Livro: O livro do
amor para os corações solitários
Capítulo
11 – Você já foi eternizado por alguém?
Finalmente, o ano de
1995 chegou. Foi o ano da formação da minha primeira banda, que, de início, era
bem rudimentar. Demoraria ainda muitos anos para ela melhorar a sua sonoridade,
porém os primeiros passos haviam sido dados. Tudo tem o seu começo! Naquela
época, contando alguns meses já passados, o meu contato com Pam e Cindy havia
sido bem escasso. Porém, com a formação da banda e as “brincadeiras dançantes”
sendo substituídas por “showzinhos ao vivo” do nosso inexperiente conjunto, as
duas lindas garotas voltaram a conviver com a nossa turma mais uma vez. Vou
explicar melhor todo o contexto.
Antes de 1994 terminar,
Sandy e sua amiga Lisa formavam a minha amizade com, digamos, a “ala feminina”
de nossa rua. Pudera, Sandy namorava um dos meus melhores amigos, o Adam Ball,
que seria o baixista da minha banda. E Lisa havia se apaixonado por mim, porém
nunca rolou nada entre nós: não por falta de vontade de ambas as partes, mas
por motivos que eu não gosto muito de comentar. Lisa e Sandy eram rivais
diretas de Pam e Cindy, e muitas brigas ocorreram entre elas, conforme relatei.
Até mesmo algumas brigas físicas. Infelizmente, ocorreu um desentendimento
muito sério entre Sandy e Lisa, e as duas cortaram relações de amizade. Não vem
ao caso comentar o motivo, mas eu tomei o partido de Sandy, pois ela estava com
toda a razão. Talvez eu devesse ter um pouco mais de tato nesta situação: Lisa
realmente era uma pessoa muito difícil, mas ainda assim éramos amigos. Como
fiquei do lado de Sandy, Lisa cortou suas relações comigo também e se afastou
para sempre de nosso grupo, apesar de ter me mandado alguns bilhetinhos de amor
posteriormente, querendo reatar a amizade. Eu até estava disposto a fazer as
pazes com Lisa, mas infelizmente não ocorreu nada propício que facilitasse o
nosso entendimento. Pouco tempo depois, para surpresa geral de todos, Adam Ball
e Sandy terminaram o namoro. Resumindo: Adam ficou sem a Sandy, e eu fiquei sem
a Lisa. E assim terminou 1994, o ano mais especial da minha vida. Especial pelo
fato de conhecer um grande amor, a minha doce Pam, que estava meio sumida
naquele fim de ano. Mas as coisas iriam mudar.
Voltando à 1995, no
início daquele ano, algo surpreendente aconteceu, contrariando todas as
expectativas: eu me apaixonei por Cindy. Como eu disse anteriormente, apesar de
termos “ficado” duas vezes, não tínhamos nenhum vínculo de amizade em 1994,
pelo fato de não conversarmos muito. Porém, a partir do momento em que
finalmente nos aproximamos para finalmente ter uma conversa (foi em um dos
nossos primeiros shows), pude perceber o quanto ela era uma garota especial.
Especificando um pouco mais os detalhes de nossa conversa, Cindy assumiu uma
postura bem parecida que Ingvill teve em relação a minha pessoa: muitos
abraços, beijos e elogios. Uma garota que lembrava Ingvill e que ainda por cima
teve um comportamento parecido com a mesma: era inevitável não me apaixonar por
ela. Eu jamais descobri o porquê dessa mudança de comportamento tão brusca de
Cindy em relação a mim, e também nunca perguntei o motivo. Porém, eu não “ficaria”
mais com ela, já que ela estava “ficando” com meu amigo Son e estava
perdidamente apaixonada por ele. No entanto, a minha nova amizade com Cindy traria
Pam, novamente, de volta ao nosso meio. De início, fiquei realmente cheio de
dúvidas, pois eu não sabia se amava Pam ou se amava Cindy. Ou, talvez, as duas.
