sábado, 26 de outubro de 2019

Capítulo 11 – Você já foi eternizado por alguém? - Livro: O livro do amor para os corações solitários


Livro: O livro do amor para os corações solitários

Capítulo 11 – Você já foi eternizado por alguém?



Finalmente, o ano de 1995 chegou. Foi o ano da formação da minha primeira banda, que, de início, era bem rudimentar. Demoraria ainda muitos anos para ela melhorar a sua sonoridade, porém os primeiros passos haviam sido dados. Tudo tem o seu começo! Naquela época, contando alguns meses já passados, o meu contato com Pam e Cindy havia sido bem escasso. Porém, com a formação da banda e as “brincadeiras dançantes” sendo substituídas por “showzinhos ao vivo” do nosso inexperiente conjunto, as duas lindas garotas voltaram a conviver com a nossa turma mais uma vez. Vou explicar melhor todo o contexto.
Antes de 1994 terminar, Sandy e sua amiga Lisa formavam a minha amizade com, digamos, a “ala feminina” de nossa rua. Pudera, Sandy namorava um dos meus melhores amigos, o Adam Ball, que seria o baixista da minha banda. E Lisa havia se apaixonado por mim, porém nunca rolou nada entre nós: não por falta de vontade de ambas as partes, mas por motivos que eu não gosto muito de comentar. Lisa e Sandy eram rivais diretas de Pam e Cindy, e muitas brigas ocorreram entre elas, conforme relatei. Até mesmo algumas brigas físicas. Infelizmente, ocorreu um desentendimento muito sério entre Sandy e Lisa, e as duas cortaram relações de amizade. Não vem ao caso comentar o motivo, mas eu tomei o partido de Sandy, pois ela estava com toda a razão. Talvez eu devesse ter um pouco mais de tato nesta situação: Lisa realmente era uma pessoa muito difícil, mas ainda assim éramos amigos. Como fiquei do lado de Sandy, Lisa cortou suas relações comigo também e se afastou para sempre de nosso grupo, apesar de ter me mandado alguns bilhetinhos de amor posteriormente, querendo reatar a amizade. Eu até estava disposto a fazer as pazes com Lisa, mas infelizmente não ocorreu nada propício que facilitasse o nosso entendimento. Pouco tempo depois, para surpresa geral de todos, Adam Ball e Sandy terminaram o namoro. Resumindo: Adam ficou sem a Sandy, e eu fiquei sem a Lisa. E assim terminou 1994, o ano mais especial da minha vida. Especial pelo fato de conhecer um grande amor, a minha doce Pam, que estava meio sumida naquele fim de ano. Mas as coisas iriam mudar.
Voltando à 1995, no início daquele ano, algo surpreendente aconteceu, contrariando todas as expectativas: eu me apaixonei por Cindy. Como eu disse anteriormente, apesar de termos “ficado” duas vezes, não tínhamos nenhum vínculo de amizade em 1994, pelo fato de não conversarmos muito. Porém, a partir do momento em que finalmente nos aproximamos para finalmente ter uma conversa (foi em um dos nossos primeiros shows), pude perceber o quanto ela era uma garota especial. Especificando um pouco mais os detalhes de nossa conversa, Cindy assumiu uma postura bem parecida que Ingvill teve em relação a minha pessoa: muitos abraços, beijos e elogios. Uma garota que lembrava Ingvill e que ainda por cima teve um comportamento parecido com a mesma: era inevitável não me apaixonar por ela. Eu jamais descobri o porquê dessa mudança de comportamento tão brusca de Cindy em relação a mim, e também nunca perguntei o motivo. Porém, eu não “ficaria” mais com ela, já que ela estava “ficando” com meu amigo Son e estava perdidamente apaixonada por ele. No entanto, a minha nova amizade com Cindy traria Pam, novamente, de volta ao nosso meio. De início, fiquei realmente cheio de dúvidas, pois eu não sabia se amava Pam ou se amava Cindy. Ou, talvez, as duas. Porém, com o passar do tempo, percebi que, apesar de adorar Cindy, meu verdadeiro amor era Pam. Ela continuava simpática como sempre e estava ainda mais bonita do que na época em que a conheci. Pam adorava a música “Diana”, do Paul Anka. Em todos os nossos shows (que aconteciam, na maioria das vezes, em casa de Jim, então nosso baterista), eu sempre tocava “Diana” e oferecia a referida música para Pam. Até os dias de hoje, quando ouço ou toco “Diana”, eu me lembro de Pam e me emociono.
