domingo, 24 de abril de 2011

Capítulo 9 - Estrelas são estrelas


Trilha Sonora sugerida para o presente capítulo (Cap. 9 – Estrelas são estrelas):

Stars and Stars (Echo & The Bunnymen) 

http://www.youtube.com/watch?v=mD-6HMHLxzM

CAPÍTULO 9 – ESTRELAS SÃO ESTRELAS

Escrito entre: 08 de novembro de 2010
Período: 04 de novembro a 07 de novembro de 2010


            “E quanto à Vicky? O que eu faria se a encontrasse novamente? Não quero nem pensar nessa possibilidade... Ver a mesma com o seu noivo (na mesma circunstância que encontrei Marry) iria ser muito doloroso para mim. Não pretendo mais ver Vicky, pelo menos nessa vida...”.
            Pois bem, talvez eu tenha encontrado a resposta para esse “enigma”, já citado anteriormente. Qual a minha reação, caso eu visse Vicky mais uma vez? Pela minha atitude apresentada à situação (contrariando o que, antes, eu tinha concluído a respeito), acho que, talvez, esteja começando uma nova fase da minha vida... E, consequentemente, uma nova fase dos “Diários de Billy Winston”.
            Pode até ser que a garota não fosse Vicky, pois não tive tempo de observar com mais calma, já que eu estava dirigindo. Mas, sendo ela ou não, isso não faz a mínima diferença: o mais importante foi a minha reação ao avistamento, ou melhor, a minha frieza diante da garota que eu mais amei, no passado.  Contrariando as expectativas, não senti o menor desconforto ao presenciar Vicky naquela cena tão comum, apenas andando pela rua, despreocupadamente. Para falar a verdade, não senti nada, muito diferente de outros tempos. E acabei concluindo que não existe problema nenhum ao se apresentar o comportamento de uma pessoa fria, em momentos como esse. E aqui estou sugerindo a adoção de uma frieza “verdadeira”, e não de uma indiferença, só para manter o orgulho. Também não estou me referindo àquela “frieza mórbida” de um delinquente ou de um assassino (graças a Deus, isso não tem nada a ver comigo). Estou apenas apresentando o fato de não assumir um comportamento sentimental para qualquer coisinha tola do dia-a-dia e, no caso do exemplo citado, até mesmo inevitável: é claro que Vicky daria um rumo à sua vida, independente de meu amor por ela ser verdadeiro ou apenas uma paixão passageira. Ou seja, qual a vantagem de ficar me lamentando por algo inevitável? Acredito que o nosso sentimentalismo somente deve vir a tona em situações que nos tragam felicidade e não tristeza.
            Em todo caso, não posso simplesmente apagar o que senti por Vicky no passado, mas também não devo ficar sofrendo por causa dela, no presente. O lado bom de toda essa história foi o surgimento de uma das personagens mais queridas, engraçadas e carismáticas do livro “Jimball Bilangs”.


