quarta-feira, 16 de março de 2011

Capítulo 1 - Nosso Lar / Capítulo 2 - O Mercado - Diários de Billy Winston

  
DIÁRIOS DE BILLY WINSTON (de Alê Braz Gardiolo)


Trilha Sonora sugerida para o presente capítulo (Cap. 1 – Nosso Lar):

Nocturnal Me (Echo & The Bunnymen) 

http://www.youtube.com/watch?v=CZFScP4B4Q4


CAPÍTULO 1 – NOSSO LAR

Escrito em: 07 de setembro de 2010
Período: 04 de setembro de 2010


            Varrer a calçada durante uma ventania, a preocupação em ser famoso sabendo que um dia irá morrer, o ressentimento pelo fato da fé de outra pessoa ser diferente: alguns pensamentos que estavam na minha cabeça, durante aquela melancólica noite. Felizmente, eu tinha consciência que tudo isso não passava de meras futilidades, não aprovando, de maneira nenhuma, tais ideias. Mas confesso que, talvez, eu estivesse me remoendo pelo fato de muitas pessoas pensarem dessa maneira. Pois é, ninguém é perfeito...
           Eu, que já passei por tantos problemas (como todas as pessoas), agora enfrento um dilema que jamais imaginei, um dia, poder encarar. Talvez, se pudesse ter refletido antes, poderia até me preparar para evitar tudo. Mas, como eu poderia imaginar um problema dessa natureza, onde os mais nobres argumentos são inúteis e até mesmo Deus é colocado de lado, substituído por futilidades e sentimentos egoístas? E pior, quando defendo Deus e seus ensinamentos, sou injustamente acusado de falsidade, mesmo as minhas boas atitudes, aos olhos de todas as pessoas conhecidas, mostrarem o contrário. Jesus não disse que “não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons”? Não tenho inimigos, não consigo guardar mágoa de ninguém, não me envolvo em atos ilícitos, sou educado com todos: então, qual o motivo para ser julgado? Apenas com essas palavras, muitos já devem ter adivinhado a doença que estou enfrentando e concluído que a tal doença nem mesmo é minha. Pois é, tenho que dar conta das minhas próprias enfermidades e das enfermidades dos outros também.
            No entanto, naquela noite, mesmo mergulhado nessa confusão desagradável de pensamentos, sentado em um banco de supermercado, comecei a contemplar a beleza das estrelas e sentir, com alegria, a brisa suave que “golpeava” carinhosamente o meu rosto. Depois de um tempo, como já era hora de partir, entrei no meu carro. Dei a partida e, durante o trajeto, comecei a reparar nas belas casas, prédios e ruas que muitos seres humanos tiveram a capacidade de construir. Quantas pessoas com competência e inteligência (virtudes dadas por Deus, diga-se de passagem) participaram daquelas construções, ou seja, se dedicaram para que tudo ficasse bonito e usual? E as árvores criadas por Deus que, mesmo de noite, misturadas com as luzes dos postes, criavam uma atmosfera mágica e acolhedora?
            Passado mais algum tempo, apanhei minha amiga Cyrinda em sua casa e, logo em seguida, a minha amiga Bibi e... Que pessoas maravilhosas! Acabei me lembrando, também, de muitos outros amigos que estavam ausentes naquela noite (inclusive aqueles que já não estavam mais entre nós). Finalmente, chegamos ao cinema e assistimos a um filme maravilhoso (o filme “Nosso Lar”). A noite terminou, levei minhas amigas para suas respectivas casas e me despedi. Em seguida, tomei o meu caminho e, quando cheguei em minha própria casa, fui recebido com carinho pelo meu cão Ritchie, um dos cachorrinhos mais bonzinhos e simpáticos que tive a oportunidade de conhecer nessa vida.
            Agora eu pergunto: o Planeta Terra é um planeta de expiação? Certamente! No entanto, isso não é desculpa para ser infeliz ou para deixar de se divertir. Deus, em sua infinita bondade, mesmo nos colocando nesse “planeta prisão”, nos deu alternativas para reduzir ou nosso sofrimento, seja com a beleza de suas criações, seja com a nossa inteligência, seja com os nossos maravilhosos amigos. Ah, antes que eu me esqueça: e o que pensar das pobres pessoas que não tem nem o que comer e nem onde morar? Será que não estamos chorando de barriga cheia? Será que toda a nossa lamentação tem sentido? Pensemos nisso antes de nos entregar à Depressão.