Nesse meio tempo, foi lançado um disco póstumo da banda Nirvana (o acústico) e Jim me chamou para ouvirmos juntos, já que ele havia comprado o mesmo. Quando estávamos no portão de sua casa, Pam e Cindy apareceram e acabamos convidando as duas para ouvir o disco conosco. Outro amigo meu, o Alm, apareceria algum tempo depois. Ouvimos uma parte do disco do Nirvana e Pam sugeriu que colocássemos algumas músicas lentas, para podermos dançar e relembrar os bons tempos das “Brincotes”. Jim então colocou a música “Since I don´t have you”, gravada pelo Guns n´ Roses. Percebam como a dança era um elemento importantíssimo para a nossa geração, como já comentei em capítulos anteriores. Então dancei com Pam e Cindy. Após a música terminar, Pam sentou-se na cama de Jim e, de maneira sedutora, pediu que eu me sentasse no colo dela. Achei estranho e ao mesmo tempo prazeroso aquele pedido, e então realizei aquele desejo inusitado de Pam. Assim que me sentei em seu colo, ela me abraçou com ternura e pude sentir a sua respiração palpitante, já que ela encostava seu rosto em minha nuca. Pam estava em estado de êxtase. Eu também sentia muito prazer naquela situação tão diferente. Por fim, me deitei ao lado de Pam, Cindy também deitou ao meu lado e as duas me abraçaram. Naquele momento, eu realmente tive a verdadeira consciência de como eu amava aquelas duas garotas. Porém, o meu desejo e meu amor por Pam, como disse anteriormente, eram mais fortes e escolhi a mesma (no caso, entre ela e Cindy) para poder beijar naquele momento. Quando nossos lábios se uniram de maneira apaixonada, todo aquele sentimento ocorrido durante o nosso primeiro contato (em 1994) vieram à tona mais uma vez. Tive certeza que Pam, a garota dos meus sonhos, sem dúvida nenhuma, era um dos grandes amores da minha vida. Sim, um dos meus grandes amores: não posso ser injusto com Ingvill, que também amei intensamente. Quanto à Cindy, apesar de minha grande atração por ela, no final das contas nos tornamos os melhores amigos do mundo, isso até os dias de hoje.
Por fim, preciso comentar algo muito interessante que, inclusive, é o título do presente capítulo. Com a criação da minha banda, comecei aquele processo de compor minhas próprias canções. Assim, em várias músicas, tive como inspiração os grandes amores da minha vida. Ao longo dos anos, muitas músicas surgiram, letras feitas em homenagem à Pam, Cindy, Ashley e, a canção que ficou a mais popular de todas, feita especialmente para Ingvill (tenho um clipe da referida música no You Tube, inclusive). Só não fiz (ainda) uma composição para Naomi e Desiree. A partir de tudo isso, quero explicar a ausência de algo na vida da maioria das pessoas, que não é assim tão grave. Porém, se este algo fosse presente na vida de todas essas pessoas, seria um fato muito especial, sem sombra de dúvida. E que “algo” seria esse? Simples: você ser eternizado na letra de uma canção. Não importa se a canção é simples, se não fez sucesso, se poucas pessoas escutaram e, quem sabe, até mesmo que não seja lá uma grande canção. Não importa! Ser eternizado na letra de uma música é uma das coisas mais significativas que pode acontecer nessa vida, algo que muitas pessoas jamais terão o prazer de sentir. Eu mesmo jamais tive o privilégio de ser lembrado na letra de uma canção. É algo muito difícil de acontecer, visto que nem todo mundo que nos rodeia é músico. Eternizei várias garotas amadas em minhas composições e ficaria muito feliz em ser eternizado também, mas isso ainda não ocorreu. Mas não podemos jamais perder as esperanças.

