domingo, 26 de agosto de 2012

Capítulo 19 - Como era o “download” na década de 80 ? - Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"


Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"


Capítulo 19 - Como era o “download” na década de 80 ?


            Isso mesmo! O título fala por si mesmo! Não foi com o “lançamento” da internet que o referido procedimento surgiu. “Mas por que ele está falando nesse assunto? O livro que eu estou lendo não é sobre os anos Unesp?”: o leitor, certamente, está perguntando. Na verdade, estou tocando no assunto pelo fato de ter apresentado um seminário na Unesp (juntamente com John e Marky) falando sobre a história dos computadores. E sobre o referido tipo de download, infelizmente, acabamos nos esquecendo de explicá-lo no seminário (justamente um dos assuntos mais legais).  Então, decidi falar dele no presente capítulo.
        A ideia do seminário sobre os computadores surgiu quando a professora Leidy, que ministrava as aulas de “História do Desenho Industrial”, propôs um trabalho onde cada grupo deveria escolher um objeto e contar a sua história, desde os primórdios. No ato, lembrei dos meus computadores antigos que ainda guardo com carinho (um Msx Hotbit e um Pc XT) e perguntei a John e Marky o que eles achavam de um trabalho sobre a História dos Computadores (equipamento tão popular nos dias de hoje), com direito à exposição dos meus velhos equipamentos na sala de aula. Os dois acharam a ideia muito boa e, assim, começamos a preparar o conteúdo da apresentação, desde os tempos do ábaco (considerado, por muitos, o primeiro computador) até os computadores mais atuais. E no dia do seminário, instalei, na sala de aula, meu velho Pc XT (com direito à uma demonstração do seu barulho de “turbina de avião”, ao ser ligado) e o meu MSX. Um fato que me deixou um pouco desapontado (estou exagerando, não é para tanto) é que a maior parte do pessoal achou que o MSX era um videogame, pelo fato de ser ligado direto em uma TV (na época de seu lançamento, os monitores eram monocromáticos e, por esse fato, utilizávamos a TV para desfrutar de suas cores). Quando o seminário começou e, finalmente, pude apresentar a minha parte (referente aos computadores da década de 80), entendi o motivo do engano (referente ao monitor improvisado): apesar de ter sido muito popular no Brasil, boa parcela de meus amigos nunca tinha ouvido falar de um MSX (pelo fato de serem mais novos que eu). Justificando esse desconhecimento, foi com assombro que eles receberam a informação referente ao armazenamento de dados, realizado por meio de Fita Cassete (isso mesmo, a mesma utilizada para gravar músicas). A Fita Cassete era uma alternativa “barata” para quem não tinha condições de comprar os drives que utilizavam “disquetes”. No entanto, o armazenamento de programas em fita cassete, apesar de ser uma alternativa barata, não era a mais eficiente. Na maior parte dos programas, o carregamento demorava cerca de 10 a 15 minutos (alguns demoravam até mais), isso quando não aparecia a mensagem irritante de “Erro Periférico” e era preciso rebobinar a fita, iniciando o carregamento desde o princípio. E aqui, finalmente, com essas últimas explicações, posso falar do assunto referente ao download na década de 80 (o qual esqueci de relatar no seminário).
            O que aconteceria se pegássemos uma Fita Cassete com um programa de computador e colocássemos para tocar em um aparelho de som convencional? Eu já fiz isso e o resultado é um ruído ensurdecedor que sai das caixas de som. Apesar de eu não saber explicar em termos mais técnicos todo o processo, é justamente o referido ruído que contém todos os dados para o carregamento do programa. As Fitas Cassetes eram uma verdadeira decepção no carregamento de programas, porém era possível transmitir, via rádio FM, o referido ruído que elas proporcionavam. Assim, se você estivesse em sua casa, bastava sintonizar a rádio FM e gravar todo ruído transmitido em uma Fita Cassete qualquer. Em seguida, era só colocar a mesma em seu computador e mandar carregar o programa. Pronto, era assim o download naquela época! E não estou “viajando na maionese”, pois existiam algumas rádios universitárias, na época, que realmente transmitiam os programas para os seus alunos via rádio FM. Eu, particularmente, não tive a chance de realizar o experimento (pois fiquei sabendo do mesmo muitos anos depois, quando os disquetes já “dominavam”). Porém, desfrutei da oportunidade de ver o meu pai unindo dois “toca-fitas” (naquele tempo ainda não existiam os aparelhos com “duplo deck”, ou seja, com dois gravadores) e gravando o ruído dos programas de uma fita para a outra (para fazer “back-up” dos referidos programas).
            Pois é! E nos dias de hoje, às vezes, eu ainda reclamo quando o computador fica lento! A lentidão de hoje seria considerada “a velocidade da luz” na década de 80. Apesar disso, a época dos primeiros computadores pessoais me deixou muitas saudades!