Livro: "A Era do ‘Make in
Touch' – Os anos Unesp sem censura"
Capítulo 18 – Nunca
brigue com o seu professor...
É engraçado como as coisas mudam
nessa vida... A idade chega, mas, para mim, o referido acontecimento só me
trouxe benefícios. É possível manter a paciência e a serenidade em qualquer
momento, em qualquer situação. A razão utilizada em seu “grau máximo”,
“balanceada” com os sentimentos. Surge aquele tipo de otimismo saído das
“entranhas”, surgimento que eu nunca havia imaginado que pudesse acontecer.
Acredito que o “ponto da virada” (para toda essa paz de espírito),
cronologicamente falando, aconteceu na época da “passagem”, ou seja, quando o
meu livro “Diários de Billy Winston” passou da primeira para a segunda parte
(pretendo comentar o referido fato mais para frente, para não atrapalhar a
cronologia do presente livro). Ao despertar pela manhã (ontem mesmo), imaginei
um esquema que representa tudo o que eu falei até aqui (referente à serenidade,
paz de espírito, enfim):
Otimismo----------------------------------1ª divisão
Espaço “em branco” para a ação do ser humano
Pessimismo-------------------------------2ª divisão
Não sei se o meu esquema pode ser
considerado pertinente ou não passar de uma grande “alienação”. Ou talvez, quem
sabe, alguém já tenha pensado nele antes de mim (se eu vi o mesmo em algum
lugar, juro que não me lembro; ficarei feliz, caso seja uma “inspiração
original” de minha parte, apesar disso não ser mais importante do que o seu
significado). Mas, o que significa esse esquema? Simples: imaginei eu mesmo
como ser humano em tempos passados, vagando entre o espaço compreendido entre a
1ª divisão (Otimismo) e a 2ª divisão (Pessimismo). Ou seja, infinitas
possibilidades de variação de humor: quando mais próximo da linha do Otimismo,
mais feliz eu estava; quando mais próximo da linha do Pessimismo, mais triste
eu me encontrava; se eu estivesse “alinhado” à 2ª divisão (ou seja, exatamente
em cima da linha do Pessimismo, que constitui o grau máximo do referido
sentimento), com certeza eu estava no “fundo do poço”; na minha situação atual,
acredito que eu, pelo menos na maior parte do tempo, esteja exatamente “alinhado”
à 1ª divisão, pertencente ao Otimismo e, por esse fato, estou sempre de bem com
a vida, por mais que ela seja cruel em certas situações.
“E qual o segredo para ficar sempre
alinhado à linha do otimismo e estar sempre de bem com a vida?”, o leitor deve
estar perguntando. Infelizmente, não tenho como responder a pergunta com
precisão: afinal, são tantos seres humanos, tantas diversidades de caráter,
tantas aptidões diferentes; ou seja, cada um deve tentar encontrar, com
paciência, o seu próprio caminho para a felicidade. O máximo que eu posso fazer
é explicar como eu consigo me manter no caminho da felicidade, pelo menos na
maior parte do tempo: me dedicar, de corpo e alma, às coisas que eu gosto (a
maior parte delas inseridas no campo da arte, como a literatura, desenho,
pintura e música). Exercendo tantas atividades, para mim tão prazerosas, a
minha mente “não tem tempo” de se alinhar à linha do Pessimismo e,
consequentemente, a vida será sempre tão interessante. A parte mais legal de
toda essa “empreitada” são os amigos que possuem os nossos mesmos gostos e com
quem podemos trocar ideias, estabelecendo um convivência saudável e duradoura.
Resumindo: não dê tempo para a sua mente ficar pensando em “bobagens”, não
permita que ela se aproxime (ou se alinhe) à linha do Pessimismo, exerça as
suas atividades favoritas e divida as suas satisfações com os amigos.
“Quer dizer, então, que você nunca
fica com raiva? Quer dizer, então, que eu posso lhe ‘xingar’ e ‘ser grosso’ com
você à vontade, que você não vai se importar?”, eu sabia que algum leitor faria
essa pergunta. É óbvio que eu me sentirei (muito) ofendido com esse tipo de
“grosseria” e, com certeza, ficaria algum tempo próximo à 2ª divisão
(Pessimismo). Mas, com certeza, a mudança de divisão (ou seja, a transição de
“pessimismo” para “otimismo”) seria muito mais rápida, ao se adotar o
procedimento “de estar de bem com a vida”, conforme relatei acima. Ou seja,
seria uma transição mais rápida entre o momento da ofensa (ou ”grosseria”) e o
retorno às coisas que eu amo (e, consequentemente, o retorno aos amigos com
quem eu me importo). Não existiria mais aquele “lance” de ficar se “remoendo”
por vários dias, por causa da ofensa.