sábado, 19 de outubro de 2019

Capítulo 10 - Nos braços da garota dos meus sonhos - Livro: O livro do amor para os corações solitários

Livro: O livro do amor para os corações solitários

Capítulo 10 - Nos braços da garota dos meus sonhos



Acabei ficando com Cindy mais uma vez, em outra “brincadeira dançante” ocorrida na casa de Jim. Depois desse fato, praticamente foram cortadas todas as minhas relações com Cindy, pelo menos naquela época (1994). Não que houvesse ocorrido algum desentendimento entre nós. Pelo contrário, nunca houve, na verdade, um diálogo entre nós, tanto para o bem como para o mal. Dessa forma, fica difícil manter uma relação ou, até mesmo, uma amizade com uma pessoa que você não converse muito. Eu tinha até dificuldade em me lembrar do tom de voz de Cindy, a partir das pouquíssimas palavras que ela me proferiu. E, vamos ser sinceros: inicialmente, eu não havia causado um impacto considerável em Cindy, por mais doloroso que seja pensar nisso nos dias de hoje. Em compensação, a minha amizade com Pam estava a cada dia mais forte. Uma amizade com a garota dos meus sonhos...
Naquela semana, eu estava andando de bicicleta e ouvi uma voz me chamando. Era Pam, que se encontrava em frente à sua residência. Pam estava de óculos e com o seu caderno de poesias em mãos, como sempre. Ao me aproximar, Pam me abraçou com ternura e começamos a conversar. Em um dado momento, Pam pediu para que eu esperasse um pouco e chamou um vizinho dela que estava ali, naquele momento. E disse algo em seu ouvido, com um enorme sorriso no rosto. O garoto, em seguida, me chamou de lado e disse as palavras mais animadoras que eu jamais havia imaginado escutar: “Billy, a Pam está querendo ficar com você”. Sim, a garota dos meus sonhos desejava ter um momento de intimidade comigo. Fiquei tão feliz com aquele fato e, com uma emoção que não consigo explicar, perguntei: “Pam, é verdade que você quer ficar comigo?” E ela confirmou: “Sim, Billy, eu quero muito”. Eu acho que o desejo de ambas as partes em ficar era tão grande que foi muito estranho não nos beijarmos ali mesmo. Achamos mais sensato ficarmos na próxima “Brincote”, que ocorreria na casa de Paul.
Por falar nisso, como ficaria Paul ao saber do início de meu romance com Pam? Imaginei que não ocorreria nenhum problema, mesmo considerando o fato de Paul estar ficando com Pam naquela época. E realmente não ocorreu, pois, além de ter conhecimento de que não era nada sério entre os dois, eu sabia quem era a garota que Paul amava verdadeiramente: era Sandy, sua vizinha. Jim também a amava. Porém, ela acabou namorando com Adam Ball posteriormente, para a tristeza de Paul e Jim. Sandy era a garota mais cobiçada da rua, por causa de sua beleza. Para a maioria dos garotos, ela era a número um, sem sombra de dúvida. Confesso que eu fiquei muito encantado quando a conheci, porém a presença de Pam, em minha vida, ofuscou o referido encantamento. Em algumas ocasiões, eu até me aproveitava da presença de Sandy para poder cortejar Pam com mais liberdade. Pudera, Sandy virava o centro das atenções quando estava presente e, assim, Pam ficava livre do assédio dos outros garotos. E eu ficava sem concorrentes. Simples assim! Não posso deixar de citar que isso foi um dos motivos para existir uma rivalidade muito forte entre Pam e Sandy. As duas chegaram até mesmo a brigar fisicamente. Certa vez, Pam me questionou pelo fato dos demais garotos não ligarem mais para ela e ficarem cortejando Sandy quando esta estava presente. E eu afirmei, categoricamente: “Pam, para mim você vai ser sempre a número um”.
Enfim, chegou o dia da “brincadeira dançante” na casa de Paul. Em determinado momento da festa, eu me sentei no sofá da sala, quando Pam finalmente chegou e sentou-se na outra extremidade. E disse: “Billy, senta aqui perto de mim”. Assim, me aproximei dela, abracei aquele corpo feminino tão escultural e nossos lábios acabaram se unindo num beijo apaixonado. Pronto, minha vida estava completa! O mundo poderia até mesmo acabar naquele instante, já que eu vivia o momento mais sublime de toda a minha existência!
Vamos agora a alguns questionamentos. Vamos falar mais uma vez sobre o lance da atração entre duas pessoas (já discutido no primeiro capítulo). A atração entre Pam e eu era realmente muito forte, sem dúvida nenhuma. Porém, fico imaginando que Pam, aproveitando a sua beleza, pudesse até mesmo optar por outro garoto que tivesse algumas qualidades físicas que eu não tivesse (tipo um cara mais forte ou mais bonito). Mas, será que esse garoto “superior” a amaria do jeito que eu a amei? Será que seria vantagem ela ficar com ele e não comigo? Fico muito feliz pelo fato de Pam ter escolhido à essência ao invés da aparência. Conforme meu amigo Dezones citou, certa vez, com suas próprias palavras: “Se a aparência revelasse a essência, não existiria a ciência”. 


