quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Capítulo 05 - Reconquistar!!! - Livro: "A Era do 'Make in Touch' - Os anos Unesp sem censura"


Livro: "A Era do ‘Make in Touch' – Os anos Unesp sem censura"


Capítulo 05 – Reconquistar!

  

            Felizmente, a nossa fuga da Vinoma não teve uma repercussão tão negativa quanto eu esperava (pelo menos, para nós, os “fugitivos”). Os “veteranos” até mostraram um certo senso de humor em relação ao acontecido (“Vai, ‘bixo’ fujão!”). Só não entendi como o caso ficou tão conhecido e popular na época, ou melhor, não sei quem “espalhou” para “toda a faculdade” que tínhamos fugido da república (eu não fui). Agora, aqui vai uma pequena especulação ou teoria: Chan e Nathan, poucos dias depois do incidente da Vinoma, foram à classe a qual eu pertencia, ou seja, a de “Programação Visual” (uma das duas “vertentes” do nosso curso, a outra era “Projeto de Produto”). Ambos estavam bastante chateados, pelo fato da maioria dos “bixos” não estarem comparecendo às festas (diferente do passado, quando “DI dominava”) e, encarecidamente, pediram para que participássemos mais. A repercussão para os “fugitivos” da Vinoma, como eu disse, não foi lá tão negativa. Mas, e para o restante da classe? Será que a maioria ficou assustada com o acontecimento e, assim, resolveu não participar mais das festas? Não sei... Mas, quanto a mim, “Nunca mais boto o pé em alguma festa de faculdade”, foi o que decidi: “Por que esquentar a cabeça? Pra que me sujeitar à situações tão constrangedoras? Eu não sou mais moleque (apesar da cara), estou com 28 anos, não preciso me estressar por causa dessas coisas desagradáveis!”.

            “Eu não sou mais moleque”, diga-se de passagem, era uma opinião que pertencia apenas à minha mente, pois ninguém sabia a minha verdadeira idade. E, sendo assim, eu era tratado como um moleque; na verdade, tratado como um igual, já que eu aparentava a idade dos demais colegas. Apenas Lydia era mais velha que eu e foi para ela que revelei, primeiro, a minha idade (o que foi determinante para estabelecermos um laço de amizade). Na referida época, eu já havia escrito boa parte de “Cicatrizar e Recomeçar”, o meu primeiro livro e, assim que comentei com Lydia a respeito dos meus referidos escritos, a mesma me pediu para que eu os enviasse por e-mail, para que ela pudesse conhecer as minhas histórias. Foi algo muito importante e significativo para mim, visto que Lydia (que se identificou totalmente com a história), a medida que lia os capítulos, aproveitava para tecer as suas considerações sobre os mesmos, além de revelar algumas de suas experiências de vida muito parecidas com as relatadas por mim. Os e-mails que trocamos, referentes ao “Cicatrizar e Recomeçar”, acabaram formando um outro livro, que chamo de “Memórias de Lydia”, o qual tenho boa parte guardado nos meus arquivos (incluindo aquele triste e derradeiro e-mail, o qual comentarei mais tarde).

            A segunda semana de aula foi legal para poder conhecer melhor os novos amigos, formar grupos de trabalho e trocar novas ideias. Mas confesso que, durante os intervalos, eu preferia ficar isolado, sozinho “comigo mesmo”, tentando relaxar a minha mente, a fim de me adaptar à minha nova vida universitária. Àquela altura já não estava triste nem nada, apenas queria “dar um tempo”. Somente quando me encontrava com John, durante o intervalo, ele me convencia a ficar junto do nosso grupo de trabalho. Assim, depois de alguns dias, comecei a ficar junto do grupo o tempo inteiro, estreitando, dessa forma, os laços de amizade. E, numa dessas ocasiões, quando estávamos lanchando na entrada da Unesp, acomodados numa espécie de plataforma com mastros de bandeira (lembro que fazíamos “vaquinha” para comprar refrigerante), resolvi comprovar se haveria (ou não) algum tipo de animosidade (que eu não concordava) com os nossos futuros “bixos”, perguntando:

            _ Ei caras, e se, no ano que vem, a gente amarrasse os “bixos” nestes mastros e “içássemos” eles, como se fossem bandeiras?

            _ Não, não pode, Billy! Isso é trote violento! – Sal disse, me deixando contente com a sua opinião.

        Mas nem tudo andava às “mil maravilhas”, com relação à uma outra parcela dos meus colegas de classe. Certa vez, estava voltando da cantina (acredito que foi no intervalo de uma aula, no sábado de manhã) e essa parcela de colegas, a qual me referi, estava aglomerada próximo ao bosque (localizado em frente à biblioteca). Acenei para eles, e eles retribuíram o aceno, “meio de má vontade”. Em seguida, escuto uma das meninas do grupo dizer algo do tipo “Que babaca esse Megaman”. Na hora do acontecido, não dei lá muita atenção (“ela deve ter dito isso por causa das minhas palhaçadas, no dia do desfile com as fantasias”), mas depois de um tempo, ao refletir a atitude da garota (“Pôxa, ela parecia tão legal!”), me lembrei de uma cena, lá por volta dos meses finais do meu cursinho no Objetivo: eu no pátio, rodeado pelo pessoal da minha classe (que era bem numerosa), tocando no violão a música “Proudy Mary” (do Creedence) e, depois da execução da mesma, sendo aplaudido e elogiado por todos. Me lembrei, também, muitos meses antes da referida apresentação, logo quando o cursinho começou, do pessoal me olhando com cara feia e me ignorando (“Quem é esse babaca?”). Me recordo, ainda, do período intermediário entre o começo do curso (eu, o cara babaca) e o final do curso (eu, o cara sincero, simpático e amigo de todos), onde houve aquele exaustivo trabalho, da minha parte, em conquistar um por um dos meus desafetos e, consequentemente, formar uma das turmas mais especiais que eu já tive em toda a minha vida. “Pois bem, tive sucesso no Objetivo, mas os tempos mudaram: agora, na Unesp, terei que recomeçar o trabalho de conquista dos desafetos a partir da estaca zero”: eu sabia que não seria uma tarefa fácil, mas também tinha certeza que não iria fracassar.

2 comentários:

  1. Acontece, Alê. Unaminidade é impossível, e quando a gente demonstra autenticidade, acaba amargando alguns desafetos. Mas é melhor que seja assim, é tudo mto natural, né... inclusive as animosidades! rs.

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  2. Pessoas, conseguir farejar sujeitos que sejam amigos autênticos e confiáveis é praticamente um jogo de encontros e desencontros, mas vale a descoberta de que na verdade somos muito parecidos, com a ressalva de que as vezes é preciso derrubar os muros da indiferença...não tem fim! Grande abraço Alê! =)

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