terça-feira, 5 de abril de 2011

Capítulo 6 - Máfia de Memphis: vivendo (e morrendo)


Trilha Sonora sugerida para o presente capítulo (Cap. 6 – Máfia de Memphis: Vivendo (E morrendo)

Somethin’ Else (Eddie Cochran) 

http://www.youtube.com/watch?v=mgQg4ze1_KU

CAPÍTULO 6 – MÁFIA DE MEMPHIS: VIVENDO (E MORRENDO)
           
Escrito entre: 03 de outubro de 2010
Período: 09 de outubro a 13 de outubro de 2010



            Faltam exatamente duas semanas para o casamento de Carl e Bibi.
          Nesse sábado, terminei de ler o livro “Big Sur”, de Jack Kerouac. Bem diferente do “On the Road”, “Big Sur” relata a experiência de Jack com as bebidas, incluindo as graves consequências desse vício (dores, alucinações, depressão, paranoia, ansiedade, etc). Apesar de não ter tido (grandes) problemas com as bebidas no passado, eu meio que me vi na pele de Jack durante a sua narrativa. A única diferença foi que, ao invés da bebida, o meu grande problema, no passado, consistiu nos antidepressivos, os quais eu tomava para (tentar) conter as minhas graves crises de ansiedade. E foi em uma festa surpresa para Bibi, em 2004, que senti todos os sintomas do meu problema da pior forma possível.
            O contexto daquela época se resumia no seguinte: eu conduzindo a minha banda (“Máfia de Memphis”) e me enturmando cada vez mais com os “punks” (“apelido” da nossa turma), ao mesmo tempo que trocava uns e-mails “secretos” com Cyrinda. Ah, tinha também o Dezones e a loirinha Diana Lee trocando farpas (o que era muito engraçado). O meu estado de saúde, aos olhos de todos, parecia ser normal. Mas, na verdade, eu estava apenas disfarçando: só Deus sabe o que eu passei, naquela época.
            Mas tudo começou a se agravar alguns dias antes de eu conhecer Cyrinda, Bibi, Diane, Diana Lee, enfim, toda a turma no cursinho pré-vestibular de 2003 (e o fato de conhecer elas foi um alívio, no meio de tanta dor). Até aquele momento, a minha crise de ansiedade estava centrada totalmente no meu estômago, ou seja, bastava maneirar na comida e tudo bem. O agravante foi quando a doença começou a atingir o meu lado psicológico de maneira mais incisiva (na verdade, as dores de estômago também eram causadas pelo meu lado psicológico, mas não passava de uma brincadeira perto de tudo o que aconteceria, a partir de então).
            Dezones e Ralph haviam mudado de classe, durante o curso pré-vestibular e, depois de alguns dias (por causa da insistência dos dois), resolvi me juntar a eles. Acredito que o início do meu drama (detalhado no meu livro “Cicatrizar e Recomeçar”) tenha ocorrido logo no meu primeiro dia, na nova classe, onde eu acabei tendo uma visão. Finalmente, depois de quase 10 anos, o grande amor da minha vida havia voltado para me atormentar: Vicky. Quando trocamos nossos olhares pela primeira vez, naquela nova classe, tive a certeza que realmente amava aquela garota: o fenômeno do amor à primeira vista (o qual eu não acreditava) acabou acontecendo comigo. Depois que esse breve devaneio passou e voltei à realidade, descobri que não se tratava de Vicky, mas sim de uma garota muito parecida com ela, chamada Jenny. Um verdadeiro clone! Acabei ficando amigo dela. Mas, infelizmente, o amor (ou ficção dentro da realidade) que eu sentia por ela, como sempre, não foi correspondido. E minha ansiedade se agravou, de modo que eu não conseguia assistir as aulas sem carregar comigo os meus calmantes. Depois de alguns dias, como já relatei, fiquei muito amigo de Cyrinda, Bibi, Diane, Diana Lee e essa amizade com as minhas novas amigas até que melhorou um pouco a minha sanidade.
            Bom, o curso pré-vestibular de 2003 terminou e, finalmente, em 2004, chegamos à época do aniversário de Bibi. Ajudei Carl e Cyrinda na organização da festa surpresa. Primeiramente, arrecadamos todo o dinheiro e fizemos as compras. O próximo passo foi deixar a minha bateria, escondida, na casa de Diane, uns dias antes da festa. O último passo foi me apresentar com a “Máfia de Memphis” no aniversário, onde acabei falhando comigo mesmo, devido a vários fatores (tirando a minha ansiedade natural em tocar em público).
            Cyrinda havia me pedido para levar a minha prima (Nina) para participar da festa. Lembro de dizer à Cyrinda “Claro, sem problemas”, mas, na verdade eu pensava comigo mesmo “Tô f..., a Nina vai aprontar, vai beber todas as bebidas alcoólicas da festa, vai dar vexame... Meu Deus! Minha tia Nancy (mãe de Nina) nunca vai me perdoar! Bibi e Carl vão ficar com raiva de mim!”. Mas não quis magoar Cyrinda e, depois de colocar parte dos instrumentos no carro (guitarra, microfones, caixas de som), apanhei Nina em sua casa e parti para a casa de Bibi. Ou seja, não me esqueci de levar nada (incluindo a minha querida e polêmica prima), exceto algo imprescindível para o sucesso da minha apresentação com a “Máfia”, resumida nas palavras desesperadas, ditas por mim, ao telefone, depois de ter chegado à casa de Bibi: “Dezones, pelo amor de Deus, esqueci os meus calmantes, antes de você sair da sua casa pega eles para mim com a minha mãe”, ao mesmo tempo em que pensava comigo mesmo “A Jenny já está aqui, mais sarcástica do que nunca...  E se ela se engraçar com o Caleb (baixista da Máfia)? Eu tô com medo, eu não vou suportar”. Dezones fez o que eu pedi. No entanto, quando ele chegou à casa de Bibi e me disse, com o seu sotaque inconfundível “Todo o roqueiro precisa de drogas para tocar”, me entregando os calmantes, já era tarde demais: meu estômago já estava todo “arrebentado”, os calafrios atingiam todo o meu corpo e meu amor por Jenny estava prestes a explodir como uma bomba (que destruiria eu mesmo, e depois toda a festa). Ah, e se a Nina ficasse bêbada, ainda por cima? E se o Caleb desse em cima de Jenny? E se eu desmaiasse durante a apresentação? “Carl, pelo amor de Deus, tem papel higiênico no banheiro?”. “Burt, acho melhor deixar um saquinho aqui perto da caixa de som, caso precise vomitar!”. “Aaron, isso não pode ser verdade: você trouxe alguém para filmar a festa? Vai filmar toda a minha desgraça?”. “Andrew, pára de me lembrar que eu sou magro e vai arrumar a bateria, p...!”. Para mim, tudo se resumia numa tremenda confusão, onde os calmantes “incompetentes” quase não surtiram efeito nenhum, após eu utilizá-los.
            Finalmente, Bibi chegou e aconteceu toda aquela comoção que uma festa surpresa proporciona. Surpreendentemente, acabei fazendo um bom trabalho como ator, disfarçando os sintomas da minha doença e desenvolvendo uma boa apresentação com a “Máfia de Memphis”. Ao final da festa, me lembro de estar na calçada quase ajoelhado, com as mãos no estômago de tanta dor, conversando com Diane e Eugene (com quem ela começara a namorar e que se tornaria nosso grande amigo). Não sei o que eles pensaram de mim, ao me verem naquele estado.
            Atualmente, estou atrás dessa fita de vídeo, que registrou o aniversário de Bibi, incluindo a apresentação da “Máfia de Memphis”. Aaron não sabe onde ela se encontra. Também não consegui a resposta dos irmãos Caleb e Burt quanto ao paradeiro (tanto deles como da fita). Uma pena! Gostaria de rever, a partir da referida fita, as emoções daquela noite e poder respirar, aliviado, ao imaginar que as crises de ansiedade estão enterradas junto com o meu passado... Também queria ter esse vídeo como um registro de Jenny e da época em que eu a amei verdadeiramente...