sábado, 12 de outubro de 2019

Capítulo 9 – Pasmem: dançar a dois, atualmente, é considerado uma babaquice - Livro: O livro do amor para os corações solitários


Livro: O livro do amor para os corações solitários

Capítulo 9 – Pasmem: dançar a dois, atualmente, é considerado uma babaquice



Dois fatos marcantes aconteceram na passagem de 1993 para 1994. O primeiro, foi que meu pai adquiriu o nosso primeiro aparelho de cd, fato que estimulou a compra de cds de novas bandas que eu ainda não ouvia. Acabei virando um colecionador de cds de rock. O segundo fato foi assistir ao filme “Beatles, nasce um sonho”, que aumentou ainda mais a minha vontade de montar uma banda. Mostrei o filme ao meu amigo e vizinho Jim e ele também gostou.
Quando 1994 finalmente chegou, um grupo de garotas começou, aos poucos, a se enturmar com a minha “gangue” de amigos. Na verdade, podemos dizer que eram vários grupos de garotas, que geralmente não se davam bem entre si. Em algumas situações, ocorriam até mesmo brigas entre elas, tanto verbais como físicas. No entanto, eu me dava bem com todas as “facções”, apesar da minha timidez que, aos poucos, foi sendo amenizada. Isso pelo fato das minhas novas amigas me tratarem muito bem (algumas até “bem demais”, como vou explicar no decorrer do presente capítulo). Como as coisas estavam fluindo muito bem, isso incentivou minha turma a organizar algumas das chamadas “festas dançantes” ou “Brincotes”, muito populares nas décadas de 80 e 90, que ocorriam em minha casa ou na casa de Jim.
O ritmo que fazia sucesso entre os jovens, naquela época, era a Dance Music. Eu simplesmente detestava! Porém, nas “Brincotes”, para a minha felicidade, além da Dance, rolava também músicas lentas e românticas, para se dançar a dois. Inclusive, as músicas que compunham a fita cassete das lentas eram escolhidas por mim. Agora preciso falar algo que nunca ouvi ninguém comentar. Hoje em dia, nas festas, pelo menos as que eu frequento, não existe mais o hábito de dançar a dois, aquele lance de dançar abraçado, com o rosto colado ao de uma garota. Será que a geração atual não curte esse tipo de intimidade? Resolvi perguntar a um amigo meu (que é mais novo) e ele me disse que é um hábito que não existe mais nos dias de hoje. Inclusive, falou que se eu fosse à alguma festa e sugerisse uma dança desse tipo, as outras pessoas ririam da minha cara, pois dançar junto é uma coisa muito babaca. Não acredito! Aí, eu retruquei: “Peraí, você está dizendo que dançar juntinho à uma garota (quem sabe, uma garota que você até mesmo ame) é um negócio babaca? Como assim? Isso é sério?”. Meu amigo, então, pensou um pouco, mas ficou sem resposta por um tempo. Depois disse: “É, deveria ser algo legal naquela época, mas hoje...”. Os tempos mudaram, drasticamente, no que diz respeito ao romantismo.
A primeira “Brincote” foi realizada em minha residência e, praticamente, não teve Dance Music: o que predominou foram as músicas românticas. Não demorou muito e logo se formaram vários casais, no intuito de dançar na nossa improvisada pista de dança, localizada no quintal de minha casa. Até aquele momento, eu estava tímido no meu canto, quando avistei uma garota, na garagem de minha casa, que também não dançava com ninguém. Eu ainda não tinha consciência de que havia avistado um dos grandes amores de toda a minha