Trilha Sonora sugerida para o presente capítulo (Cap. 2 – O Mercado):

Fixing a Hole (The Beatles) 

http://www.youtube.com/watch?v=j0I2ZrBuFdQ
 
CAPÍTULO 2 – O MERCADO

Escrito em: 12 de setembro de 2010
Período: 07 de setembro a 10 de setembro

Ritchie

            Finalmente, naquela terça-feira de feriado, a chuva veio, depois de um longo período de estiagem. Nunca pensei que um dia de chuva pudesse ser tão lindo! E o meu sofrido nariz pôde respirar aliviado, novamente.
            Passaram-se dois dias. Em uma certa manhã, fui despertado por um barulho estranho e, quando cheguei à cozinha, presenciei Lucia raspando a mesa. O tratamento da madeira da referida mesa tinha algumas regiões escuras e Lucia imaginou que fosse algum tipo de sujeira. Aproveitou a ocasião para me acusar de ter sujado a mesa. Filmagens e fotografias de tempos mais felizes (e não são poucas), onde a família inteira se reunia para a refeição, atestam a minha inocência: as manchas escuras da mesa sempre existiram. Pensei em mostrar as provas da minha inocência para Lucia mas, depois, mudei de ideia: fiquei com medo que ela me acusasse, dessa vez, de ter falsificado as filmagens e as fotos mostrando as tais manchas... O interesse pelas possibilidades que a vida nos oferece e toda a grandiosidade do nosso planeta são substituídas por discussões fúteis a respeito de manchas de mesa! Percebe-se, mais uma vez, que os seres humanos são incorrigíveis...
            No dia seguinte, fui pagar a conta de luz. Existia, na própria conta, o endereço de um mercado onde esse tributo poderia ser pago. Ficava no bairro São Geraldo, que é vizinho do meu bairro (Vista Alegre). No entanto, eu não conhecia aquela rua mostrada na conta. Resolvi, então, me dirigir para a rua “Flor do Amor” (rua principal do bairro São Geraldo). Comecei a procurar aquela desconhecida rua do mercado que, segundo minha intuição, formaria um cruzamento com a própria “Flor do Amor”. Acertei em cheio e, em pouco tempo, estava no Mercado, pagando a minha conta.
            Que estranho! Um mercado tão perto de minha casa, e eu nem sabia da sua existência! O que dizer, então, de toda a grandiosidade do nosso planeta, a qual me referi anteriormente? Quantos lugares e paisagens (todos disponíveis para serem visitados), estão a nossa espera, enquanto ficamos discutindo e brigando por manchas de mesa e outras futilidades? Coloque aqui a futilidade que você quiser: qualquer futilidade é fruto do nosso orgulho, ou seja, “é tudo farinha do mesmo saco”.
            Aquele acolhedor mercadinho me fez lembrar de “José Bonifácio”, no tempo em que meus tios moravam por lá. Eu era muito novo, não tenho lembranças muito claras do lugar. Apenas me lembro que a janela da casa de meu tio e de minha tia dava para o quintal de um mercado vizinho. Me lembro, também, dos brinquedos do meu primo Simon (dispostos, para brincar, na parte traseira do carro do meu pai, uma Brasília vermelha), da Kombi dirigida por alguém (onde eu ficava no banco de trás e meu avô paterno acompanhava o motorista no banco da frente), da tempestade que fez meu pai parar a Brasília no acostamento (durante a viagem), da ponte de um clube que se localizava no meio de muitas cachoeiras (um lugar mágico) e dos “brinquedos “porta balas” (comprados no posto). Se um simples mercado do São Geraldo me trouxe a tona todas essas boas lembranças, imagine lugares mais aprazíveis, como montanhas floridas, campos de trigo e florestas desabitadas. Vale a pena ficar discutindo por futilidades?        
            E, falando em natureza, que tal trazer uma parte dela para a nossa própria casa? Não é preciso gastar muito para cultivar um jardim. Naquele fim de semana, comprei terra vegetal, vasos e várias sementes de flores para mim (Dálias, Margaridas, Cravos e Cravinas) e também “Catnip” (a erva dos gatos) para os meus bichanos (Melody, Jean, Jane e, também, para Mimi, que já não pertence a esse plano). Para não ser injusto com Ritchie, meu cachorro, plantei um vaso com Erva-doce para ele (ele adora). Pois é: sempre se pode plantar um jardim quando a vida parece não oferecer mais nada...  

       

5 comentários:

  1. Alê, parabéns pelo Blog, está lindo, e os textos como sempre excelentes! Abraço

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  2. Ale grande amigo vc esta de parabens pelo blog.Ficou lindo.De seus amigos Bia e Cesar.Abraços

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  3. Lindo! O laytout tá perfeito. Adorei as fotos na lateral. O texto é ótimo. Gostoso de ler e o conteúdo...esse é o melhor de todos. Adoro textos que me inspiram e me fazem ter vontade de sair, de apreciar a vida e a a deixar de lado essas pequenas besteiras e intrigas que tomam tanto nosso tempo e energia. Parabéns, Ale!

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  4. Vanna, Valdemir, César e Bia, muito obrigado pelos elogios! Isso me deixa ainda mais motivado a manter o blog no ar! Grande abraço para vocês!

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  5. Finalmente comecei a ler seu blog. Muito motivadores seus textos. Parabéns!

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