            Domingo, a turma da minha temporada atual (eu, Cyrinda, Carl, Bibi, Eugene e Diane) nos reunimos para assistir ao filme “Tropa de Elite 2”. Duas primas de Cyrinda, muito legais, também estavam com a gente. Foi um encontro muito divertido... Aliás, todos os nossos passeios no “Alameda” são bons, aquele lugar possuí uma atmosfera mágica para mim. E foi inevitável, para todos, a lembrança das “Noites de Terror do Playcenter”, já que o “Alameda” estava todo decorado com monstros e cenários de filmes de terror. Aproveitamos para registrar belas fotos... Inclusive, boa parte dos fatos narrados no conteúdo desse livro estão “eternizados” nas fotos.
            Na noite de terça para quarta, vivenciei um sonho bastante promissor. Uma garota bastante sensual estava sentada juntamente com a minha família, ao redor da mesa. Eu não sei dizer quem era a referida garota, talvez nunca tenha visto ela na vida. Enfim, com certeza era apenas mais uma amiga do mundo espiritual. Numa certa altura da conversa, ela me pergunta: “Billy, onde fica o Vale da Colina?”. Fiquei emocionado! Era a primeira vez que alguém (tirando Dezones) me perguntava algo a respeito de um dos meus poemas (no caso, a garota se referia ao poema “1993”)... Só não entendo o porquê de não ter respondido, para a misteriosa garota, onde realmente ficava o Vale da Colina... Sonhos são muito estranhos... Assim, aproveitarei para responder toda a verdade agora e, quem sabe, Angel (nome que estou dando para a garota misteriosa) possa captar toda a minha mensagem da Terra para o seu plano espiritual (se é que já não captou).
            Nos primeiros rascunhos do poema “1993”, chamei o lugar de “Vale das Freiras”, mas acabei mudando para “Vale da Colina”, já que o último soava muito mais romântico. Nas noites sombrias de 1993, quando eu, Adam Ball e Walter andávamos de bicicleta, sempre parávamos para descansar em frente a uma chácara pertencente às Irmãs (localizada no bairro chamado de “Jardim Pagani”). O lugar era alto como uma colina, e por isso apelidei o lugar de “Vale da Colina”. Os referidos passeios de bicicleta são relatados nos versos “Eu ando sobre duas rodas/ E sempre paro no Vale da Colina/ Para a minha vida esquecer...”. Percebe-se que o poema vai muito além de citar, apenas, os passeios noturnos de 1993: toda a carga dramática, pertencente ao ano, está presente em seu conteúdo.
            Os versos “Eu olho para você /E lamento tanto/Não poder sua receptividade corresponder...” e “Mas, por favor, continue tomando a iniciativa.../ E se eu tiver que permanecer no triste Vale da Colina/ Que pelo menos seja na sua companhia...” falam sobre o meu amor por Vicky e da minha timidez, pelo fato de não conseguir me declarar para ela. Os versos “Um solitário a caminhar pela cidade antiga,/ Desacreditando na minha própria sina,/ Imaginando o dia em que eu terei você...” e “Tratado como um nada pelos próprios amigos,/ Odiado sem motivo pelos inimigos,/ E negando os braços que você está a me oferecer...” também são sobre Vicky, mas aplicados em outro contexto, referente à solidão e à incompreensão. O poema termina com os versos “No entanto, se você pudesse olhar ao seu redor/ E sentir a brisa dos amantes/ (a qual, nesse momento, tanto me fascina),/ Com certeza, seríamos o casal mais perfeito dessa vida.”, que tratam sobre a minha vontade de passar o resto dos meus dias casado, tendo Vicky como minha esposa.
            Por fim, eis aqui a explicação para o verso mais misterioso do poema, o qual pouca gente conseguirá interpretar de maneira correta: “Comparando garotas com consoles,/ Mas amando as mesmas verdadeiramente/ (Um orgulho que só os esnobes sentem).”. O que significa isso? Bom, na verdade, era uma brincadeira machista e idiota que eu e Walter fazíamos entre nós, quando víamos uma garota (comparando a mesma com um console ou videogame). Se a garota era “linda de morrer”, falávamos que ela era um “Super Nintendo” (dos videogames mais populares, era o melhor da época). Se a garota fosse bonita (mas, ainda assim, não fosse tão perfeita), classificávamos a mesma como sendo um “Mega Drive”. Caso a garota fosse “mais ou menos”, nem tão feia e nem tão bonita, era considerada um “Nintendo 8 bits”. Bom, a partir dessas considerações, não preciso nem dizer nada a respeito de uma garota classificada como um “Atari”, não é mesmo? Antes que alguém me xingue: quando digo, no poema, a frase “(Um orgulho que só os esnobes sentem)”, estou desaprovando totalmente estas ideias machistas, referentes às aparências (aliás, odeio críticas feitas ao aspecto físico das pessoas, como comprovei em capítulos anteriores). Mesmo na época, tanto eu como Walter éramos muito românticos e, no fundo, tenho a plena convicção que não fazíamos essa brincadeira por maldade (na verdade, era um orgulho imbecil da nossa parte, coisa de garotos, só para “aparecer”, e hoje em dia desaprovo “ferozmente” essa atitude). E, de qualquer forma, lembro de nunca termos classificado nenhuma garota como “Atari. Afinal, tínhamos a consciência de que, caso entrássemos na classificação, como certeza seríamos menos que um “Atari”: Walter seria um “Tele jogo” e eu seria um “Mini game”.