vida. Seu nome era Pam. Eu a conhecia de vista, porém fazia algum tempo que não a via. Reparei que ela havia sofrido, nesse meio tempo, uma drástica transformação: de uma garotinha ela havia se tornado uma linda mulher. Ela era tão linda quanto Ingvill, apesar de não lembrar em nada a mesma (por exemplo, Pam tinha cabelos negros, enquanto Ingvill tinha cabelos loiros). Fiquei tão fascinado com a beleza de Pam que, surpreendentemente, minha timidez simplesmente desapareceu e eu me aproximei dela, convidando a mesma para dançar. E, para minha felicidade, ela aceitou! Não consigo definir com palavras o meu prazer em estar tão próximo de uma garota tão bonita, que naquele momento me abraçava até mesmo com uma certa ternura. Ficamos dançando por algum tempo mas, infelizmente, ela disse que precisava ir embora, pois tinha horário marcado para chegar em casa, já que era noite. Seus pais, inclusive, eram muito rígidos em relação a isso. Então nos despedimos. Mesmo ela indo embora tão cedo, aquela dança com Pam havia representado muito para mim. Lembremos aquela frase de Saint-Exupéry, que pode definir o meu estado de espírito naquela aproximação com Pam: “Ao partir, deixamos as ternuras para trás com um doloroso aperto no coração, mas também com um estranho sentimento de tesouro escondido sob a terra”.
Mais para o final da festa, tive a oportunidade de dançar com a melhor amiga de Pam, chamada Cindy, fato que para mim foi muito prazeroso. Porém, apesar da mesma também ser muito bonita e lembrar muito Ingvill (com os seus cabelos loiros), tenho que admitir que não ocorreu o mesmo impacto que senti quando dancei com Pam. No entanto, percebi que Cindy não parava de me encarar um minuto, mesmo depois da dança ter terminado. Quando a festa acabou, não foi uma surpresa o que meu amigo Paul veio me dizer: Cindy havia gostado de mim. E que poderíamos até mesmo “ficar” em uma próxima ocasião. Ficar com Cindy, uma garota parecida com Ingvill: aquilo parecia um sonho, mesmo com a imagem de Pam ainda gravada em minha mente.
E assim aconteceu! A próxima “brincote” ocorreu na casa de Jim e acabei ficando com Cindy. O nosso primeiro beijo foi durante uma dança a dois, ao som da música “In a Darkened Room”, da banda Skid Row. Música muito bonita, inclusive (recomendo, procurem ouvir). Comprei o cd do Skid Row por influência de meu amigo Walter. Foi um grande privilégio ter ficado com Cindy, uma garota tão bela, porém não nos tornamos amigos nessa ocasião. Sequer trocamos algumas palavras entre nós durante a “brincote” onde, inclusive, Paul estava ficando com Pam. Por incrível que pareça, não senti ciúmes, apesar do fascínio que Pam despertava em mim. Provavelmente, isso ocorreu pelo fato de eu também estar vivento, ali, um momento especial com Cindy.
Porém, nem tudo estava perdido. Ao contrário de Cindy, na “brincadeira dançante”, eu tive a oportunidade de conversar muito com Pam. Em determinado momento, inclusive, ela me abraçou e disse que me adorava. Não tinha certeza se eu havia causado nela o mesmo impacto que ela havia causado em mim, mas tudo bem: aquele elogio de Pam já era um bom começo para o meu mundo se tornar, a partir dali, um lugar realmente especial para se viver. O ano de 1994, como eu já disse, foi o melhor ano da minha vida, sem dúvida nenhuma. Muitas coisas estavam para acontecer ainda.


