uma boa diversão, inclusive), mas e o seu legado? O que você produzirá para contribuir com a sua existência e fazer a diferença nesse mundo? E quando a “pipa não subir mais”?
            Voltando à nossa narrativa, infelizmente, cometi uma “gafe cronológica”: no capítulo anterior, já comecei a falar do ano de 2007, esquecendo de um acontecimento digno de nota, ocorrido ainda em 2006.  Estou me referindo à festa do “trocado”, evento utilizado para comemorar o aniversário de 24 anos de meu amigo Hughes. A saber: a festa do “trocado” consiste em homens se vestirem de mulher e mulheres se vestirem de homem. Simples assim! Tímido do jeito que eu sou, talvez fosse melhor eu ter suprimido conscientemente esse acontecimento de 2006, mas não posso privar meus leitores de um evento tão engraçado! Bom, engraçado agora, pois na época eu fiquei envergonhadíssimo em ter que me vestir de mulher, além das aprontadas de Marky.
            “Eu me recuso a ter que me vestir de mulher”: foi o que eu disse ao David, quando o mesmo me falou da referida “festa do trocado”. Expliquei que eu era muito tímido para fazer isso e “coisa e tal”, que isso não tinha nada a ver comigo. A partir daí, David me alertou: “o pessoal pode achar que você está com medo de se vestir de mulher e acabar gostando disso”. Claro que era pura conversa, uma espécie de “pressão psicológica”, mas na época eu caí na “lábia” do meu amigo. “Tudo bem, David, eu me visto de mulher então”: mudei de ideia quase que instantaneamente. Na mesma hora, minha querida amiga Terry estava com um casaco de veludo rosa em mãos (ela tinha trazido para alguém utilizar na festa) e disse que eu poderia fazer “proveito” dele. Um pouco acanhado, provei o casaco e disse logo em seguida: “Que aperto! Não serve para mim!” As meninas riram de mim e acho que foi a Líria quem comentou algo do tipo “não é que está apertado, é que roupa de mulher foi feita para se adequar às curvas do corpo da própria mulher, entende?” Não, eu realmente não entendia. Nunca tinha provado uma roupa feminina na vida. E, naquela primeira e única vez, eu não curti nem um pouco (contrariando a “conversa” de David). Mas não tenho e nunca tive nada contra quem se veste de mulher, só estou dizendo que não levo jeito, ou seja, não tenho nenhum preconceito.
            No decorrer da semana que antecedeu o fim de semana da festa (repeti a palavra “semana” duas vezes), ainda tive minhas dúvidas se eu compareceria ao evento (vestido de mulher) ou não. Aquilo não fazia o menor sentido para mim. Fiquei pensando no que algum conhecido imaginaria caso me visse me dirigindo até a festa, trajando uma roupa feminina (sem saber que aquilo era só uma brincadeira). Reputação! Era o fator que eu mais levava em consideração! Aquilo poderia acabar com a minha reputação! Por fim, comentei o caso com meu amigo Dezones, e o mesmo disse: “Larga de frescura: bota uma saia e vai se divertir”. Por fim, ele acabou me convencendo!
            Na data marcada, a turma se encontrou no apartamento de minha amiga May, para vestirmos as “fantasias” e, finalmente, “partir” para a festa. Marky não estava conosco, pois chegaria bem mais tarde. John não compareceria, pois tinha um outro compromisso na data. Tudo foi bem esquisito, no começo, quando chegamos à festa. Por outro lado, foi muito engraçado ver todo mundo vestindo roupas do sexo oposto. Várias amigas vieram “acariciar” o casaco de veludo rosa que eu estava utilizando (essa parte eu adorei) e Abraham, querendo “tirar uma” com David, disse que o mesmo tinha ficado muito bem de mulher e que, inclusive, “dava até para ele encarar”. Sem comentários! Eu ri muito, mas acho que David ficou um pouco assustado, achando que Abraham estava falando sério!
            Por fim, Marky chegou, vestido com uma espécie de “moletom feminino”. Juro, ele estava parecendo aquela empregada do desenho do “Tom & Jerry”! Ficou muito bom o traje dele, bem engraçado e criativo... No entanto, era óbvio que a roupa feminina ficou boa para ser utilizada na “festa do trocado”: era questionável a utilização da referida vestimenta fora do ambiente festivo. Achei que não teria necessidade de dizer isso ao Marky, mas eu deveria ter dito! Meu Deus, ou alguém deveria ter dito!
            Quando a festa terminou, eu retirei o casaco rosa e voltei a vestir a minha jaqueta de motoqueiro! Estava chovendo e, pelo que eu me lembro, fui buscar o carro (que estava um pouco longe), pois havia combinado de dar uma carona para Marky. E assim procedi. Quando Marky entrou no carro, eu realmente não percebi nada de diferente (talvez pela “pressa” de me livrar da chuva ou pela ambientação daquelas ruas escuras ou, ainda, pelo fato de estar aliviado por ter me livrado daquela roupa de mulher). Enfim, algo fez com que eu não percebesse que Marky ainda estava trajando a sua roupa feminina. Aí ele vira para mim e diz, naquela sua calma habitual: “Olha Bil, a fome está apertando e seria extremamente necessário você dar uma parada no Habibs, para eu pegar algumas esfiras (ou esfihas ou sfiras, vai saber como é o modo correto de escrever a referida palavra). Aí eu disse “Sem problemas” e... Bem, eu era meio “bocudão” naquela época e, na verdade, devo ter dito: “Porra, cara! Que saco, você come pra c..., hein?”, ou algo do tipo. Mas como o meu “pavio curto” não durava por muito tempo, acabei passando no Habibs (mas não deveria).