            Bom, essa é a explicação definitiva sobre o poema “1993”. Espero que Angel tenha gostado e que venha me visitar mais vezes, durante o meu sono.
            Agora, vamos à explicação para a pergunta: por que apenas Dezones e Angel se interessam pelos significados dos meus poemas? E por que mais ninguém se interessa? Falta de consideração? Eu achava que era essa a resposta mais racional, porém Dezones, certa vez, acabou me explicando o que, na verdade, realmente acontece: tudo não passa de uma questão de empatia. Ou seja, a capacidade de identificação total com a outra pessoa.
            Acredito que o meu “grau de empatia”, em relação a maioria dos meus amigos, varia entre 10% e 50%. Veja bem, “grau de empatia” não tem nada a ver com “grau de amizade”. Por exemplo: acredito que o meu “grau de empatia” com John seja de apenas 40%. No entanto, o meu “grau de amizade” com ele é de 100% (assim como o “grau de amizade” que tenho com todos os meus outros amigos). Na verdade, o fato de não concordarmos em tudo e não termos a mesma visão de mundo é que acabou gerando estes 40%, apenas. E essa baixa porcentagem não impede, de maneira nenhuma, o fato de sermos os melhores amigos do mundo. John, por sua vez, certamente deve ter algum amigo que apresente, com ele, um “grau de empatia” muito maior do que o “grau de empatia” que ele possui em relação a mim. No caso de Dezones, o seu grau de empatia comigo atinge, brincando, a marca dos 70%. Por isso ele consegue compreender e se interessar por quase todos os meus poemas e músicas, da mesma maneira que consigo compreender e me interessar pelos trabalhos dele também.
            Em outro contexto, o curioso é que, em várias ocasiões, tive algum tipo de idéia que considerei genial e Dezones conseguiu provar que a minha idéia estava errada. Mesmo assim, não fiquei chateado com isso: fiquei até contente dele conseguir provar o contrário e me convencer da sua opinião. Por exemplo, esqueçam a frase que coloquei no primeiro capítulo deste livro, onde digo “Ah, antes que eu me esqueça: e o que pensar das pobres pessoas que não tem nem o que comer e nem onde morar? Será que não estamos chorando de barriga cheia? Será que toda a nossa lamentação tem sentido? Pensemos nisso antes de nos entregar à Depressão”. Quando apresentei essa idéia para Dezones, ele, categoricamente, me explicou que tudo nessa vida é relativo e, muitas vezes, existem pessoas que estão muito bem preparadas para passar fome ou ficar sem moradia (ao contrário de nós, que não estamos nem um pouco preparadas para “tomar um fora” de uma menina, por exemplo).
            No entanto, por várias vezes, tivemos a mesma conclusão sobre determinada ideia. Por exemplo, em relação àquela pergunta que enlouquece os padres, pastores e catequistas: “Se Deus criou o mundo, quem criou Deus?”. Por incrível que pareça, conseguimos achar uma resposta racional para esse grande mistério. Vamos partir de um exemplo simples: é uma verdade óbvia que a cadeira, na qual eu estou sentado nesse momento, existe. E por que ela existe? Ela existe porque alguém a construiu, ou seja, ela nunca poderia existir “do nada”. “Ah, mas ela foi feita de maneira industrial, utilizando máquinas!”. Tudo bem, mas existiu um criador para construir as referidas máquinas que, por sua vez, confeccionaram as cadeiras, certo? Ou seja, para cada “criatura”, obrigatoriamente deve existir um criador (isso é uma lógica inquestionável). No entanto, pode ser que essa lógica “criatura-criador” se aplique apenas ao planeta Terra, e não ao plano divino. Em outras palavras: quem garante que, no plano divino, seja necessário existir, obrigatoriamente, um criador para cada criatura (já que essa é uma lógica pertencente ao plano terrestre)? Quem sabe, Deus e o universo acabaram surgindo do nada? A própria Bíblia diz, em “1Cor 1, 17-31,  que é inútil tentar entender a lógica terrestre, ou seja, que tudo não passa de uma tremenda loucura. Eis alguns versículos: “Por acaso, Deus não tornou louca a sabedoria deste mundo?” e “Mas Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios”. Resumindo: é inútil tentar entender a lógica divina tomando como base a lógica terrestre, que consiste, na verdade, em uma tremenda loucura.