sábado, 5 de outubro de 2019

Capítulo 8 - E o colegial acabou (mas o amor permaneceu) - O livro do amor para os corações solitários


Livro: O livro do amor para os corações solitários

Capítulo 8 - E o colegial acabou (mas o amor permaneceu)



Bom, vamos começar o presente capítulo com um trecho do meu primeiro livro, o polêmico “Cicatrizar e recomeçar”: “Eu me lembro de certa vez em que eu saí da escola e estava a caminho do ponto de ônibus. Estava com o coração extremamente partido e uma angústia que não consigo definir. Há alguns dias atrás, uma garota (que não se identificou) começou a me mandar alguns bilhetinhos me dizendo que havia gostado de mim. Fiquei, de início, muito surpreso e feliz, pois fazia tempos em que não me acontecia algo do tipo. Porém, nesse dia em que eu estava caminhando até o meu ponto de ônibus, comecei a ter ideias pessimistas a respeito do assunto. Antes do Laurence se mandar, cheguei a mostrar os bilhetes para ele, que se propôs a tentar descobrir os autores. Mas, como eu disse, ele foi embora e acabou não descobrindo nada. Um outro amigo meu, o Caz, sabia quem era mas não quis me dizer e eu, na minha santa inocência, resolvi não perguntar. Ele somente me disse o sobrenome dela (que agora não me lembro) e eu, verificando um dos bilhetinhos em que a suposta garota havia escrito seu telefone, juntei as informações e acabei descobrindo seu endereço. Não tive coragem de ligar por causa da minha enorme timidez (sempre ela), mas eu, junto com o Walter e o Sylvain (irmão mais novo do Adam Ball), chegamos a passar em frente à casa dela, mas não descobrimos nada de diferente, pois eram mais de meia noite e precisávamos voltar para casa”. Assim estava o meu estado de espírito, até que Ingvill começou, supostamente, a tentar me seduzir.
Vamos falar sobre a ansiedade, mais uma vez, que sempre aparece quando enfrento uma situação desconhecida para mim. Uma garota linda com Ingvill tentar supostamente me seduzir era algo totalmente desconhecido, fora da minha realidade (ainda que pudesse ser apenas uma brincadeira da parte dela). Ela foi muito mais ousada que Ashley (vide capítulo 4) que, apesar de ser um pouco rebelde, ficou somente nos telefonemas e olhares mais apaixonados. Ingvill foi mais incisiva com seus beijos, abraços e “declarações de amor” um pouco mais “picantes”. É claro que muita gente vai dizer “E qual o problema, bobão? Você não estava apaixonado por Ingvill?”. Pois é, mas temos que analisar as circunstâncias que me impediam de agir de alguma maneira: além da ansiedade, eu tinha aquela timidez enorme que sempre me acompanhava. E, para piorar, Ingvill procurava sempre me “provocar” em público, ou seja, nunca tivemos um momento só nosso, mais reservado. Acredito que, se estivéssemos sozinhos, mesmo nessas circunstâncias não muito favoráveis para minha pessoa, talvez até tivesse “rolado” algum sentimento mais forte entre nós, mesmo não sendo algo realmente sério (pelo menos da parte de Ingvill, já que eu a amava mais que tudo). Cheguei a cogitar que Ingvill estava com o mesmo pensamento de Fab em relação a mim, ou seja, se aproveitar de minha timidez para se divertir. Mas, analisando melhor a situação, talvez não: apesar de eu ser vítima da sua insensatez, havia momentos em que os sentimentos de Ingvill falavam mais alto e ela “meio que maneirava” nas brincadeiras quando estas atingiam um patamar muito constrangedor para minha pessoa. Como eu disse no capítulo anterior, Ingvill era uma “mistura” de sentimento com uma certa insensatez.