            Estacionei o carro bem em frente ao estabelecimento. E quando Marky desceu do veículo, finalmente percebi que o mesmo ainda estava vestido de mulher! E o local estava lotado! Meu Deus! Fiquei pensando na minha reputação, naquele lance de ter pessoas conhecidas no local e alguém ver a “empregada do Tom & Jerry” saindo de dentro do meu carro! Fiquei envergonhado e irado ao mesmo tempo! Para o pessoal que estava no Habib´s, no entanto, deve ter sido algo divertido, pois, por onde Marky passava, sempre era possível avistar alguém “morrendo de rir”. No meu caso, devido as minhas razões já citadas, eu não estava achando a menor graça.
            Depois de todo o “vexame”, finalmente Marky retorna “mó animadão”, trazendo uma embalagem lotada de esfiras (ou esfihas ou sfiras) e me pergunta:
            _ Bil, você está servido?
            Eu olhei para Marky com aquela cara de reprovação e respondi:
            _ Marky, meu filho, você sabe o que é reputação?
            _ Sim, claro! – Marky disse com naturalidade (fato que me deixou mais irritado ainda) – Reputação é o ato de se manter...
            E me explicou a porcaria da palavra “reputação”, nem se “tocando” do que eu realmente me referia.
            _ Marky, “peloamordedeus”, como você tem coragem de entrar no Habib´s vestido de mulher?
            _ Na verdade, não é a primeira vez que eu faço isso: durante o trote, eu me fantasiei de “Daiane dos Santos” e passei por aqui também  - Era verdade! Ele tinha feito isso mesmo, como se fosse a coisa mais natural do mundo!
            O trajeto até à casa de Marky, de carro, somava uns 20 minutos (mais ou menos) e, durante todo esse trajeto, ele foi ouvindo o meu sermão! Falei que, se ele viesse reclamar de mulher para mim (que tava sozinho e “coisa e tal”), tudo seria culpa daquele incidente, que poderia estragar a sua reputação! Ele não concordou, aí eu “chutei o balde”: “Marky, escuta só: se eu fosse um cara bonito, eu usava saia na rua... Quem teria coragem de zombar, me vendo com um monte de mulher a ‘tiracolo’? A gente é feio, cara! A gente tem só a nossa reputação e mais nada, entende? Mais nada!”. Na verdade, esse questionamento foi dito por Dezones em alguma ocasião: eu apenas repeti o mesmo para “tentar” convencer Marky. Não adiantou, pois algumas semanas depois ele sugeriu um trabalho onde ele se vestiria de mulher para fazer compras em algum supermercado, para analisar a reação das pessoas. E, além disso, para o terror de Denis, Marky afirmou que o mesmo possuía umas pernas bem torneadas!
            Posso dizer que hoje, ao me lembrar desses acontecimentos narrados, não ficou nenhum ressentimento de minha parte: pelo contrário, ainda dou muitas risadas das loucuras de Marky, cometidas na festa do “trocado”. No momento que termino essas linhas, espero ansiosamente a chegada dos “correios” com a minha encomenda: os quatro volumes de “Guerra e Paz”, do autor Leon Tolstói. Vem leitura nova por aí, gente! Conforme enfatizei, acho mais divertido ler do que escrever, mas... E o meu legado? Por isso não deixo de registrar minhas memórias... Apesar que, pensando melhor, que “raio” de legado é esse, onde eu conto uma história de um cara que se fantasia de mulher e vai ao “Habibs”?  
           



quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Capítulo 21 - Difícil falar de Design com um Designer - Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"


Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"

Capítulo 21 - Difícil falar de Design com um Designer



            Enquanto escrevo as presentes linhas, no meu aparelho de som está “rolando” um disco da banda Count Basie  (mais precisamente o disco de 1957). Claro, não é “punk” (meu estilo favorito) nem mesmo rock: trata-se de Jazz. “Quêêêêê!!! Você, escutando Jazz?” Sim, qual o problema? De qualquer forma, pode ser até surpreendente ver um garoto (como eu) que, na adolescência, trajava calças rasgadas e camiseta dos “Ramones”, hoje, escutando (e gostando) de Jazz. Pois é, as coisas mudam... No entanto, meu estilo preferido continua sendo o “Punk” (e o rock em geral): o Jazz, apenas, é mais um estilo que agreguei no meu “repertório musical” (melhor dizendo, “gosto musical”). Talvez seja a famosa “Metamorfose Ambulante” da qual o Raul Seixas falava... Acho que não é justo (comigo mesmo) me apegar a certos conceitos pré-definidos (ou preconceitos, do tipo “rockeiro só pode escutar rock”) e deixar de conhecer outros estilos, outras tendências...
