sábado, 19 de maio de 2012

Capítulo 17 – Gases Estranhos - Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"


Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"

Capítulo 17 – Gases Estranhos



            Eu adorava estar na faculdade, e fazia o possível (e o impossível) para não faltar às aulas (se vocês repararem no meu histórico, constatarão que tive poucas faltas durante o curso). Mas havia algumas exceções (principalmente aquelas aulas teóricas em que o professor ficava falando sempre a mesma coisa). Nessas ocasiões, eu, Marky e John aproveitávamos para fazer uma “expedição” pela Unesp, nos aventurando por lugares onde nunca tínhamos passado anteriormente. Na referida época, inclusive, nós três havíamos montado um grupo de trabalho, que duraria até o final do curso.
            “Qual o melhor lugar da Unesp pra gente visitar primeiro?”, pergunta que tinha a resposta mais óbvia do mundo: “Ora essa, os laboratórios de Biologia!”. Sempre tive um fascínio por laboratórios de Biologia (e também de Química), com todos os seus aparatos, cadáveres para dissecar (e olha que eu não aguento ver sangue), espécimes de todo o tipo (do reino vegetal e animal) para serem analisados... Sinceramente, fiz Design (ou Desenho Industrial) mais pelo “lado artístico da coisa” (disciplinas como Desenho de Observação, História da Arte, Fotografia e Modelagem). Mas, sinceramente, a minha grande paixão (além das Artes) é a Química e a Biologia, e isso desde os tempos de criança (imagino a cara de espanto dos meus amigos leitores, ao lerem essa minha declaração). Sei lá, é um lance meio “Leonardo da Vinci” (antes que alguém me “xingue”, não estou, de maneira alguma, querendo me igualar ao grande mestre): apesar de não ter a genialidade do famoso pintor, sempre tive aquela mesma “mania” do mesmo, a de conviver harmoniosamente no campo das artes e das ciências, procurando sempre encontrar as “entranhas” interessantes de tudo o que “existe no mundo” (e que esteja ao meu alcance). Mas não sou apenas eu: conheço várias pessoas (e não são poucas) que pensam dessa mesma maneira, o que torna essa “maneira de pensar e agir” até mesmo corriqueira (apesar de toda a felicidade que a mesma proporciona às nossas vidas).
            Bom, voltando à narrativa sobre as “expedições” na Unesp: chegando ao laboratório de Biologia, olhamos pela janela (é claro que não teríamos a “cara de pau” de entrar) e vimos uma gaiola cheia de ratinhos. “Uau, que bacana!”. Depois, em outro laboratório, colocamos a “cara” na janela e (segundo diz Marky, eu não consegui identificar nada) havia alguns cadáveres em cima de uma mesa, mergulhados na escuridão da sala vazia.
            “Grande porcaria, o que tem de interessante em visitar um mero laboratório?”, o leitor deve estar perguntando. Calma! Vou explicar toda a curiosidade da história agora... Passaram-se alguns dias, e eu (junto com Marky e John) contamos... Bem, na verdade, nos vangloriamos de nossa “aventura”, contando a todos a nossa “peripécia ultra-super-descolada de visitantes de laboratórios durante as aulas repetitivas”. Dilis ficou curiosa e, naquele seu sotaque agradável e inconfundível, disse: “Aaahh, eu também quero ver o ratîînho!”. Então, um pouco antes da aula de Física, resolvemos visitar o laboratório mais uma vez (com Dilis e mais alguns amigos). Ao colocar a “cara” na janela, senti um negócio estranho vindo no meu rosto, que me fez recuar. Fiquei cego por alguns instantes, com os olhos ardendo, uma sensação realmente estranha. Quando me recuperei, vi que os meus outros amigos também estavam com a mão no rosto (pois haviam sofrido as conseqüências do mesmo “fenômeno” que vinha da janela). Sem entendermos nada, já recuperados, a única coisa que era possível concluir a respeito do fato era “uma armadilha armada pelos Biólogos na intenção de punir as pessoas que bisbilhotavam seu laboratório” ou “mais uma conspiração contra o curso de Design” (antes éramos “perseguidos” pelo curso de Engenharia, agora pelo curso de Biologia também).
            Para terminar o capítulo, quero dizer que... “Peraí, vai finalizar o capítulo sem esclarecer o que aconteceu no laboratório? Vai tomar no ...”. Caaalma, leitor! Como todo capítulo (segundo a opinião da maioria dos leitores) possuí sempre uma “gracinha” de minha parte, no presente capítulo não poderia faltar também. Dias mais tarde, outro amigo (o Ned) esclareceu todo mistério: sua namorada (que estava no curso de Biologia, se não me engano) disse que os laboratórios haviam sido interditados, por causa de um tremendo vazamento de gás.
            Ah, agora não estou querendo fazer “graça”: eu realmente estava para terminar o capítulo, mas lembrei de uma situação muito engraçada (que aconteceu algum tempo depois). Eu disse que apenas olhamos pela janela do laboratório, pois não teríamos a “cara de pau” de entrar. Será que não? Acredito que, pelo menos, um de nós teria a “cara de pau”, com certeza. Mudemos apenas a época e o lugar. Peço que vocês imaginem a cena: o pessoal do curso de Rádio e Tv filmando em seu estúdio, toda aquela tensão de sempre (“scripts” decorados, câmeras “milimetricamente” posicionadas) e, eis que alguém abre a porta, de repente (ignorando o aviso “Não entre, estamos filmando”). Em seguida, o “estúdio inteiro quase vem abaixo”, com “todo mundo” perdendo a concentração (atores e equipe) e o diretor gritando “Corta, peloamordedeus, corta!”. Olham para a porta, e adivinhem quem está lá: “Gente, por favor, eu preciso falar com a Anita!”, Marky diz, com aquela cara de “estou atrapalhando alguma coisa?”. Concluindo: Marky só não entrou no Laboratório de Biologia porque a porta estava fechada, caso contrário...

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