Apesar de todo o constrangimento, confesso que eu comecei a gostar daquele assédio de Ingvill em relação a mim. Mesmo não tendo coragem de reagir, eu pensava: “Ingvill, continue tomando a iniciativa”. Eu imaginava que, em certo momento, aquele assédio se tornaria algo comum e, assim, a ansiedade haveria de se extinguir, por completo, me deixando mais a vontade para tomar uma atitude. Eu achava Ingvill realmente linda e sua personalidade, por mais que me intimidasse, era simplesmente maravilhosa. Vou dizer algo, agora, em primeira mão: a beleza de Ingvill lembrava muito a beleza de minha mãe (tirando o fato de que minha mãe tinha olhos verdes e Ingvill não, o que não representava, para mim, problema nenhum, já que as duas eram lindas de qualquer jeito).
Agora, existiu algum tipo de conversa séria entre Ingvill e eu, nessa época? Quase teve, e, primeiramente, foi algo relacionado à minha timidez, que até o momento não tinha sido nenhum incômodo para Ingvill. Talvez ela tenha se chateado com o fato de eu não tomar nenhuma iniciativa em relação a ela. Certo dia, ela me chamou de sua carteira (naquele dia ela não estava sentada ao meu lado). Quando ouvi a sua voz, achei que ela havia me chamado para ficar me mandando beijos, como ela sempre fazia. Mas não! Ela estava muito séria e, apontando o dedo indicador para mim, perguntou: “Eu quero saber o motivo de você ficar tão incomodado quando você está perto das pessoas. E eu quero uma resposta”. Na verdade, não era que eu ficava incomodado em estar perto das pessoas, eu simplesmente me achava mais a vontade quando eu estava longe delas. Porém, no caso de Ingvill, sua presença me intimidava pelo fato dela ser muito bonita e, o mais importante, pelo fato de eu estar apaixonado por ela. Assim como foi com Desiree, minha antiga paixão dos tempos de primário (vide capítulo 3). Estranhamente, Ingvill não ficou sabendo de minha resposta, pois parece ter se esquecido do assunto posteriormente.
Quero tecer algumas considerações sobre os bilhetinhos que eu estava recebendo que, de certa forma, dizimaram a minha amizade com Ingvill, infelizmente. De início, achei que ela fosse a misteriosa “5AA3”, porém quando Ingvill me mandava bilhetinhos de amor, ela sempre assinava o seu nome. Então tive minhas dúvidas. Verificando as caligrafias existentes nos bilhetes (sim, estou com eles aqui na minha frente, enquanto escrevo o presente capítulo), podemos perceber que a caligrafia de Ingvill é um pouco diferente da misteriosa “5AA3” (apesar de conter algumas leves semelhanças como, por exemplo, a letra “A”, que é escrita em forma de triângulo ou delta). Será que Ingvill teria duas caligrafias diferentes? Será que ela era a “5AA3”? Segundo a própria justificativa de Ingvill, ela não era a “5AA3”. Vamos explicar, chegando, finalmente, à parte mais triste do presente capítulo.