            Mudando um pouco o foco da “narrativa” (mas tentando, ainda assim, estabelecer uma relação), na História da Arte, por exemplo, tivemos vários episódios onde um estilo de uma época qualquer (considerado a “regra absoluta”) ter sido totalmente questionado e substituído pelo estilo da época seguinte. Artistas (considerados “rebeldes”) cansaram de seguir regras pré estabelecidas e começaram a se aventurar em novas perspectivas (perspectivas consideradas, inicialmente, como sendo de “mau gosto”). No entanto, logo em seguida, o que foi considerado de “mau gosto” se transformou na nova tendência e se tornou “belo” (ou “feio”, mas um “feio” que não deixava de fazer parte da nova (e apreciada) tendência). A referida História da Arte faz parte do Design (ou, quem sabe, o Design faça parte dela): assim sendo, será que a disciplina possui regras absolutas e imutáveis? Acredito que não... Um trabalho que foi menosprezado hoje (por não se adequar às “regras atuais” do Design) pode, quem sabe, se tornar “revolucionário” no futuro. Retornando novamente ao foco do primeiro parágrafo, qual o problema de acrescentarmos os nossos conhecimentos pessoais (como, por exemplo, novas descobertas e novas experimentações) no campo do Design? Nos privar da maravilhosa arte de assimilação e experimentação proveniente das nossas novas descobertas? Bobagem...
            Mas nem todo mundo pensa assim...
            Quando 2007 chegou (nosso terceiro ano de Universidade), as disciplinas começaram a ficar cada vez mais interessantes. No entanto, começamos a ficar estudantes cada vez mais ranzinzas e intolerantes com o trabalho dos colegas. É claro que, no geral, as “regras” do Design devem ser respeitadas, mas se alguém desrespeitasse alguma (tanto por inexperiência (ou preguiça) como por ousadia), grandes discussões se iniciavam durante as aulas, muitas vezes provocando um certo desconforto ao pobres colega que havia desenvolvido o trabalho analisado. Passei, várias vezes, pelo referido desconforto, mas fico feliz por não ter causado o mesmo a ninguém (com críticas, construtivas ou não). Devo admitir, porém, que muitas vezes, em minha mente, formulei críticas e menosprezei vários trabalhos de amigos, trabalhos os quais não gostei (sim, não deixei de menosprezar, embora não tenha revelado minha “terrível” opinião publicamente e, assim, não posso ser “inocentado” da culpa). Porém, em um segundo momento (não sei explicar exatamente o que aconteceu; quem sabe, tenha sido a voz da consciência ou amadurecimento), além de continuar não fazendo críticas ao trabalho dos colegas direta e abertamente, pude “relaxar” minha mente e acabar com as “terríveis” opiniões que por meio dela eu formulava. Ou seja, quem era eu para julgar e dar um “veredicto final” ao trabalho de um amigo? Eu, por acaso, era o professor? Eu conhecia os verdadeiros motivos pelos quais o referido trabalho havia sido produzido? Quem sabe (e com certeza, isso ocorreu) o colega havia colocado “a sua própria alma” naquele trabalho? Ou seja, havia utilizado os seus sentimentos mais escondidos, as suas vivências, os seus medos, enfim, a sua própria vida para desenvolver aquele projeto? A maior parte das vezes, eu também procedi assim em minhas empreitadas.
            Parei com as críticas “íntimas”, fruto da minha mente e comecei a respeitar o trabalho dos amigos... Aquele desrespeito não tinha sentido... E eu também não era o “melhor Designer do Mundo”, fato que não justificava a minha atitude (e nunca desejei ser o “melhor Designer do Mundo”)... No entanto, mesmo que eu fosse o melhor, não era correto o menosprezo pelo trabalho dos outros (mesmo apenas em pensamento). Eu mesmo fui, muitas vezes, incompreendido e menosprezado. Conhecendo exatamente o sentimento de indiferença e sofrendo por causa disso, não poderia fazer o mesmo com os colegas. Seria muita hipocrisia de minha parte.
            Parei, também, de falar de Design com um Designer, fora do ambiente das aulas. Não valia a pena ficar discutindo, ninguém daria “o braço a torcer”: cada um, naquela altura, estava apenas interessado pelas suas ideias e tudo o que viesse de terceiros era, simplesmente, considerado lixo. “Hãããããããã?” Certo, peço perdão, talvez eu esteja exagerando um pouco: não era um desrespeito tão acentuado assim, mas eu achava melhor evitar o mesmo e não ficar com discussões a respeito de Design. E, realmente, nem todos eram desrespeitosos.
            Além disso, se eu amava a minha turma mais do que nunca, para que ficar com brigas desnecessárias? Sinto falta desse pessoal até os dias de hoje (e também dos professores)... Gostaria que nunca tivéssemos nos separado, mas no futuro isso seria inevitável... Afinal, após a faculdade, cada um seguiria seu caminho... Mas que dá saudade, dá saudade mesmo... Uma saudade ao som do Count Basie...