            Na quarta-feira, passei em frente à casa que pertenceu à família de meu amigo Laurence (personagem de “Jimball Bilangs” e “Cicatrizar e Recomeçar”), e constatei que a mesma estava sendo demolida. Laurence morou por lá entre o fim da década de 80 e durante boa parte da década de 90. Tenho boas lembranças da referida casa, localizada na rua Araújo Leite. Antes mesmo de Laurence mudar para lá, ele chamava eu e meu irmão Freddy para curtirmos a piscina, existente no quintal (juntamente com a sauna seca). A casa era bonita e enorme: os cômodos (quartos, salas, cozinha e banheiros) se localizavam no primeiro andar, enquanto que, no térreo, existia uma espécie de salão, onde Laurence colocou os seus computadores MSX, posteriormente. Éramos fanáticos por aqueles computadores, sendo que ainda tenho o meu “armado” no meu quarto, disponível para a utilização (conforme já citei).
            Apesar das boas lembranças (e da minha lamentação pelo fato da casa estar sendo demolida, ou seja, um lugar a menos do meu passado), lembro-me de uma ocasião onde passamos momentos de muita tensão. Foi uma das vezes em que eu e Freddy fomos convidados por Laurence pra usar a piscina, antes dele mudar. Éramos crianças e estávamos sozinhos na casa (acredito que, também, estava presente algum amigo de Laurence ou primo, não me lembro ao certo), quando a campainha tocou. Laurence foi atender e, logo em seguida, voltou correndo, com uma expressão de terror no rosto, dizendo “Fiz uma grande besteira: ouvi uma voz ‘mal-encarada’ no interfone, dizendo que era entrega de presente. Sem querer, apertei o botão do controle remoto, para abrir o portão. O cara deve estar vindo aí”. Nem questionamos a atitude de Laurence, pois na verdade ficamos com muito medo. Em seguida, apareceu um homem que eu não conhecia, dizendo, num tom de voz severo: “Você é bobo, Laurence? Quer dizer que você abre o portão para qualquer vagabundo oferecendo presente? Quer ser assaltado?”. “Ah, tio, é o senhor! Que alívio”, Laurence respondeu algo do tipo. Ou seja, era apenas um parente querendo testar a esperteza de Laurence e evitar que algo de ruim acontecesse no futuro. Foi mesmo um alívio, e acredito que Laurence aprendeu a lição (assim como eu e Freddy também aprendemos): nunca abra a porta para estranhos.


