Livro: "A
Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"
Capítulo 27 – A
formatura
Depois de uma temporada inteira se
dedicando ao Projeto de Conclusão (como expliquei no capítulo anterior),
finalmente o dia da formatura chegou. Tive a oportunidade de, pela primeira
vez, usar uma beca (aquela roupa do tipo “Bobby volta para casa”, popular jogo
de Atari). Muitas coisas interessantes aconteceram no referido dia.
Encontrei meu amigo Hughes logo que
cheguei ao “Guilhermão”, palco onde ocorreria a “colação de grau”. Perguntei a
ele “E aí, tudo bem?” e ele, carrancudo, me respondeu “Tudo bem nada, acabei de
pisar numa bosta de cachorro”. Depois disso, Hughes (esfregando o pé no chão
sem parar) se dirigiu ao barzinho que havia nas proximidades, para tomar um “pé
queimado” (acho que era esse o nome da bebida). Uma bebida para relaxar, antes
do início da “colação”.
Pouco depois, foi organizada uma
fila para a entrada triunfal dos formandos, organizada por um dos funcionários
da administração. Depois de cumprimentar o mesmo, comentei que era um alívio
quando ele nos atendia na administração, visto que ele era o único que nos
tratava com respeito (nós, os alunos). Nunca entendi a frieza e o descaso dos
outros funcionários, nunca descobri o porquê de tanto ódio para com os
universitários.
Um fato muito curioso aconteceu no
decorrer da formatura. Um “veterano” e uma ‘veteranete’ (que estavam se
formando também) me perguntaram se era eu quem estava naquele episódio da fuga
dos “bixos” da República Vinoma (vide capítulo 4). Respondi que “sim” e eles me
pediram desculpas pelo ocorrido. Fiquei surpreso, eles estavam sendo sinceros,
estavam arrependidos daquele fato que foi tão terrível para mim e para os meus
amigos. Para terminar a conversa, o veterano me disse que, no final das contas,
não havia a menor diferença entre um “bixo” (no caso, eu) e um “veterano” (no
caso, ele), já que nós dois estávamos nos formando no mesmo dia, na mesma
ocasião, sem diferenças.
E, assim, terminou a minha
“participação” como aluno de Design na Unesp. Restava agora saber como seria o
meu futuro. Conseguiria um emprego na área? Trabalharia por conta própria ou
seria um assalariado? Na verdade, é muito estranho pensar por tudo o que passei
não só no período da faculdade, mas em momentos anteriores ao meu ingresso na
mesma: em outros tempos, fui um um karateka, depois um rockeiro punk de calças
rasgadas, em seguida um guitarrista de rockabilly... Enfim, foram tantas ocupações! Porém, eu
nunca imaginei que, um dia, eu seria um “universitário designer” que,
posteriormente, seria um formando na referida área. Mas pretendo falar a respeito
do assunto no próximo capítulo (que, provavelmente, será o último).