Era aula de língua portuguesa, ministrada pelo professor Gi. Ele era muito legal, mas, em determinadas ocasiões, ele era muito debochado. De repente, a “5AA3” me manda um bilhetinho que, infelizmente, não veio parar em minha mão. Pior: foi parar na mão do próprio professor Gi, que leu o mesmo em voz alta, para a classe. Fiquei muito envergonhado, não sabia onde enfiar minha cara de tanto constrangimento. Enquanto isso, os garotos da minha classe, que já tinham conhecimento do assédio de Ingvill em relação a mim, começaram a “zoar” a mesma, dizendo que ela era a autora do bilhetinho de amor. Eu mesmo achei que fosse ela, porém um fato inédito aconteceu, me deixando com muitas dúvidas em relação ao caso. Depois do acontecido, Ingvill veio até a minha carteira, sentou perto de mim e pude perceber que ela estava muito chateada. Achei que ela estivesse arrependida e fosse até pedir desculpa por ter mandado o bilhete, porém ela afirmou que não havia sido ela a autora. Vou colocar aqui as suas palavras, ditas de maneira muito triste: “Olha Billy, eu sei que você deve estar achando que fui eu quem mandei o bilhete, mas eu juro que não foi. Esses babacas da classe me acusam de tudo o que acontece por aqui. Eu até pensei em começar a sentar aqui na frente, do seu lado, e ser quieta como você é, pra ninguém falar mal de mim”. Ingvill, falando naquele tom tão abatido, provavelmente estava falando a verdade. Eu disse a ela que para esquecermos tudo aquilo e seguirmos em frente. Porém, Ingvill não se convenceu de que eu estava acreditando nela. Então ela revelou: “Eu sei quem foi a autora do bilhete. Foi a Fab”. Sim, exatamente: Fab era a misteriosa “5AA3”.
O que aconteceu nos dias seguintes foi o que levou à ruína todo o meu “relacionamento” com Ingvill. Ela simplesmente se afastou de mim: nunca mais sentou ao meu lado, nunca mais me mandou beijos, enfim, nunca mais trocou uma palavra comigo. Provavelmente, Ingvill achou que eu ainda estava chateado com ela, achou que eu ainda imaginava ser ela a autora do fatídico bilhete. Fab, sem saber, acabou tirando de mim a garota que eu amava. A partir dali, foram dias terríveis para mim, de muita solidão e saudade. Mesmo o constrangimento causado pelo assédio de Ingvill em relação a mim, praticado em público, era muito melhor do que estar longe dela. Longe dela para sempre...
Felizmente, naquele difícil momento, algumas boas ideias começaram a surgir em minha mente. Eu não ligava muito para a minha aparência naquela época e, ainda assim, consegui chamar a atenção de Ingvill.  Então, resolvi começar a cuidar melhor de meu aspecto físico: primeiramente, voltei a usar aparelho nos dentes. Depois, ao cortar o cabelo, mantive o topete, porém comecei a pedir para a cabeleireira passar a máquina nos lados (sugestão da própria Ingvill). Alguns anos depois, fiz a minha mudança mais radical: uma plástica no nariz, que alterou completamente o meu rosto. Além do lance da aparência, não posso deixar de lembrar da influência de Ingvill relacionada ao meu amor pelas artes. Antes de Ingvill, eu não produzia praticamente nada, do ponto de vista artístico. A partir da ausência dela, comecei a escrever poesias, desenhar e, o mais legal, pensar seriamente em montar uma banda de rock, já que eu estava começando a tocar guitarra naquela época. Foram procedimentos cruciais para me preparar para o melhor ano da minha vida, que foi 1994. Um ano repleto de paixões, diga-se de passagem. Ainda assim, o colegial acabou e a minha paixão por Ingvill permaneceu. Jamais me esqueci daquele seu sorriso lindo! A minha paixão por Ingvill foi, realmente, um “divisor de águas” em minha vida...