1993 (De: Alê Braz Gardiolo)

Escrita em 05 de junho de 2010

Eu olho para você
E lamento tanto
Não poder sua receptividade corresponder...

Eu ando sobre duas rodas
E sempre paro no Vale da Colina
Para a minha vida esquecer...

Um solitário a caminhar pela cidade antiga,
Desacreditando na minha própria sina,
Imaginando o dia em que eu terei você...

Tratado como um nada pelos próprios amigos,
Odiado sem motivo pelos inimigos,
E negando os braços que você está a me oferecer...

Mas, por favor, continue tomando a iniciativa...
E se eu tiver que permanecer no triste Vale da Colina
Que pelo menos seja na sua companhia...

Comparando garotas com consoles,
Mas amando as mesmas verdadeiramente
(Um orgulho que só os esnobes sentem).

No entanto, se você pudesse olhar ao seu redor
E sentir a brisa dos amantes
(a qual, nesse momento, tanto me fascina),
Com certeza, seríamos o casal mais perfeito dessa vida.

5 comentários:

  1. Legal, AlÊ!
    E essa poesia, 1993, tem como vc postar?
    abraço!

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  2. Valeu, Bruno! Vou postar a poesia logo abaixo do texto do Capítulo 6, Beleza? Grande abraço!

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  3. Parabéns, Alê! Fico sempre esperando os próximos capílos! E o poema, foi ótimo ler depois de tudo explicado! Já vou copiar ele no meu livro de pensamentos e poemas!Beijão!

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  4. Vanna, obrigado mais uma vez pelo carinho! Fico cada vez mais motivado a continuar as publicações no blog! E já estou até pensando em começar a escrever outro livro, para postar quando "Os Diários de Billy Winston" terminar. Grande abraço!

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  5. Muito bonita a poesia, Alê! Certas vezes me sinto um errante tbm, gosto muito de caminhar pra pensar na vida, ver pessoas diferentes, observar o q estao fazendo... isso tudo me acalma e faz pensar que somos mais um, e não que somos só nós! abs

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