Por falar em ofensas, qual a sua
atitude quando, inesperadamente, alguém chega até você “com uma pedra em cada
mão” e destila os maiores insultos contra a sua pessoa? “Me dá vontade de
xingar e até ‘bater’ na pessoa, só não faço isso para não perder a compostura”,
o leitor deve estar refletindo. Pois é, quando você toma essa atitude com o seu
professor, ele também tem o mesmo sentimento. Finalmente, chegamos ao assunto
principal do capítulo (até que enfim!).
Em meados de 2006, no primeiro
semestre do referido ano, minha classe teve vários problemas com o professor de
Semiótica (Joe Vincent). Eu (assim como várias pessoas), particularmente
falando, nunca guardei nenhuma mágoa por algum erro que o professor tenha
cometido (afinal, todos, como seres humanos, estão sujeitos aos erros, frase
que virou “clichê” já faz muito tempo). Pelo contrário, eu respeitava o
professor Vincent, pois o mesmo sempre me tratou com educação. Além disso, eu
achava muito legal o seu senso de humor “ácido” e irreverente. No fim do semestre, juntamente com Marky e
John, conversamos com o professor Vincent a respeito do trabalho final:
estávamos pensando em criar uma animação, onde várias linhas fossem desenhando
vários elementos, culminando com o logo da faculdade ao final da exibição. O
professor gostou muito da nossa ideia, deu várias sugestões e, assim como nós,
pareceu bastante empolgado com o projeto.
Final do semestre, nosso tempo
bastante escasso (por causa da enorme quantidade de trabalhos de outras
disciplinas), mas, ainda assim, teríamos um domingo livre para podermos
desenvolver o trabalho final de semiótica. Até que aconteceu o desentendimento,
durante a aula, entre o professor Vincent e a maior parte da classe (que era
formada pelas duas turmas de Design, ou seja, Programação Visual e Projeto de
Produto). Não gostaria de me “alongar” muito a respeito do desentendimento e
nem poderia, pois, realmente, não me recordo, ao certo, o que aconteceu (pelo
que me lembro, era uma discordância da classe em relação ao próprio trabalho
final). Aconteceu que, na aula da semana seguinte, o professor chegou à classe
com uma proposta de um relatório (gigantesco) que deveria ser entregue
juntamente com o trabalho (e que não estava nos planos, pelo menos antes do
desentendimento). Não quero acreditar nessa hipótese, mas muitos diziam que
seria uma espécie de vingança por parte do professor, que gerou ainda mais
animosidade (incluindo até um suposto abaixo-assinado).
Quanto ao meu grupo de trabalho (eu,
John e Marky), nosso primeiro pensamento foi: “Ferrou, não vai dar tempo de
fazer a animação, vamos ter que fazer um trabalho mais simples, o relatório vai
tomar quase todo o nosso tempo disponível”. Porém, num segundo momento, a nossa
atitude foi “vamos ter uma conversa (amigável) com o professor”. Naquele tempo
eu, particularmente, não chegava nem perto da teoria entre a linha que
separa o otimismo do pessimismo (explicada acima). Porém, no que se refere ao
diálogo amigável com as pessoas (no caso, nossos superiores), posso dizer,
modéstia a parte, que eu “tirava o procedimento de letra” (juntamente com Marky
e John, que compartilhavam comigo o referido procedimento). Ou seja, no
decorrer do curso, nunca tivemos nenhum desentendimento com qualquer professor.
Enfim, fomos até o professor e, educadamente, explicamos toda a situação
(precisávamos de tempo para fazer a animação, o relatório tomaria muito tempo,
etc). Após toda a nossa “explanação”, o professor simplesmente disse: “Sem
problemas, não precisam entregar nenhum relatório, vamos trabalhar apenas na
animação, ela vai para a rede”. Problema resolvido! Agora, imaginem se nós tivéssemos “colocado o
dedo no nariz do professor”: certamente ele iria nos julgar “mal educados”,
ficaria estressado e concluiria “Por que eu deveria ajudar as pessoas que me
maltratam?”.
Concluindo, se você não aprendeu o
referido procedimento, nunca é tarde para incorporá-lo em sua vida. Qual
procedimento? “Com o professor (ou gerente, ou chefe, ou coordenador) nunca se
briga: sempre se conversa amigavelmente”, eis aqui a “máxima” do presente
capítulo. Pode ser que, conversando educadamente, você não consiga mudar a
opinião do seu superior, mas, pelo menos, ele não vai guardar mágoa de você e,
em uma outra oportunidade, pode até “acatar” as suas sugestões.
Nossa! O presente capítulo deu
trabalho, ficou enorme... Assim, peço ao leitor que não façam que todo o meu
trabalho tenha sido em vão: reflitam sobre tudo o que eu falei. Adquirindo toda
essa “carga” a qual me referi exaustivamente nessa “narrativa”, vocês irão
perceber que aquilo que várias pessoas chamam de “o segredo da vida” ou “o
segredo da felicidade” simplesmente está nas mãos de cada um. Basta praticar...