Porém, com o passar do tempo, percebi que, apesar de adorar Cindy, meu
verdadeiro amor era Pam. Ela continuava simpática como sempre e estava ainda
mais bonita do que na época em que a conheci. Pam adorava a música “Diana”, do
Paul Anka. Em todos os nossos shows (que aconteciam, na maioria das vezes, em
casa de Jim, então nosso baterista), eu sempre tocava “Diana” e oferecia a
referida música para Pam. Até os dias de hoje, quando ouço ou toco “Diana”, eu
me lembro de Pam e me emociono.
Nesse meio tempo, foi
lançado um disco póstumo da banda Nirvana (o acústico) e Jim me chamou para
ouvirmos juntos, já que ele havia comprado o mesmo. Quando estávamos no portão
de sua casa, Pam e Cindy apareceram e acabamos convidando as duas para ouvir o
disco conosco. Outro amigo meu, o Alm, apareceria algum tempo depois. Ouvimos
uma parte do disco do Nirvana e Pam sugeriu que colocássemos algumas músicas
lentas, para podermos dançar e relembrar os bons tempos das “Brincotes”. Jim
então colocou a música “Since I don´t have you”, gravada pelo Guns n´ Roses.
Percebam como a dança era um elemento importantíssimo para a nossa geração,
como já comentei em capítulos anteriores. Então dancei com Pam e Cindy. Após a
música terminar, Pam sentou-se na cama de Jim e, de maneira sedutora, pediu que
eu me sentasse no colo dela. Achei estranho e ao mesmo tempo prazeroso aquele
pedido, e então realizei aquele desejo inusitado de Pam. Assim que me sentei em
seu colo, ela me abraçou com ternura e pude sentir a sua respiração palpitante,
já que ela encostava seu rosto em minha nuca. Pam estava em estado de êxtase.
Eu também sentia muito prazer naquela situação tão diferente. Por fim, me
deitei ao lado de Pam, Cindy também deitou ao meu lado e as duas me abraçaram.
Naquele momento, eu realmente tive a verdadeira consciência de como eu amava
aquelas duas garotas. Porém, o meu desejo e meu amor por Pam, como disse
anteriormente, eram mais fortes e escolhi a mesma (no caso, entre ela e Cindy)
para poder beijar naquele momento. Quando nossos lábios se uniram de maneira
apaixonada, todo aquele sentimento ocorrido durante o nosso primeiro contato
(em 1994) vieram à tona mais uma vez. Tive certeza que Pam, a garota dos meus
sonhos, sem dúvida nenhuma, era um dos grandes amores da minha vida. Sim, um
dos meus grandes amores: não posso ser injusto com Ingvill, que também amei
intensamente. Quanto à Cindy, apesar de minha grande atração por ela, no final
das contas nos tornamos os melhores amigos do mundo, isso até os dias de hoje.
Por fim, preciso
comentar algo muito interessante que, inclusive, é o título do presente capítulo.
Com a criação da minha banda, comecei aquele processo de compor minhas próprias
canções. Assim, em várias músicas, tive como inspiração os grandes amores da
minha vida. Ao longo dos anos, muitas músicas surgiram, letras feitas em homenagem
à Pam, Cindy, Ashley e, a canção que ficou a mais popular de todas, feita
especialmente para Ingvill (tenho um clipe da referida música no You Tube,
inclusive). Só não fiz (ainda) uma composição para Naomi e Desiree. A partir de
tudo isso, quero explicar a ausência de algo na vida da maioria das pessoas,
que não é assim tão grave. Porém, se este algo fosse presente na vida de todas essas
pessoas, seria um fato muito especial, sem sombra de dúvida. E que “algo” seria
esse? Simples: você ser eternizado na letra de uma canção. Não importa se a
canção é simples, se não fez sucesso, se poucas pessoas escutaram e, quem sabe,
até mesmo que não seja lá uma grande canção. Não importa! Ser eternizado na
letra de uma música é uma das coisas mais significativas que pode acontecer
nessa vida, algo que muitas pessoas jamais terão o prazer de sentir. Eu mesmo
jamais tive o privilégio de ser lembrado na letra de uma canção. É algo muito
difícil de acontecer, visto que nem todo mundo que nos rodeia é músico.
Eternizei várias garotas amadas em minhas composições e ficaria muito feliz em
ser eternizado também, mas isso ainda não ocorreu. Mas não podemos jamais perder
as esperanças.