quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Capítulo 27 – A formatura - Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"

Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"

Capítulo 27 – A formatura



            Depois de uma temporada inteira se dedicando ao Projeto de Conclusão (como expliquei no capítulo anterior), finalmente o dia da formatura chegou. Tive a oportunidade de, pela primeira vez, usar uma beca (aquela roupa do tipo “Bobby volta para casa”, popular jogo de Atari). Muitas coisas interessantes aconteceram no referido dia.
            Encontrei meu amigo Hughes logo que cheguei ao “Guilhermão”, palco onde ocorreria a “colação de grau”. Perguntei a ele “E aí, tudo bem?” e ele, carrancudo, me respondeu “Tudo bem nada, acabei de pisar numa bosta de cachorro”. Depois disso, Hughes (esfregando o pé no chão sem parar) se dirigiu ao barzinho que havia nas proximidades, para tomar um “pé queimado” (acho que era esse o nome da bebida). Uma bebida para relaxar, antes do início da “colação”.
            Pouco depois, foi organizada uma fila para a entrada triunfal dos formandos, organizada por um dos funcionários da administração. Depois de cumprimentar o mesmo, comentei que era um alívio quando ele nos atendia na administração, visto que ele era o único que nos tratava com respeito (nós, os alunos). Nunca entendi a frieza e o descaso dos outros funcionários, nunca descobri o porquê de tanto ódio para com os universitários.
            Um fato muito curioso aconteceu no decorrer da formatura. Um “veterano” e uma ‘veteranete’ (que estavam se formando também) me perguntaram se era eu quem estava naquele episódio da fuga dos “bixos” da República Vinoma (vide capítulo 4). Respondi que “sim” e eles me pediram desculpas pelo ocorrido. Fiquei surpreso, eles estavam sendo sinceros, estavam arrependidos daquele fato que foi tão terrível para mim e para os meus amigos. Para terminar a conversa, o veterano me disse que, no final das contas, não havia a menor diferença entre um “bixo” (no caso, eu) e um “veterano” (no caso, ele), já que nós dois estávamos nos formando no mesmo dia, na mesma ocasião, sem diferenças.
            E, assim, terminou a minha “participação” como aluno de Design na Unesp. Restava agora saber como seria o meu futuro. Conseguiria um emprego na área? Trabalharia por conta própria ou seria um assalariado? Na verdade, é muito estranho pensar por tudo o que passei não só no período da faculdade, mas em momentos anteriores ao meu ingresso na mesma: em outros tempos, fui um um karateka, depois um rockeiro punk de calças rasgadas, em seguida um guitarrista de rockabilly...  Enfim, foram tantas ocupações! Porém, eu nunca imaginei que, um dia, eu seria um “universitário designer” que, posteriormente, seria um formando na referida área. Mas pretendo falar a respeito do assunto no próximo capítulo (que, provavelmente, será o último).