            Tarde de domingo, me encontro sentado em minha cama, com minhas pernas esticadas, uma posição realmente confortável. Meus cabelos compridos atingem boa parte dos meus olhos, dificultando um pouco a minha visão. Meu estômago está dolorido, visto que exagerei um pouco nos alimentos “fortes”, durante esse inesquecível fim de semana. No outro lado da minha cama, Melody (um dos meus gatos, a gatinha de pelagem negra) dorme tranquilamente e, quando me aproximo para acariciá-la, ela começa a ronronar. Logo acima de Melody, na estante, uma visão agradável: a estátua da menina loira, juntamente com a minha coleção de carrinhos em miniatura (incluindo os dois que ganhei de Cyrinda no dia anterior, data do meu aniversário, os quais adorei muito).
            Acabei de ler mais uma parte do livro “Tristessa”, de Jack Kerouac, escritor com quem me identifico muito. Quando comecei a escrever “Cicatrizar e Recomeçar” (no final de 2003), procurei não seguir o estilo de nenhum autor, adotando, assim, uma maneira própria de escrever. Quase 7 anos depois, descubro Kerouac, que escrevia de uma maneira muito parecida com o estilo que utilizo hoje.
            Apesar de tudo estar perfeitamente bem, acho estranho estar sentindo aquela “leve depressão” que surge de tempos em tempos (medo de alguma coisa que eu não sei ao certo o que é), ao mesmo tempo que sinto uma excitação ao observar a maneira “sensual” com a qual o meu corpo abrange quase a totalidade de minha cama. Que coisa! E eu que tinha afirmado (no presente livro) há pouco tempo atrás que não tinha “sex appeal” nenhum! Na verdade, estou começando achar que essa percepção de apelo sexual, talvez, varie de acordo com o nosso senso de humor e que todas as pessoas são sensuais. Cyrinda também havia escrito (em uma das inúmeras correspondências eletrônicas que trocamos) que também se achava desprovida de “sex appeal”. No entanto, depois que ela mudou o seu visual, alisando e arrumando o cabelo de uma maneira diferente (ficou muito linda), acho que essa minha querida amiga está sendo muito modesta ao dizer que também não tem o referido “sex appeal”.
            Bom, a lembrança da comemoração do meu aniversário, realizada no dia anterior, também se encontra “navegando” pela minha mente (juntamente com todo esse papo de “sex appeal”, de Jack Kerouac, de dores de estômago, de “depressões leves”), ao mesmo tempo que Melody permanece em seu “sono felino”. Sabe, meu aniversário de 35 anos foi um daqueles momentos mágicos, começando pelo lugar onde foi realizado: o novo apartamento de Carl e Bibi (ambiente muito agradável, assim como a casa de Eugene e Diane). Mesmo a comemoração sendo realizada na parte da noite, consegui imaginar a visão proporcionada por uma das janelas do apartamento, durante o dia (a qual Bibi e Cyrinda me relataram): uma enorme planície esverdeada, onde as vaquinhas comem grama, tranquilamente. Muito “Pink Floyd”! Vocês se lembram da capa do disco “Atom Heart Mother”?
            Bom, quanto aos amigos presentes no aniversário (Eugene, Diane, Cyrinda, Carl e Bibi), acho que não existe a necessidade de colocar aqui, nesse relato (pois já é de conhecimento de todos) o quanto eu adoro cada um deles. Inclusive, “A amizade”, título de um dos poemas pertencentes ao meu livro “Sentimento e Insensatez”, está se referindo a esses queridos amigos (nova geração) e, também, aos antigos (velha geração). Curiosidade: o poema citado foi escrito em 2009 e teve, como inspiração, aquela festa de aniversário (surpresa) que eles realizaram para mim, na casa da família de Bibi (outro momento inesquecível). E pensar que, no início do século 21, eu caminhava sozinho pelas ruas e não tinha ninguém... Vou recapitular essa época (triste) de minha vida com mais calma.
            Entre 2001 e 2002, os meus amigos antigos ou tinham se casado, ou tinham se mudado do Grass Valley ou estavam andando com outros amigos. Em 2001, somente eu e Micky ainda estávamos tentando formar bandas e saindo para curtir a noite. No entanto, chegou a época em que Micky teve que tomar o seu caminho (agora não me lembro se ele partiu para Curitiba ou para Joinville). Felizmente, em meados de 2002, ele retornou ao Grass Valley e, com muita dificuldade, formamos a banda “Soma”. Naquela época, Micky já não era somente meu amigo ou, simplesmente, o guitarrista solo da minha banda: mais que isso, ele estava se tornando o meu irmão (e também o irmão de Hal, nosso amigo vocalista). Infelizmente, durante todo esse clima de fraternidade, amizade e criatividade musical, Micky teve que ir embora mais uma vez. E eu acabei mergulhando em uma verdadeira confusão mental: meu melhor amigo havia partido, agora eu não tinha mais ninguém.  Mais detalhes a respeito desses episódios em “Cicatrizar e Recomeçar”.
            Mas, em 2003, tudo iria mudar... Os meus laços de amizade com os integrantes da minha banda mais nova (a “Máfia de Memphis”) estavam se tornando cada vez mais fortes, a medida que novos amigos iam se juntando à nossa “sociedade microcósmica” (termo que eu e Dezones, outro amigo que considero um irmão, usávamos para definir o nosso grupo, durante o cursinho pré-vestibular). Com a mudança de classe, no próprio cursinho (mudança já relatada em capítulos anteriores), a “sociedade microcósmica” se transformou em “sociedade macrocósmica” (ou seja, um grupo de amigos muito maior) e vieram, então, Cyrinda, Bibi, Diane, entre outros. Posteriormente, Bibi trouxe Carl e Diane trouxe Eugene. Mais tarde, boa parte dos amigos pertencentes à “sociedade macrocósmica” tiveram que tomar o seu caminho. Mas, felizmente, Carl, Bibi, Cyrinda, Diane, Eugene e Dezones permanecem comigo até os dias de hoje. Então, posso dizer, com orgulho, que jamais serei, novamente, um “solitário a caminhar pela cidade antiga”... Que alívio! E pensar na solidão do início do século 21... Nossa, doía demais!
            Para terminar todo o assunto (enquanto ainda permaneço em estado de relaxamento, deitado aqui em minha cama), sei que vai ser inevitável o seguinte questionamento, a respeito do presente livro: “Ei Billy, eu também sou seu amigo: então, porque eu apareço tão pouco nos ‘Diários de Billy Winton’? Ao contrário de Cyrinda, Dezones, Eugene, Diane, Bibi e Carl, que aparecem em quase todos os capítulos?”.  Ora essa, se você sumir, eu não tenho culpa da sua modesta participação na narrativa! Apareça em sonhos, pelo menos...

3 comentários:

  1. rs... não apareço tanto nas suas narrativas, mas quando apareço é sempre uma participação bacana né alê? assim eu considero qdo encontro contigo... assuntos extremamente legais! abrazoz

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  2. Sem dúvida, Brunão! É sempre muito bom conversar com você! A prova disso foi o curso de leitura que fizemos (juntamente com a Cris, o Val e a participação especial do Marcão). Confesso que, pessoalmente e profissionalmente falando,no início do curso eu estava muito abatido por não estar trabalhando (aquele rolo que deu na Ite, acho que comentei com vocês). Mas, com os nossos encontros e as nossas conversas, superei numa boa essa fase ruim... E, graças a Deus, agora as coisas se acertaram e voltei a trabalhar... Mas a presença de vocês, meus amigos, naquelas duas semanas difíceis, foi muito importante para eu superar a minha situação... Muito obrigado mesmo, agradeço vocês pela amizade e pelo respeito! Grande abraço amigo!

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  3. Pôxa, eu não soube disso não! Depois vc me conta com mais detalhes... sim, a gente precisa voltar a falar sobre aquela reunião... seria legal se continuássemos tocando ela! aquele curso foi ótimo, tanto para a teoria quanto para nós mesmos!

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